segunda-feira, dezembro 25, 2006

Novela

Ele era bonito, tinha o charme daqueles vilões de novela. Tinha aquele sorriso cínico e eu desmanchava. Claro que não descia do salto. Aquele charme todo era pouco. O charme era todo meu. Ele tinha que abanar o rabo e eu tinha que ser rainha.
Aí eu fazia jogo. Fingia que não ligava. Fingia que o charme não existia. Fumava um cigarro e lia um bom livro na sombreira da árvore pela qual ele certamente passaria.
E ele passava.
Ele dava aquele olhar de relance e eu sabia que ele não prestava.
Mas eu gostava. E não cabia mais em mim aquele flerte. Só que era flerte e daquilo só passaria quando ele não fosse o vilão da novela, ou eu deixasse de ser a mocinha.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Trecho do espetáculo "Tarde"


Diana E tanta coisa que eu queria ter dito, mas não disse...

Maria Eu sempre dizia. Dizia tudo. Nem que fosse pra dizer baixinho sem nem a pessoa ouvir. Dizer eu sempre dizia.

Diana Mas, Maria, se o outro não ouve você diz pra que?

Maria Pra desanuviar, ué? Pra dizer. Coisa demais que a gente não diz vira corcunda.

Diana Ah! Mas tem coisa que a gente não pode dizer.

Maria Tem que dizer. Se não diz, escreve uma carta. Não pode é ficar corcunda.

Diana É meio egoísta.

Maria Eu lá vou carregar o mundo nas costas? Isso sim seria egoísmo!










Tarde_ 3º lugar no Juri popular do V Festival de Esquetes do Espírito Santo.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Mariana IV

Lembra da Mariana?
Hoje ela deu um tapa na própria cara.
O cúmulo da falta de pudor, eu diria.
Vê?
Naquelas tentativas de não se queimar ela se bate!
A Mariana não bate mesmo muito bem.
Deixou de ser questão de charme.
A Mariana anda admirando aquele óbvio,
E por não poder, se bate.
É pra se conter.
Mas ela não se contenta.
Dessa vez ela nem está jogando.
Mariana sabe que não tem tempo
O óbvio não é atemporal.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

O caso do duende

Antes de qualquer coisa, eu não acredito em duendes, fadas, gnomos ou qualquer coisa pequena e verde com formas humanas e poderes supostamente mágicos. Ocorre que eu tinha que passar uma idéia num cartaz. A colega sugeriu falar do pote de ouro no fim do arco-íris. Segui. A idéia “O pote existe. Corra!” me pareceu bem convincente. Usar um mito como metáfora para trabalho, capacidade, força ou algo parecido era uma boa idéia.
Há que se quebrar a história, mas é por uma boa causa. Pra que você entenda como tudo aconteceu logo comigo, você deve ter a ciência de que Murphy, aquele desgraçado autor de uma lei horrorosa, me odeia.
Continuando: o cartaz foi feito. Tinha um arco-íris e um duende feliz de gorro verde sentado nele. Uma gracinha. Mágico. Tudo seria perfeito, se ele não tivesse que ser entregue a um professor aterrorizante com cara de maluco. Saí de casa com 50 minutos de antecedência e fui ao posto de gasolina esperar a amiga que me buscaria. Ela não apareceu. Faltando 15 minutos para a aula, entrei num ônibus que provavelmente chegaria ao meu destino em meia hora, e fui. Por sorte tinha um lugar. Pensei que o cartaz estava seguro. Eu ia sentada!
Aí vem o clímax da história. Tandandandan, rufaram os tambores imaginários de um além cruel. O vento aumentou proporcionalmente à velocidade do ônibus. E, por alguma lei física muito bizarra: meu cartaz lindo com um duende sentado num arco-íris voou na ponte.
Seria cômico, se não fosse trágico. O importante nessa palhaçada toda não é a cara do professor, mas a minha angústia e dúvida em dizer ou não a verdade. Creio que tive minha nota. Fique feliz por essa pobre mortal. Enfim, essas histórias malucas podem perfeitamente acontecer. Aconteceu comigo. Sorria!

sábado, dezembro 16, 2006

O fim dos atos-falhos

Com sorte alguma pedra entraria no sapato e ela sentiria tanta dor que estancaria.
Ela precisava de um motivo para não seguir em frente. Aquele filho-da-puta não entendia que ela simplesmente não podia mais? Respirou o mais fundo que pode antes dos tapas na cara temperados com lágrimas dela. As faces dele se coloriram dum vermelho lógico e ela pode recuar. Foi para a sua casa e ele que ficasse só.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Mariana III

