quinta-feira, dezembro 27, 2012
Correnteza
segunda-feira, dezembro 24, 2012
As festas
terça-feira, dezembro 18, 2012
Sumo
domingo, dezembro 16, 2012
Che
quinta-feira, novembro 01, 2012
Corrente. Fluxo. Água. Mar. Graça. Horizonte. Equilíbrio. A vista mais bonita da cidade.
sábado, outubro 27, 2012
Quase nada
sexta-feira, setembro 14, 2012
da chatice
Caro colega, avulso leitor, amantíssimo colecionador diário de sei lás, estou preguiçosíssima hoje. Não vou levantar da cadeira, não vou olhar pro lado, não vou fumar cigarro (não agora, só daqui a pouquinho), não vou inventar foto. Só superlativos.
A professora ensinou um monte de coisa quando dava na minha cabeça com aquele português. E eu entendi que sou superlativa e insubordinada por que as coordenadas são muito mais simples de entender. Restritiva ou explicativa, depende com quem eu falo.
Mas a Cláudia Sabadini, que tem menos preguiça que eu, disse que é sempre insubordinada e pronto. Daí a minha avó me apontou a medusa nos cabelos quando eu levantei, e eu lavei. Porque lavar existe porque existe água.
E eu estou enrolando pra dizer que detesto quando cismam de inventar desculpa pra qualquer coisa, embora este pretenso texto seja apenas uma desculpa pra dizer um tanto mais do que já digo.
Caro colega colecionador de sei lás, você não está mal porque a vida está corrida agora, nem porque o flamengo vai mal, nem porque hoje o dia está frio, nem porque ontem esteve quente, nem porque talvez amanhã melhore. A gente sempre vai ter algum tipo de problema qualquer que seja; e, se não há, é só porque você não viu.
Mas o não ver é escolha e pronto. Então chega de desculpa. Subordine-se, insubordine-se, invente, volte, vá, fique, tenha preguiça, beba, sei lá. Colecione também sins e nãos. Depois você vê no que deu, mas com desculpa, por favor, não me atente.
terça-feira, setembro 11, 2012
do ciúme
quarta-feira, agosto 08, 2012
Que ternura brota e floresce
domingo, julho 29, 2012
conversa de pele batida
sexta-feira, julho 27, 2012
A roda da fortuna e o rei de paus
quarta-feira, julho 25, 2012
porque também, além de tudo, a cabeça-dura é quase que genética
terça-feira, julho 17, 2012
Tubo de ensaio
terça-feira, julho 03, 2012
Bússola
terça-feira, junho 19, 2012
Comecinho de amor
segunda-feira, junho 11, 2012
fábula do sabãozinho apaixonado
Quando o sabãozinho apaixonado se deu conta de seu estado, esperou a coisa dissolver. Depois de decidido, foi à sabãozinha ainda meio perdido, mas com o amor crescido não se segurou. Ele acreditava em amor sendo estado físico. Disse, então, de sopetão:
- Eu te omo.
E quando disse, ela nada entendeu. Mas é que o sabãozinho queria mesmo tornar-se sabão em pó, e que a sabãozinha também o fosse. Nesse estado, os dois podiam dissolver na mesma água, misturar-se de verdade, fazer espuma. Em pó eles lavariam muita roupa suja juntos e o sabãozinho torcia para que limpassem principalmente lençóis de casais. Queria ele lavar o amor físico dos homens e concluir assim a função de uma paixão que não tem fim. A sabãozinha, já meio gasta, ao entender o fino propósito de tudo, sorriu em barra. Torciam juntos a roupa dos outros e tiravam as manchas do mundo enquanto faziam a mesma prece.
sexta-feira, junho 08, 2012
Tango?
Aprendi que a alma é grande grande como eu sou pequena. E também que a estatura não vale a curvatura de nada. Mas se ele voltar, que coisa linda!
E o outro, quem é? Se nenhum é número, qual vem em primeiro, não sei. Só queria um volume mais baixo, às vezes, mas outras uma série grande de explosões.
Não vou acordar ninguém de noite, que eu mesma nem sei abrir os braços.
Olhe bem, não sei esse negócio de quadrilha, mas a gente pode brincar ainda de roda.
quinta-feira, maio 31, 2012
floresta
Eu que não abrevio beijo, que não gosto de nada pela metade, tomo café forte, sou ligada na tomada, falo alto pra cacete, xingo e, de vez em quando, sambo, não sei como é o caminho. Ouvi umas coisas que não queria, e outras que cabiam como uma chuva. Mas se eu disser que era isso mesmo que eu esperava, sendo negativa...
