E vem mais um começo de flerte. Lento, óbvio, raso,
clássico. Nenhuma conclusão de pele, mas os olhos trabalham sem descanso na
sustentação da alma. Mais um tempo e fica, transpassa, vaza. Ele me lê sem
palavras e eu tento inventar o que não sei. Vejo se aprumo os cabelos e a
coluna pra ficar linda. Vira o cheiro uma necessidade e deixo ali uma marca de
batom.
O resto, ainda não sei. O vazio brinca, no meu peito, de
explodir explosões pequenas como cócegas. Invento logo meio e fim de história,
claro, sem desfecho. Invento os pêlos que ele tem no peito, há de ter, e a
textura das mãos, e a língua. Invento o movimento que faríamos e as conversas
futuras. E gosto.
Não sei quando volto. Queria que fosse ontem.
8 comentários:
"Inventar conversas futuras". Isso é ótimo.
"Não sei quando volto. Queria que fosse ontem."
Queria que fosse agora... queria que fosse sempre... Queria que não fosse nunca pra nunca precisar voltar...
Simultâneo e empático sentimento.
Mas, anônimo, eu nem sei quem você é!
Desculpe não ter me identificado, mas é que não sei postar de outro jeito. O primeiro anônimo sou eu, Marcelo Grillo. ;)
Então, o segundo anônimo a comentar esse primor sou eu, aquele que admira seus textos como quem admira obras de arte em uma vernissage, aquele que vem aqui todos os dias e emburra feito criança quando não tem um texto novo mas que adora que nao tenha para ler de novo o antigo... aquele que desejaria ser o objeto do flerte começado, aquele que lê onde não existem palavras... ainda... aquele... pelos, peito, textura, mãos imaginarias... aquele que vai ser sempre... anônimo.
que complicação!
Querida plumitiva (se me permite tal intimidade) não é esse o propósito, complicação, optando você por sossego, posso me abster dos comentário, reservá-los para mim, e simplesmente e tão somente me deleitar com a leitura...
sou completamente contra a censura, anônimo. só me agradaria saber a sua graça.
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