É, a Mariana anda me enchendo o saco.
Agora ela inventou de enxergar o óbvio.
E fica naquela de "não pode ser"...
Acontece que eu tô sem paciência
e quero esganá-la sem rima alguma.

domingo, dezembro 10, 2006

Fonte que não vale

-Não ouvi barulho algum.
-Como não?
-Não ouvi, oras. Estava prestando atenção em outra coisa.
-Foi um tiro!
-E daí? Eu tava trepando ao som de jazz. Eu não tenho obrigação de prestar atenção em porra de tiro nenhum.
-Foi do seu lado.
-Eu tava trepando.
-No quarto ao lado!
-Não me interesso nos fetiches do casal ao lado. Eu tava gozando.
-Tudo bem. Não lembra de nada estranho.
-Não. Tudo correu às mil maravilhas. Champanhe maravilhosa, morangos, sexo e boa música. O cheiro dele me deixava arrepiada sem precisar forçar.
-É só com isso que você se importa?
-Com o que mais?

domingo, dezembro 03, 2006

Mariana II

E ela continua naquelas...
Fugindo da boca do leão,
e, claro, atemporal.
A Mariana agora está confusa.
Ela não acredita que possa pensar em tanta gente.
Mariana muda rápido.
Ela não acredita no próprio charme.
Esqueceu-se que Lolita destruia corações.
Acho que se acostumou à Presença de Anita.
Mariana acha a Mel Lisboa sem graça.
Mariana não quer não ter graça.
Mariana hoje nem quer flertar.
Ela quer ficar quietinha curtindo seu medo de escuro.
O coração vale mais que a razão, eu dizia.
A Mariana pensa em coração como músculo involuntário que bombeia o sangue.
Ela quer ser racional.
E perde o sentimental.
Romântica.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Ácido congelado

Eu estava procurando um texto velho pra postar.
Não achei nada que dissesse do meu humor.
Sei que as minhas paixões andam entaladas.
eu não sei mais fazer teatro.
Peguei nojo de todas aquelas mentiras
que já me dava asco há tempos.
Respiro de leve que fundo machuca.
Eu não queria que fosse assim.
Não era pra você ser assim
você tinha que ser verdade.
E cada vez eu dou mais valor a palavras que me ferem sem querer.
Prefiro verdades, sempre.
Mentira faz vomitar.
Não gosto mais de você(eu também posso mentir).

terça-feira, novembro 28, 2006

Nessa brincadeira de se chapar com cultura eu me perco de mim
ou me encontro
eu ainda náo descobri de onde vem todas as vozes e tudo que me faz ficar ofegante
A pontuação eu perdi








Era pro concretismo sair natural e saiu



eu não sei o motivo dos espaços em branco e eu detesto teclados desconfigurados
é por isso que eu escrevo à mão
estou suja de tinta





alguma coisa em mim diz que eu um dia fui mais que terra

acho que talvez a combinação de elementos exploda agora

eu acho que sou um átomo ambulante.

detesto internet


é mentira


acho que gosto de não querer e não fazer
o meu automatismo vai além do jazz
eu sou samba, amor.
sou pandeiro e rebolado






eu sei que estar só não basta e eu vou além das montanhas com cinco patinhos e areia no biquini.

acho que o sol me ofuscou as vistas.
tive que fechar os olhos o máxinmo possível

e eu não via nada por excesso de luz




muito pra mim é pouco

quero abrir os olhos
e de repente faço-me porra louca e saio gritante com bolsas e fitas vermelas pelo salão de uma festa que não acaba

eu disse não à pontuação
odeio tremas

adoro compassos
num passo












passe muito bem


e leia mais que eu

quarta-feira, novembro 22, 2006

Mariana

Eu hoje estou com vontade de falar da Mariana. A Mariana anda com vontade de se esconder. Está feliz. Brinca de flertar.
Acontece que ela tem medo do fogo.
E nessa narrativa meio poema.
A qualquer momento ela vai queimar.
A Mariana respira e conta até dez, mas a imagem daquele moço de quem ela não gosta ficou grudada. A Mariana anda tendo muito medo de escuro.
E atira no escuro.
A Mariana tem saudades e raiva.
E se desespera, quando encontra a fera. Vê-se na boca do leão.
Aí ela foge.
Sai correndo feito louca.
Mariana morre de medo.
Mas quer perigo.
Mariana brinca.
E joga nada limpo.
Ela gosta de sorriso e flerte.
E se segura, só por costume.
E se segura mordendo a boca.
A Mariana é bem Lolita, mas atemporal.