E entrando aquele samba e a cerveja e os quadris. Como é que ele diz? Mas se os quadris não mandam nada, onde fico? Eu tenho uma nuca forte, uns calos grossos, um sangue que ferve. A pele é lisa, o sorriso é largo. Desato se não me quer carne, você. Embora até ontem eu mesma não quisesse nem um naco. Não abrevio nada de nada. Mas o sangue, esse não ferveu.
Olhe, o medo é maior de alma. Venha com tato, por favor, entre rasgando. Assim sendo, não despedaço logo e ganho doses extras de anticorpo. Esse caminho, assim, de pedras, eu não sei equilibrar.
terça-feira, maio 29, 2012
jardim
domingo, maio 27, 2012
venha sim
quinta-feira, maio 24, 2012
Era uma vez
segunda-feira, maio 21, 2012
dos signos
sábado, maio 12, 2012
Quando a gente era feliz com nada
sexta-feira, maio 11, 2012
Para um querido amigo
quarta-feira, maio 02, 2012
antes do carnaval
domingo, abril 29, 2012
quando ama a passarinha
Deixou semiaberta a cartola,
Fez firula lá, mesura cá,
inclinou mão,
puxou moço
Coelho, não.
Porém, ele com pêlos eriçados,
Ficava gosto de fofura.
Cuidou ela então da curvatura
Própria das mãos próprias
Focou as juras no tato
E a língua no palato
Do outro.
E como se não faltasse nada
Ficou ereta, discreta, direta.
Jogou fora a cartola.
Guardou na garganta o dentro e o fora.
Depois, de bicicleta,
seguiu linha reta,
que embora bom, era hora.
sábado, abril 28, 2012
a moça de esquerda
quarta-feira, abril 25, 2012
excesso
segunda-feira, abril 16, 2012
geometria
Você assim obtuso prum lado, eu assim aguda pro outro. Suplementar, complementar, sei lá, oposto. Seu ângulo não se mistura com o meu. Eu mais pra reto, você mais pra raso. Um monte de volta. 360 motivos pra girar pra longe. Ou um só.
Geometricamente as suas costas e a curva da minha cintura fazem figuras bonitas no encontro. Fisicamente a gente é só calor.
Eu aguda prum lado, você obtuso pro outro, e lado a lado a gente não se vê. Ponho seus óculos e fico tonta. 180 motivos de não.
Pra que princípio, crença, kriptonita?
Se fosse só corpo, se fosse só ângulo e a gente retas paralelas se encontrando no infinito. Se fosse infinito. Se fosse frente a frente e pronto, boca e pronto, mão e pronto. Mundo é pouco se fosse tudo noite. Se a gente fosse tarde. Se não fosse tarde pra esquecer que eu não consigo não pensar no que eu não sabia de você e sei agora.
Então você obtuso prum lado, eu aguda pro outro.
segunda-feira, abril 09, 2012
Mercado
Tenho medo do aumento de preços cardíacos. Uma veia está pela hora da morte. As artérias, pulsando espalhadas, andam cobrando frete. A Aorta funciona como central de tudo e cobra caríssimo pela pulsação sentimental.
Então quanto mais perto, o cliente-credor-objeto, mais caro o transporte de sangue. Mas longe, meu deus, que preço fica?
Ausência estabelecida na bolsa de valores. Agora sobe a cotação do amor, mas a persistência da influência da ausência gera uma incerteza nos lucros. Se ela permanece muito, danou-se. Todos sabem, o negócio é de risco.
sexta-feira, abril 06, 2012
down with love
Não quero seu perfume forte, nem mão no pescoço, nem costume. Não quero as mesmas coisas que queria antes. Entenda, it’s time for cleaning myself. Don’t know anything about feelings. Don’t want to know. Does not matters what are your staff.
É. Eu sou mesmo o centro do mundo. Sim. Eu não faço questão de ser clara. Não pre-ci-so. E não importa quanta história tenha havido antes, ou a cor dos seus olhos ser uma das mais bonitas do mundo. Não faz diferença a espera que foi minha tanto tempo, ou eu ter um dia pensado num mundo inteiro contigo ao lado.
Eu só não sou a mesma coisa e não sei o que você espera. O corpo. Entenda. O corpo. Nuances, derme, mão, pêlo, língua, dente e curvas falam mais do que eu ou você precisamos dizer. E eu só funciono quando eu quero, sem concessões de qualquer tipo. Não faço favor pra ninguém usando as pernas.
