terça-feira, maio 29, 2012

jardim


Mas a gente é tão besta que só gosta do que não pode, e só porque incomoda. Porque se fosse simples e estivesse esfregado, sambado, na cara, varalzento e reluzente, nem nada. Nem um fandangos de atenção, nem sorrisinho.
Como perceber o óbvio? - pergunta-se a moça prosa na noite clara em que os rapazes cercam seus muros tentando escalá-los por alguma fresta.
E a gente passa cimento, passa rejunte, bota tijolo. Depois deixa a chave da porta com um ou outro que não sabe nem onde fica a fechadura.
A roupa não seca dentro, nem o peito. E se ninguém escala, nem quebra, nem faz janela, nem joga bilhete, nem se arrisca, a gente fica unidirecional, sem mistério.  

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu venho aqui todos os dias como quem acompanha uma novela... eu me compadeço pela angustia da mocinha e tenho raiva do insensível do "validade vencida". Otário, isso é o que ele é.
Me regozijo em acreditar que a mocinha, no final, vai sair por cima e ser muito feliz.

Marcelo Grillo disse...

Gostei muito desse. Lembra do que eu disse na mesa junto com Xico Sá - você tava lá, né? - de que uma boa escrita não deve conter ambivalências, ambiguidades, subterfúgios ect.? Você tem um mistério que lhe parece natural e que só enriquece sua escrita.
Tô com vontade de publicar o "Era uma vez" na próxima Cult.

Anônimo disse...

Eu venho aqui todos os dias como quem acompanha uma novela... eu me compadeço pela angustia da mocinha e tenho raiva do insensível do "validade vencida". Otário, isso é o que ele é.
Me regozijo em acreditar que a mocinha, no final, vai sair por cima e ser muito feliz.

Aline Dias disse...

Eu tava lá sim, Marcelo. =D

E obrigada, anônimo.

Anônimo disse...

Ambivalência: É comum utilizar a palavra "ambivalente", para descrever a falta de sentimentos para questões ou circunstâncias.  Wikipédia.
Afirmar que os textos da Aline, para ser "uma boa escrita não deve conter ambivalências..." Não concordo.
Ambigüidade: A função da ambigüidade é sugerir significados diversos para uma mesma mensagem. 
Opinião de um desletrado e intrometido, leigo mesmo, o que enriquece as escritas da Aline são justamente as ambivalência e as ambigüidades, quem quer raciocínio lógico, claro e coerente, melhor ler o editorial d'O Globo.