domingo, novembro 12, 2006

Projeto de Cultura

O todo sem a parte não é todo. Não tem como ser. A sociedade toda funciona em ramos que se interligam e são inseparáveis, feito pintura barroca. Tudo se relaciona e se interliga. A sociedade toda é composta por partes que se fundem. Cada parte é um todo abrangente e a gente esquece que cada parte toda faz parte de um todo.
Um ser humano sofre influências de todo ramo ao mesmo tempo. É um paradoxo ambulante. A arte, a religião, a economia, a política e a matemática básica se chocam inconsciente e conscientemente em diversas cabeças que por vezes nem sabem da grandeza do que acontece. Tentar separar política e arte é um erro e um equívoco. Elas estão ligadas. Isso vai além do engajamento da música de Chico Buarque ou do teatro de Brecht. Arte e política são apenas formas de enxergar o mundo. É tudo cultura. A política deve, além de abusar da arte pra se tornar palatável, incentivar toda arte. E a arte deve beber também política para não ficar vazia.
A cultura faz parte do dia-a-dia: filmes, falas, festas, feijão com arroz, fetiches e faixas de recado, propaganda, alarme e afins. É preciso que se procure cultura e que se divulgue cultura. É preciso que haja comunicação em termos culturais. Um curso de comunicação social que faz parte do Centro de Artes precisa gritar a cultura. A comunicação é esse direito ao grito.
A comunicação molda a cultura e a divulga. Grita o que é bom e o que é ruim e expõe ambos em nome da tal imparcialidade, ou da publicidade. Por que não também na UFES? É quase lógica a necessidade, a vontade e o dever que o curso tem de divulgar a cultura.
Aí vem a hora em que a gente tem que falar do como. O como vem da interação entre estudantes, arte, cultura e desejos. É fazer a cultura uma champanhe borbulhante que todo mundo quer tomar. Precisa tomar. O como é menor que a arte. As festas são menores que os risos, as histórias e a intimidade que a festa cria ou rompe. O como é pano de fundo pra algo grande e inexplicável.
É bonita a idéia de uma semana de Comunicação e Arte. Algo que englobe a produção artística de quem tem vontade de expor. Cinema, música, teatro, dança, saraus, pinturas, fotos, desenhos, varal de poesia. Tudo ao mesmo tempo para que se respire arte e a cultura entre em erupção e queime mais que vulcão. Será o retrato mais fiel e inteiro da catarse.
O cinema vem através da criação de um acervo audiovisual do curso. Que ficará à disposição de quem quiser no Centro Acadêmico. Com isso, o ele se faz mais palpável e fácil. Tem que ser acessível e a gente quer essa acessibilidade, essa democratização.
A arte vem também como intervenção. Arte de stêncil em parede e Teatro do Oprimido. A arte é um jeito de falar, bem eficaz e gostoso de ouvir. É comunicação. E nessa lei de reciprocidade a gente suga o que pode dela para passar mensagens. Não há separação e é viável a exploração.
Por fim e por si, se pauta a união. Pra gritar a arte a gente se junta com quem a põe em primeiro plano. Os cursos de Artes, Letras e todos os outros podem e vão nos enriquecer.
O Centro Acadêmico de Comunicação entende a cultura como parte do todo em que a gente se insere. É uma questão política, algo inerente. Arte, meu bem, fixa na pele feito tatuagem, que a gente quer e precisa por pra fora, feito espirro.


Chapa 1- Roda Viva
108 votos que não serão esquecidos

sábado, novembro 11, 2006

Engrenagem

É proibido tomar café
Por um impasse
É proibido que o sono passe
Proibido café e passe
Proibido dormir por praxe
Mecânica roda viva
Café move moinho que move
Pessoa automática caféônibuschão
Proibido ladrão
Arte é contramão
Máquina diversa se fixa
e roda a café pão e água
proibido parar
proibido esperar

rodar

rodar

rodar

roda

sábado, novembro 04, 2006

Janaína

Janaína gostava bastante de vínculos. Se prendia sempre à eles. Vitor, no entanto, gostava de meninos. Janaína gostava de Vitor. Vitor gostava de astronomia. Janaína queria Vitor um tanto que doía.
É certo que ela não ia conseguir. Janaína era muito grande e desengonçada. Era feia. Era meiga que só ela. Era um amor. Tinha dentes grandes e unhas mal-feitas. Vitor preferia outra coisa. Antes estrelas que Janaína. Vitor nem via Janaína.
Ela o seguia e idolatrava. Era Vitor nos céus e vontade de cama. Era vontade inenarrável de cravar os dentes no pescoço dele. Ele nem olhava. Ela só faltava abanar o rabo murcho.
Quando eu digo que ela era feia, não exagero. Ela era pior do que você está imaginando. Essa, no entanto, não é uma história a lá Cinderella em que Janaína vai aprender a andar de salto e usar aparelho pra ficar gostosona. Feia não é estado. Feia está inerente à Janaína. Janaína feia chega a ser redundante. São quase sinônimos.
Acontece que os feios amam e gozam. Vitor nem ligava. O gozo estava em outro sexo. Desvincular, circular, sanguíneo. Vitor era furacão e queria comer o mundo todo. Sexualmente. Até comeria Janaína, mas ela estava abaixo das estrelas, e ele sonhava demais pra conseguir pegar o palpável.