E não importa quem é você, não vai haver exceção. Então, não ame nada em mim agora. Aguarde. Quem sabe o tempo não me leve um dia até você como te trouxe tão depois pra mim do prazo de validade?
domingo, abril 01, 2012
horizonte
Não fique posto, não morra, nem nada. Vá, mas volte. Principalmente vá. Pensei em seguirmos aquele acordo visto nos livros. Um encontro, depois três semanas, depois outro encontro, depois três semanas, depois outro encontro.
Não quero hoje nada que não vá. A permanência que seja tácita. Paixão, não, obrigada, mas o corpo tem coisas capazes de nem a gente imaginar além.
Volte porque sua companhia é agradável, pelo cheiro da pele, pelo baixo custo coincidente com alto benefício. Pela graça das coisas, volte. Pela cotação do mercado de ações, pelo tato, pelo paladar, pra contar como é o mundo a quem não vê, tocar piano, fazer conta, fazer janta, criar calo, machucar.
Não fique porque o mundo é grande e não cabe nem nessa janela sobre o mar. Volte porque o mundo é pequeno e cabe no espaço de deitar.
sexta-feira, março 30, 2012
ato de contrição
Vai, culpa, pro raio que te parta átomo de nada.
quarta-feira, março 28, 2012
mãos no fogo
Sem paranóia, bróder.
Como se cruzam os pés, no fim das contas, é o que conta. Preciso te comer até o fim do dia, mas você não sabe que amanhã pode ser tarde para o nosso encontro de mãos. Existe, bem perto, uma praia. Ali o horizonte fica imenso e a sua pele, vermelha. Eu quase não douro. Amoreno-me ainda mais, preta que sou, escureço. Esquentamo-nos neste verão distante, eu numa ponta, você noutra – e nada de mistura.
Eu sei, eu sei, estivemos combinados de que nada e pronto. Entretanto, o tempo vai prescrever nossa conjunção e a curiosidade vai durar pra sempre.
“E se?”
Você agüenta?
domingo, março 25, 2012
oito de copas
quarta-feira, março 21, 2012
21 de março
Consequência tem quatro sílabas de gramática e três sílabas métricas. É paroxítona, tem acento e perdeu recentemente a trema. De um jeito ou de outro, a gente treme com determinadas consequências que aparecem. E elas sempre aparecem, não importa o tamanho das coisas, mas elas têm causa, coisa e conseqüência. Passado, presente e futuro. E consequência é coisa certa, certíssima. Batata, diria Nelson Rodrigues.
Ninguém sabe se aguenta esse tanto de consequência de qualquer mini ato efetuado com cabeça pensante ou por impulso. Mas uma vez me disseram que eu tinha que aguentar, porque elas, todinhas, eram problema exclusivamente meu – e de mais ninguém. Me disseram que era obrigação e fatalidade existir essa coisa de quatro ou três sílabas, paroxítona e acentuada. E, mais, eu ia ter que saber lidar e pronto, com cada microcoisa cósmica.
Estive avisada que ser gente grande doía e nem acreditei o tanto que seria grande essa dor. Também estive avisada de que verdade é o melhor dos caminhos e que, escolhendo este, as consequências acabariam atenuadas. E a ser fria ou quente, morna nunca, jamais. E também a ler sempre e me renovar. Observar o ambiente, caramba, prestar atenção nas coisas porque tem um mundo inteiro em volta que não gira em torno de mim e que deve ser minimamente compreendido. E que a sociedade não vai mudar só por que eu quero, que eu preciso entender como ela funciona até para não querer me adaptar. E tantos es que não cabem mais nesse texto.
Mas a conseqüência e tudo citado acima, aprendi com aquele moço grande em cuja barriga eu pulava de manhã cedinho por querer ver o sol nascer da janela inalcançável. E dessa barriga, já pulei pra tantas janelas diferentes com cada coisinha apreendida em tanto tempo. Mesmo turrona como o dono da barriga, mesmo tendo puxado dele o gênio, as manias, as maçãs do rosto e os defeitos quase todos (e inclusive o dedo mindinho), eu consigo aprender com ele todos os dias.
E é por isso que não bastava dizer só feliz aniversário. Nenhum textinho vai ter espaço pra tanto amor.
