terça-feira, novembro 28, 2006

Nessa brincadeira de se chapar com cultura eu me perco de mim
ou me encontro
eu ainda náo descobri de onde vem todas as vozes e tudo que me faz ficar ofegante
A pontuação eu perdi








Era pro concretismo sair natural e saiu



eu não sei o motivo dos espaços em branco e eu detesto teclados desconfigurados
é por isso que eu escrevo à mão
estou suja de tinta





alguma coisa em mim diz que eu um dia fui mais que terra

acho que talvez a combinação de elementos exploda agora

eu acho que sou um átomo ambulante.

detesto internet


é mentira


acho que gosto de não querer e não fazer
o meu automatismo vai além do jazz
eu sou samba, amor.
sou pandeiro e rebolado






eu sei que estar só não basta e eu vou além das montanhas com cinco patinhos e areia no biquini.

acho que o sol me ofuscou as vistas.
tive que fechar os olhos o máxinmo possível

e eu não via nada por excesso de luz




muito pra mim é pouco

quero abrir os olhos
e de repente faço-me porra louca e saio gritante com bolsas e fitas vermelas pelo salão de uma festa que não acaba

eu disse não à pontuação
odeio tremas

adoro compassos
num passo












passe muito bem


e leia mais que eu

quarta-feira, novembro 22, 2006

Mariana

Eu hoje estou com vontade de falar da Mariana. A Mariana anda com vontade de se esconder. Está feliz. Brinca de flertar.
Acontece que ela tem medo do fogo.
E nessa narrativa meio poema.
A qualquer momento ela vai queimar.
A Mariana respira e conta até dez, mas a imagem daquele moço de quem ela não gosta ficou grudada. A Mariana anda tendo muito medo de escuro.
E atira no escuro.
A Mariana tem saudades e raiva.
E se desespera, quando encontra a fera. Vê-se na boca do leão.
Aí ela foge.
Sai correndo feito louca.
Mariana morre de medo.
Mas quer perigo.
Mariana brinca.
E joga nada limpo.
Ela gosta de sorriso e flerte.
E se segura, só por costume.
E se segura mordendo a boca.
A Mariana é bem Lolita, mas atemporal.

domingo, novembro 12, 2006

Projeto de Cultura

O todo sem a parte não é todo. Não tem como ser. A sociedade toda funciona em ramos que se interligam e são inseparáveis, feito pintura barroca. Tudo se relaciona e se interliga. A sociedade toda é composta por partes que se fundem. Cada parte é um todo abrangente e a gente esquece que cada parte toda faz parte de um todo.
Um ser humano sofre influências de todo ramo ao mesmo tempo. É um paradoxo ambulante. A arte, a religião, a economia, a política e a matemática básica se chocam inconsciente e conscientemente em diversas cabeças que por vezes nem sabem da grandeza do que acontece. Tentar separar política e arte é um erro e um equívoco. Elas estão ligadas. Isso vai além do engajamento da música de Chico Buarque ou do teatro de Brecht. Arte e política são apenas formas de enxergar o mundo. É tudo cultura. A política deve, além de abusar da arte pra se tornar palatável, incentivar toda arte. E a arte deve beber também política para não ficar vazia.
A cultura faz parte do dia-a-dia: filmes, falas, festas, feijão com arroz, fetiches e faixas de recado, propaganda, alarme e afins. É preciso que se procure cultura e que se divulgue cultura. É preciso que haja comunicação em termos culturais. Um curso de comunicação social que faz parte do Centro de Artes precisa gritar a cultura. A comunicação é esse direito ao grito.
A comunicação molda a cultura e a divulga. Grita o que é bom e o que é ruim e expõe ambos em nome da tal imparcialidade, ou da publicidade. Por que não também na UFES? É quase lógica a necessidade, a vontade e o dever que o curso tem de divulgar a cultura.
Aí vem a hora em que a gente tem que falar do como. O como vem da interação entre estudantes, arte, cultura e desejos. É fazer a cultura uma champanhe borbulhante que todo mundo quer tomar. Precisa tomar. O como é menor que a arte. As festas são menores que os risos, as histórias e a intimidade que a festa cria ou rompe. O como é pano de fundo pra algo grande e inexplicável.
É bonita a idéia de uma semana de Comunicação e Arte. Algo que englobe a produção artística de quem tem vontade de expor. Cinema, música, teatro, dança, saraus, pinturas, fotos, desenhos, varal de poesia. Tudo ao mesmo tempo para que se respire arte e a cultura entre em erupção e queime mais que vulcão. Será o retrato mais fiel e inteiro da catarse.
O cinema vem através da criação de um acervo audiovisual do curso. Que ficará à disposição de quem quiser no Centro Acadêmico. Com isso, o ele se faz mais palpável e fácil. Tem que ser acessível e a gente quer essa acessibilidade, essa democratização.
A arte vem também como intervenção. Arte de stêncil em parede e Teatro do Oprimido. A arte é um jeito de falar, bem eficaz e gostoso de ouvir. É comunicação. E nessa lei de reciprocidade a gente suga o que pode dela para passar mensagens. Não há separação e é viável a exploração.
Por fim e por si, se pauta a união. Pra gritar a arte a gente se junta com quem a põe em primeiro plano. Os cursos de Artes, Letras e todos os outros podem e vão nos enriquecer.
O Centro Acadêmico de Comunicação entende a cultura como parte do todo em que a gente se insere. É uma questão política, algo inerente. Arte, meu bem, fixa na pele feito tatuagem, que a gente quer e precisa por pra fora, feito espirro.


Chapa 1- Roda Viva
108 votos que não serão esquecidos

sábado, novembro 11, 2006

Engrenagem

É proibido tomar café
Por um impasse
É proibido que o sono passe
Proibido café e passe
Proibido dormir por praxe
Mecânica roda viva
Café move moinho que move
Pessoa automática caféônibuschão
Proibido ladrão
Arte é contramão
Máquina diversa se fixa
e roda a café pão e água
proibido parar
proibido esperar

rodar

rodar

rodar

roda

sábado, novembro 04, 2006

Janaína

Janaína gostava bastante de vínculos. Se prendia sempre à eles. Vitor, no entanto, gostava de meninos. Janaína gostava de Vitor. Vitor gostava de astronomia. Janaína queria Vitor um tanto que doía.
É certo que ela não ia conseguir. Janaína era muito grande e desengonçada. Era feia. Era meiga que só ela. Era um amor. Tinha dentes grandes e unhas mal-feitas. Vitor preferia outra coisa. Antes estrelas que Janaína. Vitor nem via Janaína.
Ela o seguia e idolatrava. Era Vitor nos céus e vontade de cama. Era vontade inenarrável de cravar os dentes no pescoço dele. Ele nem olhava. Ela só faltava abanar o rabo murcho.
Quando eu digo que ela era feia, não exagero. Ela era pior do que você está imaginando. Essa, no entanto, não é uma história a lá Cinderella em que Janaína vai aprender a andar de salto e usar aparelho pra ficar gostosona. Feia não é estado. Feia está inerente à Janaína. Janaína feia chega a ser redundante. São quase sinônimos.
Acontece que os feios amam e gozam. Vitor nem ligava. O gozo estava em outro sexo. Desvincular, circular, sanguíneo. Vitor era furacão e queria comer o mundo todo. Sexualmente. Até comeria Janaína, mas ela estava abaixo das estrelas, e ele sonhava demais pra conseguir pegar o palpável.