domingo, outubro 22, 2006

A voz dessa menina


“Aquele vozeirão é dessa menininha aqui.
Você é uma puta atriz.”
Foi o que disseram e não desceu.
Vozeirão?
Atriz?
Eu só faço um papel.
O show não continua.
Most go on.
You have no idea.
Is not so easy;
Eu me perdi.
Você também se perdeu ao me procurar.
Disseram que eu sou difícil de catalogar.
Pra que perder tempo?
ME catalogar?
Faz isso com espécies de animal ou obras de arte.
Vai ser Lineu e me esquece.
Eu quero paz.
A voz some.
Só uma menina,
Actress, but not a singer.
I can’t act whit songs.
I can’t dance, baby.
E eu não sei falar porra nenhuma em francês.
Onde a vedete se meteu?
Ando varrendo o chão.
É chão.
É música, meu bem, é música que eu não toco.
E você tenta.
Eu tento.
Te atento.
Fica esperto que marca em mim e em você o ferro quente da história.
Bem, eu sou história.
Moro num filme.
E você é coadjuvante, mas não erra a coreografia.
Só eu posso.
Aquele vozeirão é dessa menininha aqui.
A menininha se perdeu.
Mulher sente dor e menininha grita.
Eu sinto dor e esqueci a teoria de Stanislavisky, Grotóvisky e Brecht.
Como é que não sente a memória afetiva e finge e grita?
Teatro do oprimido agora.
Boal é Brasil.
Ainda não sei dançar.
Something never change.
Acho que aprendi a mentir.
Mentir pra mim mesma não dá;
Não deu.
To tentando, mas não desce.
É acido demais e eu não posso.
A voz é minha,
And all that jazz.
É tudo meu, baby.
A voz é forte e não muda.
Aqueço todo dia de manhã.
E gargalho.
Hoje voltei a sonhar.
Em grande estilo
Massagem no corpo e no ego.
Sonhos são bons.
Eu gosto.
Sonhos mudos tem classe.
Black and white.
E eu era a dama de vermelho pra parecer cotout.
Eu comandava
Era como eu queria.
E o corpo eu sentia.
Era meu.
Eu nem precisava falar e eu gosto disso.
Eu quero você por que eu ouço;
Te ouço sem forçar.
Quero descobrir, dissecar.
Acho que a tendência é doer pouco.
Essa vontade de fazer de você sapo em escola americana é um bom começo.
Nas outras vezes começou assim.
Não fica mudo nunca
Não muda.
Esquece como é o meu vozeirão de menininha atriz.
Quero a sua voz cantante me contando all those dreams.
Não era você no meu sonho hoje.
Mas eu quero amanhã.
E depois.
Sem pressa;
Que é bonito.

sábado, outubro 21, 2006

Anjo malandro

Um anjo com asas quebradas
Asas brancas com pontas vermelhas
Procurando as flechas que o primo perdeu
As flechas que estão dentro dele.
Engoliu-as quando bebê!
Um olhar e uma palavra são flechadas.
Cada esquina uma amante
Todas elas satisfeitas.
Que de onde sai a flecha que fere
Sai a morfina que faz delirar.
Anjo bom buscando uma flecha
Anjo amante, lírico, romântico
Anjo amante ama a figura.
Não qualquer figura!
A figura da mulher. Toda mulher.
Ama mulher como mulher por ser mulher
Anjo sobrinho de Vênus
Filho da terra
Nem Marte nem Vênus
Anjo malandro que vem de longe
Quer a parte da flecha que perdeu
Busca incessante em cada canto
Busca onde há esperança
No fundo há medo de achar
Já que achar a flecha é amar.
Cada amante uma flechada,
Mas qual delas tem a dourada?
Aquela que o primo lhe deu...
Que o primo disse pra guardar com cuidado
E o anjo guardou! Ele engoliu!
Só precisa saber se ela foi
Num dos milhares de sorrisos
Pro coração duma das mil amantes.
A busca então muda...
No beijo quem sabe ache parte da flecha.
Anjo amante...
A flecha está em todas elas.
O amor é a mulher.
Anjo nunca satisfeito.
Migalhas de flecha não ferem.