Então, pai, obrigada pela barriga, pela conseqüência, pela ortografia, os novos baianos, a carta roubada, o Freud, o Nietzsche e as mensalidades (etc, etc, etc que não acaba mais). Amor a gente não agradece, sente. Te amo.
sábado, março 17, 2012
Crônica do Dia da Mulher
Dona Candinha ainda diz que as moças não devem nunca dizer aos rapazes que elas tem algum interesse, pois iniciativa é coisa masculina ou de moça refestelada. Que é muito feio a moça ser fácil.
Com dona Candinha na cabeça nesta crônica de dia da Mulher, resolvi conversar com alguns amigos do sexo masculino buscando saber qual conceito eles tem de vagabunda. Moço x, no alto de seus 20 anos, acredita que vagabunda é a moça que se envolve com vários rapazes do mesmo grupo. Moço x acredita que as moças possam ficar com quem quiserem, desde que isso não seja público e também que não dá pra namorar uma moça que fica com vários rapazes. Questionei Moço x do porquê. Moço x disse que uma moça vagabunda não quer namoro.
Veio em minha cabeça uma pulga que dividi com meu interlocutor. Então uma moça vagabunda está incapacitada para o amor? Moço x não soube responder. Disse nunca ter pensado no assunto.
Mas, então, o Zé me disse que não acredita em vagabunda. Acredita que a mulher deva ter liberdade de estar com quem quiser é que é muito hipócrita aquela velha coisa de um homem ser garanhão e a moça uma refestelada. Respirei um pouco mais aliviada. Me senti de volta ao século vinte e um.
Pra mim, uma moça dizer que quer determinado sujeito significa apenas que ela quer esse determinado sujeito, não todos os outros. Além disso, se ela quer todos os outros, o problema é apenas dela. Mais ainda. Se ela foi fácil para um, não precisa ser para todos. Pois se o corpo é da moça, é ela quem decide o que faz dele. E aí, meus filhos, não tem discussão. O não continua sendo não mesmo quando foi dito pela Geni para o homem do Zepelim.
Também ouvi mais um rapaz. Um amigo meu que disse “Já me deparei em situações que eu pensei "nóóssa, que vagaba". Mas, assim, luto pra caramba contra isso. Sério. É só lembrar que as mesmas coisas que eu quero, elas também querem. A diferença é vetorial, só. E, pô, se a promiscuidade não deteriora meu caráter, por que vai fazer isso com alguma mulher?”
Lembrei-me então da dona Neusa que fazia questão de frisar ter sido sempre muito séria em seus namoros. E ela sempre disse o muito séria no sentido de estar com seus namorados pelos namorados e não por outro motivo qualquer. Pra dona Neusa, com seus 73 anos, o importante é a honestidade das pessoas.
Mandei mentalmente a dona Candinha pastar. Pra mim, o importante é a gente ser honesta com a gente mesma, com o mundo e se auto-respeitar. Não ultrapassarmos nossos próprios limites de um jeito que seja humilhante.
E se fosse possível cair agora na minha frente uma estrela cadente atendedora de pedidos, eu quereria pedir a ela que nenhuma de nós se anule, nunca mais, por nada.
terça-feira, março 13, 2012
o prato
Eu não era só sentimento, enfim. Eu fora gente perto de você. Eu tinha pele. Não sei que força tem esse esquecimento. Seis meses apagando sexo. Acabou. Lembrei que o amor não veio romântico como havia sido posto. Você era um corpo inteiro no meu pulsante e admirado com a perfeição das medidas.
Não deve haver outro assim complementar. Eu só lembrava do choro e do peito latente e da ternura e dos abraços. Acordei nua e só com sua foto colada na parede.
O prato caiu e eu me espatifei em lembranças muito físicas. Então fiquei densa, dura, contida. Não há volta, por enquanto.
Melhor varrer bem o chão.
segunda-feira, fevereiro 27, 2012
Ode à doçura
O romantismo. Eu queria uma ode ao romantismo nesses tempos corridos em que um bom dia é quase sempre seguido por um porque e um tudo bem nunca é respondido. Eu queria, nesta terça, que o mundo todo parasse quietinho pra que a gente pudesse simplesmente sentir rajadinhas de vento quente de verão.
Você que ouve essa crônica deve entender que estamos aqui, entre notícias, bombas, greves de fome, bolsa de valores e horários de avião pra que você possa respirar. Não vou, então, ser agressiva, incisiva, precisa nem nada.
Quero crônica com gosto de bolo de chocolate. Um conto de fadas que venha no carnaval. Deixa o turbilhão pra mais tarde!
Hoje ainda há tempo de brincar de roda sem pensar que não há a menor finalidade em cirandar.
