sexta-feira, maio 23, 2008

Chico




Ô Bárbara, se deus dará eu não vou duvidar
Nunca é tarde, menina, nunca é demais
Deus dará
E se deus negar
Sou Ana do dique e das docas
De vinte minutos
Sou Ana da brasa dos brutos na coxa.
Vou me indignar e chega!
Deus dará!
Chico e Caetano - Partido alto


Chico Buarque - Bárbara


domingo, maio 18, 2008

quatro

Hoje estou com tanta preguiça de escrever que talvez não devesse fazê-lo.
Acontece que o ímpeto vem antes de tudo, até de ter histórias pra contar.
A verdade é que não tenho nada senão ímpeto.
A verdade é que gosto de não falar nada fingindo que falo tudo.

E o título não tem nada a ver.

sexta-feira, maio 16, 2008

Pretenção

Duas linhas sozinhas
Não fazem poema
três talvez

terça-feira, maio 13, 2008

Roda

Há dias em que todo o corpo é secreção e todo cheiro é ruim.
Há dias em que a gente simplesmente não quer.
A gente estancou de repente?
Tem dias que o corpo todo é fumaça e nada de versos.
Há dias em que ninguém versa, nem conversa, nem nada.
Há dias água.
Há dias chão.

sábado, maio 10, 2008

Espetáculo

Vams ao picadeiro!
A gente fica pulando naqueles balanços que ficam no alto.
Como era mesmo o nome?
Vamos botar narizes de palhaço e brincar até mais que meia noite por que não precisamos dormir!
Vamos pular e dançar e eu vou me amarrar naqueles cordas que me fazem balançar e enrolar o pé.
Aí eu vou ser bonita, mais do que já sou.
Por que bailarinas são sempre mais bonitas. Nas cordas, então, ficam estonteantes.
Vamos mergulhar na porpurina e perder o medo.
A gente sabe fazer tudo, beibe!
Show most go on.

quarta-feira, maio 07, 2008

Gota D'água

Não quero beber do seu café pequeno, nem fumar cigarros da sua boca.
Não quero sua saliva e não quero seu abraço.
Quero antes o lirismo dos loucos e dos bêbados
o meu lirismo rasgado, como era quando original.
Eu quero meus sais e suor em versos perdidos por paredes, flores e gotas.
Legal pensar que quero todas as gotas d'água.
quero inclusive Joana pra cozinhar temperos de vento e raiva com sangue e botar no bolo de chocolate das crianças.*
Quero tudo ter estrela, flor e estilo.
É que eu sou muito sentimental.
rock'in roll e bossa.
Sou bossal: Samba dançado na fossa.
Eu nem sei rimar, quero empobrecer os fins de versos com sempre substantivos.
Quero aquilo.
É que eu sou muito sentimental.
Quero à quilo.
É que sou mesmo bem racional.


* referência à peça Gota D'água, de Chico Buarque, uma releitura do clássico Grego Medéia.

terça-feira, maio 06, 2008

Um selo que é um abraço.


O sexto é o Gota D'água.Vejam, eu
também leio o Gota d'Água. Não com a frequência com que leio os outros cinco,
mas este, coisa que já é extremamente conhecida, também é altamente
recomendável. Aline escreve naturalmente: é um fato decorrente de ela mesma,
como as gotas de sereno se juntam numa folha até pingarem, de manhã. E toda
escrita fluente como essa é coisa que não se deve perder, mesmo que, o que não é
o caso, não se goste do que está escrito. Só a fluidez já é suficiente para
deixar os neurônios descansados. Ela não faz a mínima idéia da existência deste
meu blogue, e peço a Darshany que lhe avise do selo, por favor. Não que vá fazer
muita diferença, uma vez que o Gota d'Água já deve ter uns cinco
deste.



Harry, no seu blog modernista






Pois é, eu não sabia mesmo que o blog dele existia, infelizmente. E eu realmente já tinha esse selo e é engraçado, que no mesmo dia a Bia me deu esse selo de cima. E bem, eu não esperava um outro selo, dois outros selos, assim.

Eu achei tão bonito isso, moderno e universal e não-totalizante. Achei tão com gosto de abraço.

Eu precisava dizer obrigada. à Bia e ao Harry.

Obrigada.

sábado, maio 03, 2008

De amor e fumaça

Ele fumava compulsivamente e ela olhava. Não gostava de cigarros, mas achava muito bonita a fumaça entrando e saindo da boca dele. Achava bonita a boca dele. A verdade é que ele na frente dela dava sempre vontade de dança, abraço, beijo e fumaça. Fumaça por que ela volta e meia se via querendo ser desfeita em ar pra entrar e sair da boca dele inteira.
Ele nem sabia das vontades todas delas. Achava que ela achava apenas que ele fedia. Passava mais perfume do que agüentava pra que ela sentisse menos cheiro de fumaça e mais cheiro de paixão. Ela reclamava do cheiro de cigarro, mas não confessava que gostava do cheiro de fumaça que ele tinha, especialmente quando misturava suor, perfume e shampoo anti-caspa.
E nessas de cigarro, perfume e nenhuma resposta, os dois dançavam uma bonita história de amor que não era constante, mas entregue e nada saudável. Se gostavam nos detalhes, mas sem respostas. Se gostavam no corpo e na volúpia constante de tentarem se agradar mais do que eles mesmos podiam. A verdade é que eles eram tão bonitos quanto a fumaça que saia da boca dele, vista por ela.

quinta-feira, maio 01, 2008

Lactopurga


- Sim, tive um bloqueio.
- E quando sai o texto?
- Assim que o bloqueio passar.
- E quando é isso?
- Não faço a menor idéia?
- E está assim, calma?
- Escrita não se força, meu bem, é que nem cocô. Se você toma lactopurga dói a barriga e fica mais fedorento que o normal. Cocô bom é o que sai natural, tipo escrita.
- Certo. Você escreve como caga?
- Sim. É fisiológico e tem que sair, se não eu passo mal.
- Interessante.
- Vou desligar, preciso ir.
- E quando me entrega o texto?
- Quando eu não precisar de lactopurga pra escrevê-lo.


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Tenho um blog novo, queridos. Isso não significa que abandonarei o Gota D'água. O blog novo é o avesso do que eu faço aqui, com pretenções jornalísiticas, inclusive.


com copo na mão, claro.