sábado, outubro 14, 2006

Homem de verdade é meu irmão de sete anos de idade. Ele é mais homens que muyitos por que sabe bem sustentAR sua posição e se fazer respeitável. ele quis mudar o nome e mudou. ele é mais forte do que eu e tem duas camas prontas, ele pode escolher onde dormir onde quer que ekle vá. è apaixonante e responsável. é um doce. griutya sim, claro, mas é bem maduro e lê jornal mais regularmente que vocêr. aposto.
Homem de verdade se sustenta.
eu estou com dores no corpo.
Dor filhja da puta no peito. tô com dor na cabeça e na alma. eu achei que podia ser má, mas sopu boazinha demais pra aguentar isso imune.
eu sou mulher
eu me sustento.
sustento o que eu penso e tenho sim opinião.
O José é mais macho do que muita gente. Eu não sou comparável que eui tenho medo.
festas de família s~/ao fantásticas.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Introdução ao charme na visão de uma mulher, parte I


Introdução de “Pagu”, ao fundo. Entra a mulher no meio do palco.

Mulher- Essa coisa vai além do corpo. É uma questão de charme. Charme ou intenção... hoje, pra VOCÊ, eu posso ser a mulher menos sexy do mundo, mas amanhã... (anda de um lado para o outro, por todo palco) escolho uma roupa que me emoldure bem o corpo, pinto os olhos, pinto a boca... vale mais que plástica, sabiam? E essa coisa de pensar que todos os homens são iguais é burrice. Mais burrice ainda é ter em casa sem modelos diferentes de cartas de amor pra se passar pelo amante ideal. (Pausa) O pior é que eu ainda caio nessa! Tem que entender que não há manual de instruções... eu sou mulher!!!! (estende o braço e mostra os pulsos) aqui tem carne, tem sangue, tem ossos. Mas também tem TATO. Isso, de paixão, pra mim, é uma questão de instinto. De sentido. Sim. Os cinco sentidos servem para defesa e procriação da espécie.

Entra, no palco, o homem e fica de canto, parado, observando. Ela olha na direção dele. Ele olha da direção dela. Andam pelo palco, se desviando e perseguindo. Ela levanta uma mão e ele fica estático.

Mulher- Como aqui, tudo não passa de uma encenação, eu tenho poder sobre ele. Poder total. Vamos usá-lo então para fins didáticos. Como todos podem ver, este é um espécime de gênero masculino da raça humana. Ele é capaz de tudo. Todo espécime da raça humana é capaz de tudo. (para o público) não venha dizer que não. Se eu te entorpeço com álcool ou outra droga, nem de si você tem controle. É sim, capaz de TUDO. Ele pode agir de duas maneiras-base. Elas se destrincham em várias. Pode ser, tradicional ou moderno. Primeiro, o tradicional.

Apagam-se todas as luzes e o homem e a mulher se dirigem à cantos opostos do palco.
Acendem-se as luzes, ao som da musiquinha do closer e os dois se cruzam.

sábado, outubro 07, 2006

algo de patético

Não hoje. Hoje eu simplesmente não quero. A presença me dá asco e pronto. Eu escolho os dias em que eu vou fazer o que eu quiser. Você não tem que dar pitaco ou se intrometer. Isso é meu. Sou eu quem decido.
Quando é com a minha vida eu sou egoísta sim e isso não está errado. Mais que ponto e linha e verso e rádio AM. Alcoólicos anônimos e bisca. Buraco ganho na primeira partida, foi jogo de mil e eu fiz uma canastra direto. As a As. Linda. Eu gosto de jogar baralho e eu aposto que vai tudo ficar melhor depois que eu não fumar o cigarro no qual eu pensei. Eu sou free e você é derby. Eu estou free de você.
Canastra.
Seu grande canastrão cafageste nojento.
Há!
Bingo!
Dont need you anymore

