quarta-feira, agosto 29, 2007

poema de mim-carne-alma

Eu odeio cortar a mina carne
por que é minha
e por que é carne.
e esse não é um daqueles ódios que são amor.
eu não gosto de cortar carne minha por que dói.
simples assim.
dessa dor de corte eu não gosto.
amor corta?
se amor corta eu gosto.
não. Eu não tenho que gostar, nem que cortar.
hora de dormir.

sábado, agosto 18, 2007

Daniela

Daniela tinha curvas arredondadas e uma voz fina com traços de pato. Era bonita, mas sua beleza não influencia em nada nesta história.
O fato é que naquele dia ela tinha perfeita conciência que se tratava de uma personagem minha. E me torcia a cara por não gostar de saber que era eu quem ditava os rumos daquela história. Não falava nada pra mim e evitava sentir pra que eu não escrevesse. Daniela tinha raiva de ser personagem e mais raiva de não estar no cinema. Pra ela, o que valia era a imagem e não o resto. A minha poesia não valia, era banal e sem fogo.
Mas a minha personagem queria mais que ser minha e seu espírito rebelde e indecente me dá vontade de escrever. Coloquei-a então, sentada num carrossel, vivendo uma história bonita de amor ao som de uma música de trilha sonora de comédia romântica. A vi sorrir e até esqueci que ela só existe por que eu quero. E resolvi que ela deveria saber que se chama Daniela por ser um nome forte e que incomoda.
Ela é morena de olhos mui pretos. E ela gosta de me irritar por esperar mais de mim. me bota num jogo doido pra ser mais que mais uma das mulheres que eu escrevi.
O problema é que as curvas de Daniela não se completam com meus joelhos e ela não tem as minhas cicatrizes. Daniela é um pedaço de uma ferida velha e uma personagem sem narrativa, por castigo meu a seu gênio indomável.