O primeiro amor passou, o segundo amor passou, o terceiro amor passou. Passou também o ônibus lotado sem parar e com uma passagem cara pra dedéu. Você deve ter chacoalhado muito, balançado o esqueleto e se for baixinho como eu, deve ter feito alongamento nas barras do alto. E é claro que isso diariamente é absolutamente desagradável. E é claro que há contas a serem pagas e o dinheiro quase acabando embora o mês não seja ainda nem metade.
Mas no mundo ainda há som de pandeiro. Na tarde ainda há fruta madura e, na noite, lua. E se a lua sorri em quarto crescente e minguante mês a mês, a gente também pode.
Você talvez tenha medo de palhaço, mas isso não impede que seja contada uma piada. Quando foi a última vez que você andou de bicicleta? E o último beijo de língua? O último ombro amigo? O último abraço? O último suspiro doce com casquinha levinha de limão?
Eu acredito que não pode ser triste um mundo em que há cheiro de pipoca e milho verde. Depois de tudo que tem na semana, há sexta à noite e domingo de tarde.
Eu não sou otimista, ao contrário, descrente e desconfiada de tudo quanto é gente nova que se aproxima. Mas e se a gente parasse e comesse uma carambola?
Se for verdade que o universo todo cabe na garganta? Se o seu chefe comprar trinta picolés?
E se houver vitamina de abacate? Língua estrangeira? Pernas bonitas? Olhinhhos brilhantes? Cachorro dizendo eu te amo?
Olha. Passou muita coisa já e o ano mal começa. Eu, você, sua tia e esse senhor aí perto que não para de olhar a hora estamos muito estressados. Temos um medo tácito do mundo.
Mas, lembre: quando chover de novo, vai ter cheiro de terra molhada e a qualquer momento você pode comer um pedaço de pizza. Então, que seja leve o resto da semana! Que seja doce, a vida!
sábado, fevereiro 25, 2012
unha e depois
Meu deus! Que coisa é seu corpo nessa madrugada? Que coisa foi seu corpo na manhã?
E como fica, depois de tudo, a boca? A boca iniciou as coisas anos antes até dos dentes. Meu deus a boca premeditou todo e qualquer carnaval.
Então, você, não quero.
Mas me devolva a boca ainda essa semana que ela hoje aprendeu como se faz quando a garganta precisa ao certo dilatar. Você, sem saber, me ensinou. Não volte. Embarque neste mar de coisas matemáticas e me deixe agora com a boca grande e o corpo certo. Arranhe. Arranhe. Vá.
segunda-feira, fevereiro 20, 2012
das carnes prontas
Ausência completa de gravidade.
Leveza.
Guarde você o tanto que bebe. E não dividamos nada. Nada. Principalmente não telefone. O depois não existe no carnaval. Pensamento, se existe, está errado.
Veja se no sangue circula samba.
E resplandeça.
segunda-feira, fevereiro 06, 2012
Lady is a tramp
Pensou que eu pegaria em armas e apanharia e bateria e rodaria a baiana sambando e de salto. Pensou que eu fosse cuspir na cara do guarda e não quis nunca que eu te tirasse do olho do furacão. Nem eu pensei em tirar ninguém do olho de nada.
Mas você não pensou que talvez eu quisesse volta e meia ser Julieta. Que eu quisesse ser protagonista de outra história. Por que o herói é você, Robin Hood, mas eu não sou Mary Ann...
Eu não tenho sangue de briga nem doçura de princesa. Não estou dentro dos seus moldes, nem dos outros moldes.
Você não entendeu o que eu mesma não entendi. Das mocinhas, eu tenho aquela inocência besta de achar que as coisas podem durar e que eu preciso de fazer alguma coisa para que os laços se mantenham. Ao mesmo tempo, eu sou besta a ponto de acreditar em mágica.
Eu podia parar por aqui essa coisa estranha. Mas eu queria que você soubesse que eu sou a atriz principal. A Salomé. A Lady Macbeth. Os meus tapas são sutis, ou são verbais.
Comigo, o lance é veneno.
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
BOOM
Eu quero de novo a lua vista com as minhas mãos nas suas mãos e uma pausa. Eu quero as folhas de janeiro sendo cheiro de janeiro e a gente com cerveja meio batido, meio choco, meio quente se embebedando mesmo da gente.
E se não for você, não importa mais. Eu quero de novo a doença de pele que se pega quando se gosta tanto a ponto de explodir.