sexta-feira, setembro 29, 2006

Diálogo de espelho

-Sou apenas uma psicopata que gostaria de imitar o homem que correu pelado pela Praia da Costa; mas eu não tenho coragem pra correr pelada. Ficar nua é expor as fraquezas, já me escancaro enquanto falo. O meu corpo não. Eu tenho ciúme dele. Ciúme é só vaidade. A paixão é egocêntrica.
-Eu sou vaidosa.Tenho medo que o olhar dele deseje outra...
-Nós somos... Mulheres são vaidosas, querem as atenções voltadas pra elas enquanto passam. É como andar nas calçadas ouvindo pretty woman.
-É como se estivéssemos encenando um filme...Queremos jogo de sedução...Queremos os olhares voltados para a nossa cena.Nos preocupamos com o nosso umbigo.Queremos amores loucos.Mergulhar e de repente,mandar todo mundo se fuder.Somos malvadas, não queremos nos preocupar com o que os outros pensarão da nossa loucura.
-A loucura é minha e eu cuido bem dela. Eu gosto dela e sustento em doses homeopáticas. A paixão é minha e ela me mantém em brasa. Eu cheiro paixão. Eu tenho medo. Não posso ficar nua. Sou avessa a ela.
Paixão não devia ser oposta? Não quero me preocupar...
-Quem quer se preocupar?Queremos nos entregar.Não estamos nos preocupando se usa aliança de ouro ou de prata.Vamos pular de bang jump (não sei se está certo).Comer chocolate a noite inteira sem se preocupar com espinhas.Sentir a adrenalina destruindo nossa supra-renal.Queremos ação,suar um pouco pra deixar de ser boneca...Somos viciadas em romance,uma droga que não se substitui...
-Somos viciadas em paixão mais do que em qualquer outra coisa. No quarto trancado, com luzes fracas, quando sou eu comigo, eu me ponho nua na frente do espelho. Eu digo não. Eu choro e me descabelo pra ser feia. O feio parece bonito. Eu digo que não quero paixão. Não posso com paixão. Não gosto de paixão e não vou me apaixonar. O espelho continua ali. Eu continuo ali e a paixão não sai de forma alguma. E eu gosto. Eu gozo. Dói e fica entalado e eu não quero querer, mas quero.
-Quero vomitar ,mas tenho medo de me engasgar.Quero ser linda,sou linda,mas tento disfarçar.Pareço louca,mas na verdade, só quero seduzir e nunca parar de me apaixonar.Fico a espreitar olhares no ônibus, nos bares.Gosto de flertar, gosto de imaginar que eu sou a protagonista do filme que ganhou o Oscar.
-Gosto de vento nas minhas saias. Eu sou mais que aquela pinta da marilyn... Uma espécie de sopro de leve no ouvido.
A gargalhada que fica e ecoa.VIvo num filme e você vai estar comigo. Se não estiver o romance vira drama e suspense, vira filme policial. Se o ciúme crescer vira terror. Se o ciúme crescer eu não desentalo
-Droga,toma um eno então pra melhorar dessa porcaria.Somos seiva elaborada,xilema e floema meu bem.Portanto, por que eles se fazem de difíceis se tudo é tão simples?Não pratico jet sky nem gosto de brigar de aranha.Dependemos talvez do falo,eu só falo nisso,não que eu seja pornográfica,talvez sim,talvez não.Adoro ser sincera,quero chocar as mulheres conservadoras.Sou líder do time de queimada vou queimar a imagem de todas as mulheres...As falsas que nunca se apaixonam, hipócritas,bobas que gozam sozinhas toda noite ouvindo o rei tocar num microsistem...
-(fora do texto: Flora, vc é foda. o rei tocar foi a melhor de tooodas. quase bateu o odeio que me cutuquem)

Eu vou sabotar. A roupa vai ficar curta e a respiração vai ser tranqüila. Vai ver meus olhos. É tudo vaidade sim e eu tenho medo de ficar nua. Vou pintar de preto. Vou jogar com todas as armas. As mãos nos joelhos. VOU JOGAR COM LIVROS. Essa arma não é de qualquer um. Sofisticada e inteligente. ah! eu vou desentalar a paixão sem eno ou lactopurga.
-Ainda bem que não somos bulimicas.Comemos sem culpa.Adoramos comer chocolate tomando coca-cola...Principalmente acompanhado de pastilha hortelã.Não tenho pudor nenhum.Não vou pro convento, porque se fosse freira eu daria pro padre.Sou o resto do conhaque da manhã seguinte que o alcoólatra tem medo de encarar.Quero desentalar, está pesando, mas não posso vomitar.Tomei 3 banhos hoje e estou com preguiça de me levantar.Sou semi-analfabeta...Eu disse semi ou sêmen?Tudo subjetivo...E eu adoro duplo sentido...
-(flora!!!!!! o padre é no Na cama! ou isso vai fazer parte do na cama???)
eu não sei de nada e eu me perco e não me acho que mudo sempre de endereço. há! sou o foco. quero conhaque. quero me comer que eu sou narcisista. como alguém pode querer não me comer? eu me comeria e eu nem gosto de mulher! chocolate. a culpa é do chocolate. a minha cara está amassada e eu ainda estou suja. paixão não realizada, ciúme, banhos e falta de nudez.
-(ALINE, ACHO QUE DO PADRE PODE ENTRAR AQUI TAMBÉM)
Esta amanhecendo,mas eu não quero dormir.Não posso perder tempo,sou infinito.Sou mais que a normalidade.Odeio normalidade.Escovo os dentes por hábito,senão chuparia tridente o dia todo.Adoro chupar chiclete...Minha boca é inquieta,não pode ficar só.Preciso me enrolar nas outras bocas.Entretenimento sempre é bom pra expulsar o tédio cotidiano.
-mastigar o tédio feito chiclete seria uma boa...
no entanto ele é abstrato. o jeito é mudar a roupa e correr de tênis pra que a bunda não esteja caída no dia em que eu tiver coragem.





