terça-feira, junho 25, 2013

Açaí

Me esconda no céu da sua boca e chupe qualquer líquido que haja.
Esfarele tudo o que seja osso, que seja denso, duro, constante.
Reinvente a moça cuspida com saliva em lugar de costela e a desconheça pra nunca mais ver.
O que sobrar, você nega, encosta num canto, esfola e chuta pra rolar no morro e te tirar de dentro forever.

quarta-feira, junho 19, 2013

Mais vinagre, mais amor, juntinho, moço.

Olha, moço. Estou desesperada com essa arruaça que virou meu facebook, meu instagram, a rua da minha casa. Não me acostumei ainda com tanta revolta não sendo só minha, com esse cheiro agudo de vômito coletivo.
Olha, moço, a gente quer que o mundo seja mais bonito, mais florido, todo mundo mais educado, a gente quer conseguir ir ali sem passar raiva, a gente quer poder ficar calmo. Não quer?
Moço, me desculpe, mas eu nem posso dizer que meu cansaço do entorno é maior do que o seu, então vamos juntos dar mais uma vomitada pra ver se o cheiro cresce, a Pec desce, a cura o gay, o resto todo.
Ai, moço. Todo dia alguém me violenta quando cai meu telefone, quando de noite dá medo de atravessar a rua, quando tenho que trabalhar por pouco dinheiro. Ai, moço, tá bom não, moço. Sei lá porque você também acha tudo. Sei lá de onde veio esse grande dedo na goela da galera toda. Mocinho querido, nem te conheço, mas tenho medo de amanhã a gente não lembrar que hoje a gente faz tanta questão de mudança geral.

segunda-feira, junho 17, 2013

churrasquinho

Das coisas que eu não entendo, seus olhos ocuparam presentemente o centro do arquivo. Divido-me em cinquenta e nada de fazerem sentido. Queria que fosse você mais vesgo pra eu saber que não é pra mim que olha, ou saber menos. Entretanto, há brilho. De brilho, meu bem, só sei que derreto.
Já sou de fogo, posso muito pouco com faísca. Quando esvazia parece que caio num fosso, num poço, num breu. Por favor, me olhe desse jeito mesmo, de brilho, de besta, igual ao cachorro que queria que eu jogasse carne pra ele na calçada e comia com afinco a gordura do resto de picanha fria.

A gente podia ser bicho e o resto além da carne podia ser nada. A gente podia só se comer. 

sexta-feira, junho 14, 2013

A culpa é do Marlon Brando

Um nome que eu sempre gostei foi Victor, com c mesmo. E Daniel, Danilo, Marco Antônio, Thalles. Thalles tem que ter a frescura toda, que parece que Tales não tem a mesma graça. Nenhum desses nomes gostaria que fosse de filho meu.
 Filho meu é Francisco. Os outros nomes de homem são nomes que eu só gosto de saber que existem. A verdade é que eu não gosto de falar os nomes das pessoas que eu gosto, a não ser que fosse cria. Chamo de outra coisa. A Natasha eu chamo de Marcelinha, a Marceliha eu chamo de Natasha, a outra Marcela eu chamo de irmã.
Só o Heitor eu chamo de Heitor, mas é só porque ele anda meio chato. Se ele estivesse apenas fofo, sem chatice nem chantagem, se chamaria meu lindo, não Heitor. Que nem Davi, que só é Davi quando é pra se referir a ele. Quando ele é ele, é essa coisa linda, meu amor, meu doce, lindeza, pequeno ou qualquer outra coisa que não o nome.
Explico: peguei medo de nomes depois de ver O último tango em Paris.
E me perdoe se não vê motivo. Digo apenas que Marlon Brando e manteiga são motivos enormes pra filme. Depois a gente conversa.