Eu quero de novo uma coisa tão grande, tão forte, tão verdadeira que eu mesma não tinha coragem de acreditar que acontecera. Eu quero de novo passar anos duvidando da memória do momento mais bonito da história.
Os roxos no braço. A necessidade. O grito mudo dia a dia todos os dias de mãos dadas e os olhares cúmplices de quem tem culpa por ter absurda, absoluta, inegável paixão.
terça-feira, janeiro 24, 2012
Um banquinho, um violão
Que o toque venha natural e depois fique vulcânico. E a gente se irrite um com o outro, discuta, brigue. Antes. Você se atente para o meu ontem, eu me atente para o seu amanhã.
Então, que eu não te sugue a alma por inteiro em três dias, nem chore. Que você não declare posse de nada, nem do meu corpo. E que nossos corpos se entendam num ritmo outro, menos punk e mais bossa.
Sobre, então: amor, sorriso e flor.
sábado, janeiro 21, 2012
esfinge
Qual o tamanho do medo que você tem das minhas pernas? A velocidade das coisas aparentes talvez não seja sincronizada cabeça a cabeça. Olha, não é nada. Só um sorriso ou outro, umas conversas, sincronia.
Eu não sou exatamente perigosa. Ao contrário, volátil. Uma dessas coisas pequenas de se por no bolso. Só que arde. Queima. Um amontoado ambulante de hormônios e a cabeça cheia de histórias.
Você não sabe a briga que foi pra que eu tivesse hoje essa forma, essa cara e esse furacão. Mas é bem simples, ferro e fogo, pronto.
Não tome cuidado. Abrace e pronto.
terça-feira, janeiro 17, 2012
desconselho
Você que é moça sabe de dentro se foi fim ou não. Você sabe o tanto de cartas na manga e o quanto agüenta com as sobras. E se já foi, se partiu, se morreu, não coma. Não arrisque a intoxicação do que o tempo deixa borrachudo.
Não pense em possibilidades, não deixe pra mais tarde.
Não se morra por ninguém.
terça-feira, janeiro 10, 2012
A vida é (em dois mil e) doce.
E eu só quero dizer de verdade.
Eu só quero dizer a verdade.
A vida as vezes é muito azeda a começar pela boca e pelos verbos que não sucedem crases - e se fosse tudo crase eu acharia mais bonito. Você não sabe o quanto eu gosto de sinais gráficos e notas musicais, só sabe dos superlativos. Pois este ano eu quero ser diminutiva e mais lenta, mas ele não sabe. Ele não sabe que eu pretendo sorrir e tenho sorrido e me estressado menos.
Ele ainda sabe aquelas coisas do ano passado e sabe que mãe é bom e sabe o que passou e também como me fazer chorar. E eu não vou dizer nada que não seja puríssimo, límpido e verdade, mesmo que me digam que só é possível verdade em pensamento.
Eu não acredito.
Há direito ao primitivo.
Eu quero o bruto da vida. O chifre do elefante e as coisas mais bregas que forem feitas no mundo.
A verdade, essa moeda gasta e quase sem valor. Bruta.
sábado, janeiro 07, 2012
o que os maias fazem comigo
Se for mesmo pra ter só até dezembro, eu quero ir com você ao Maranhão e ao Acre. E dançar forró em Itaúnas e voar de asa delta e andar de balão com você. E te levar num karaokê. E cantar a noite inteira com a cara cheia de cachaça que é pra acreditar que meu timbre é aceitável. E eu quero gastar o dinheiro todo que eu vou ter pra a gente comprar um piano pra você que aí você me ensina a tocar e você toca.
Um filho, também, eu quero fazer. E ter a nossa casa. O nosso cachorro. As nossas estantes de livros e partituras. A gente arruma um empréstimo e deixa rolar.
O mundo não vai acabar?
E, também, antes de tudo, se for mesmo o mundo acabar, eu quero ter coragem pra dizer que eu ainda te amo.
segunda-feira, janeiro 02, 2012
red nose
Eu disse assim que queria um nariz assim num filho meu. Reto. Bonito. Ele pra mim mostrou um monte de loucuras, uns devaneios, uns xingamentos. A cara feia, o adeus, as tatuagens.
Defeito mesmo, qual? As coisas estúpidas eu ria, as brigas eu cria, os risos eu tinha.
Então era conforto todo dia a existência. A língua presa. O jeito de falar que as coisas são bonitas. O nariz.
E do nariz, meu tombo.
Travei.
I don’t believe in that love anymore.