Eeeeeeeeeee

FIM

pronto

texto by psicoflora e eu
"Texto de Aline Dias e Flora Viguini"

sábado, setembro 23, 2006

All Those Drams

Escrevo por não ter nada a fazer no mundo. Não sobrei, no entanto, sou sim desesperada. Não estou cansada. Pra sempre vou suportar a rotina de me ser, que eu sou mil ao mesmo tempo. E ser mil não cansa uma. Talvez canse o todo. Talvez falte parte. O todo sem a parte não é todo; a parte, sem o todo, é toda.
Gregório de Mattos embola a cabeça. Elis Regina canta falando de paixão. Isso não é artigo, conto, poema, romance, novela ou drama. Acontece agora. É uma crônica então? Não sei direito as regras desse jogo. Escrevo por escrever, para que me ouçam.
Vou matar o tempo. Ele não passa e eu não morro. Vou matar a morte. Se ela estiver viva me leva. Mas não vou matar a vida. Ela, sim, tem sorte. Pra onde fica o norte? Esqueci a bússola na sopa de letrinhas fria na mesa de jantar.
O meu cachorro mordeu meu pé. Na minha calça tem uma mancha enorme de cloro. Não sai. Um dia eu aprendo a lavar roupa. Vou matar o cachorro. Hum... Hoje eu to tão serial killer.
É praxe.
Ai! Odeio barulho de caminhão. Trânsito é tão poluição, que nunca sei onde é contramão. A minha mão é direita. Eu nasci gauche. Sou tão interessante que num deboche te desmorono.
Me dá um cigarro?
Ai! Eu quero mijar.
Respira! Respira!
Esquento tanto com tão pouco. Ai! Perdi o chão. Um fósforo!
Cair na lama é tão desagradável. Me ensina a dançar tango? Eu nem sei mais fazer versos.
É um jogral sim! Amarelinha. A bola ta na área. Dei uma rasteira. É pênalti! A merda do goleiro defendeu. Sempre defende. Sou ruim de chute!
Vou ler o jornal pra imitar o Alvarito. Se eu fosse careca talvez...
Não me bate! Sou só uma flor. É. Delicada! Não me bate que se bate arde...
Mãe! Me dá dinheiro pra eu comprar um bombom na loja ali do lado?
Édipo não, por favor.
Os cachorros comem as mães e não é feio. A gente também abana o rabo, dá a pata, late e morde.
Pontada no pé. Chutei o cachorro. Não gosto de bicho!
Quero ir na Disney nos meus quinze anos! Oops! Passei sem perceber.
Mãe! Me leva pra Disney! Mãe! Me dá uma mão! Fudeu é pro seu colo que eu corro.
Ainda escrevo. Fudeu de vez. Ô mãe, se eu que sou mocinha, quero morder a boca de outra mocinha é só por que o cabelo dela me incomoda durante a aula? É tão cheiroso!
Saí de casa há mais de dois anos. Quebrei a cara, me fudi. Parte de mim ainda ficou lá. O todo, sem a parte, não é todo. Eu posso falar palavrão?
Tô tão confusa que eu já não quero nem saber se vai dar pé ou vão me censurar. Oops! Sempre fui fã do Paulo Ricardo.
Ai! Eu me divirto.
Tenho um amigo que só come baconzitos com coca-cola. É vício!
Que diferença faria se o Lula tivesse o dedo minguinho?
Minguinho, seu vizinho, pai de todos, fura-bolo e mata-piolho.
Não tenho piolho dês de os dez anos de idade!
Que diferença isso faz? Que diferença eu faço? Entrei em crise de identidade!
É nessa hora que eu choro? Como é que as pessoas fazem para chorar?
Eu tenho cara de bunda. Na rodoviária me pediram dinheiro. Não tenho nem o meu! Como é que eu vou doar? É, vai doer.
Falei isso só por que doer e doar são palavras parecidas. Que merda! To numa seca filha da mãe há cinco meses.
Eu vou subir pela parede!
Alguém viu a novela das sete ontem? Detesto perder os capítulos.
Um dia eu publico todos os livros que eu já pensei em escrever. Ah! Eu penso muito. Dá uma preguiça...
Tô te deixando pagar a cerveja, mas eu não vou dar pra você. Só dou na hora que eu quiser. Vou me vender por um copo sujo de boteco?
Adoro boteco! Desce logo se não a gente vai se atrasar!
Aí ele chegou sem avisar e me lascou um beijo de cinema. Desmanchei depois.
Qual a capital do Acre? Juro que decorei na terceira série. Mas já faz tanto tempo que eu já nem me lembro mais...
Eu era péssima pulando elástico.
Morro de medo de escuro.
Dá pra calar essa boca?
Ta zunindo... Zunindo... Zunindo... eu não gosto de barulho. Tem um pé na minha cabeça.
Um poço, um dente.
Caí.
Mãe! Me salva.
As blusas daquela promoção eram tão feias que eu nem comprei nenhuma. Não quero mais!
Deu uma vontade daquele uísque que eu tomei com você. Deu uma saudade e vontade do que veio depois.
É. Meu amor é grátis. Grátis é diferente de platônico. Não procuro realizar em pensamento. Eu só amo.
Veio na cabeça a musiquinha que toca quando a dona Florinda encontra o professor Girafales.
Duas coca-colas bem geladas, pra viagem.

(Som de despertador)

sexta-feira, setembro 22, 2006

Algo distorcido sobre paixão e ritmo

A paixão fica entalada. É uma coisa descostumosa. Ela incomoda. Eu gosto e não gosto dela e ela é intensa e eu quero vomitar a paixão. Gosto dela. Respirar é doído.
A paixão é quase sempre tão boa que dói. A gente tem medo dela não ser boa. Alguém que inspira paixão merece a paixão que a paixão é linda e pura. É mais que sorriso ou olhos ou sexo. É o arder e a cor das árvores. É o céu que muda e o tom das cores que fica intenso. Paixão é alucinante. Quero dissecá-la, quero mata-la, fazer picadinho dela. Comer cada pedacinho dela.quero um ciclo de paixão e restos e fome que eu já tenho.
As paixões se colam uma na outra e são únicas e umas e outras. São pessoas diferentes e situações diferentes. São paixões diferentes. São tempos e ventos e versos e choros e velas e pães e pernas que se misturam e desmisturam e cantam. Cada pedaço de sentimento canta e ele se mistura num fluxo de líquido borbulhante. A paixão é o tal côncavo silêncio que eu li da Viviane Mosé. Refluxos. Eco que não existe, mas deveria. Paixão é egocentrismo e eu sou egocêntrica. Paixão é narcisismo sim. a gente se apaixona pelo espelho ou pelo que completa. A gente se completa. Quer mais um pedaço, um ponto largo, quer um braço. Homem quer mãe, mulher quer filho. Quer e querendo fica. Não fica, pede. Não perde. Se perde e não ganha nada nunca. Essa busca incessante mantém a vida. É a essência da música. Eu quero música mais que paixão. Minha nova paixão que eu não entendo.
É hora de parar de racionalizar. Tempo de morangos sim. Eles com danete ficam bons. A Cecília continua desvairada à Flora Viguini. Paixão é seguir padrões de calçada em conjunto. Aquela dança infantil de “nós andamos iguais”. Tudo é muito infantil que a gente lê Freud sem entender. Tudo é sexo que a gente distorce o mundo pelo prazer. A culpa é toda da música que é minha e sua e dele e dela. Comer música e paixão eu quero. Quero cordas de violino com calda de piano. Quero instrumento de sopro pra desentalar: um choro de flauta. Talvez abrir mão da paixão. Sem música eu fico dura. Eu perco o doce. Eu edifico. Legal é desmoronar. Legal é reconstruir. Paixão é vício de fome que não cessa. Eu não cesso.
Vacilo.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Auto-retrato do blog.

Eu, etiqueta.
Em minha calça está grudado um nome,
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meus tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de idade.
Meu lenço,meu relógio,meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo,minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso,meu aquilo,
desde a cabeça até o bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordem de uso,abuso,reincidência,
costume,hábito,premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou,estou namoda.
É doce estar na moda,ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos logotipos de mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante,sentinte,solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar,ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer principalmente).
E nisto me comprazo,tiro glória
de minha anulação.
Não sou- vê lá- anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar,para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo está etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas indiossicrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
a cada gesto,cada olhar
cada vinco de roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado,sou tecido,
sou gravado de forma universal,
asio de estamparia,não de casa,
da vitrine me tiram,me recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo dos outros
objetos estáticos,tarifados.
Por me ostentar assim,tão orgulhoso
de ser não eu,mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem,
meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa,coisamente.
(Carlos Drummond de Andrade)

De:Flora
Para :Aline Dias