A verdade é que a mudez me incomoda. A mudez dela faz com que eu contenha a minha mudez. É como se eu tivesse que esganar aquele silêncio que é culpa falando qualquer coisa desnecessária e desimportante. E nessas eu me escondo e me exponho ao mesmo tempo. Queria saber quando eu vou ter tempo de me esconder de novo e de estar inerte ao mundo.
***
Acho que se eu vim pra cá foi só pra me esconder. Pra fugir mesmo de todas essas coisas e de todas as pessoas que me apavoram.
Acho que não gosto muito de sentimentos. Acho que não gosto por que gosto demais e eles doem. A paixão dói. O tesão dói. A saudade dói. A felicidade dói. E a ternura dói um tanto que eu não agüento. E dói a culpa também. Dói a raiva.
***
Eu tive que por pra fora. Tive que gritar quando vi a cara de felicidade dela enquanto eu chorava no auge do meu turbilhão de sentimentos. Eu não me reconhecia ali. Eu não sabia bem qual era a medida do cansaço.
***
Passar o limite não é pra qualquer um. Não vou ler Nietzsche tão cedo.
***
Eu não gosto dessas fontes que mudam sem que a gente peça. Eu não gosto nem desse programa de computador que eu tô usando pra falar qualquer abobrinha que aparecer.
***
Acho que eu não devia me esconder pra me remoer. Acho que se moer dói. Por outro lado, meu corpo responde bem a essa remoência. A tensão diminui nas costas, mesmo que o sono não venha. Eu preciso mesmo me esvair em versos. Preciso mesmo escrever todas as coisas sem personagens. As lágrimas todas ajudam tanto a curar a dor. A dor ajuda tanto a curar as lágrimas. A dor ajuda tanto quando a gente quer ser forte.
***
Eu juro que agüento tudo, menos ternura. Eu agüento qualquer tufão.
Promete que se eu disser que eu tô no limite você não vai passar? Eu fico muito ruim quando passo do limite. Eu choro, fico violenta, eu grito, fico irracional. Eu fora do limite pareço um bicho. Eu fora do limite pareço comigo.
Faz cinco anos que eu passei do limite pela última vez. Coincidência isso voltar agora. Coincidência isso ser logo agora.
***
Eu disse que não acreditava em destino, mas ando tendo medo, sabe?
***
No lugar em que hoje fica aquele tanque antes tinha uma roseira (e eu sei que o verbo ter não pode ser usado no sentido de existir, mas foda-se). E eu fico olhando pra todas aquelas flores do lado do tanque, mas ainda sinto falta da roseira. A goiabeira ainda está lá, como o pé de acerola e o pé de pitanga, e todos aqueles pés de fruta gostosa, e aquela horta. Tudo está ali, menos o cacto e a roseira. Eu tinha escrito meu nome naquele cacto, eu tinha botado meu nome naquela roseira. Eu gostava de tirar leitinho do cacto, eu sinto saudade dos botões de rosa.
Aquele tanque é tão vazio.
***
Os biscoitos não têm o mesmo gosto em outro lugar, eu juro que aqui eles são bem mais gostosos. Seria tão bom se eu pudesse chamar os biscoitos gostosos de casa.
***
Meu lugar é aí, estando sozinha ou em casa, meu lugar é em casa. Minha casa é aquele barulho todo e as brigas todas. Minha casa é essa falta de sono e esse stress e essa falta de mimo. Minha casa é esse sorriso bonito que eu vejo toda manhã. Minha casa são aquelas bochechas e aquela barriga e aqueles olhos provocadores. Minha casa é essa gente que me põe pra cima mesmo quando eu começo a pensar que não agüento. Eles sabem que eu agüento e eu também. Seria tão mais fácil simplesmente não agüentar.
***
Sinto muitas saudades de casa, mesmo estando fora por alguns minutos.
***
Tentei ligar, mas eles não atenderam. Eu já decorei a mensagem da secretária eletrônica que não tem o meu nome, mas é minha também. Eles tinham que saber que eu estou viva.
***
O eme é uma letra que pode ter três ou duas pernas.
***
Eu parei Policarpo Quaresma no começo, mas eu vou retomar. Não vai ser como foi com Crime e Castigo.
***
Eu tinha frio e ele me emprestou o casaco que ela deu pra ele. E a gente foi junto procurar um cara que ninguém conhecia. Eu me perdi no caminho e ela me disse que ele anda estando descontrolado. Eu não entendo bem o que isso quer dizer, ele me parecia simplesmente um cara gentil acima do frio.
***
A chuva era fina e eu agüentava bem. Frio não é ternura.
***
Aquela coisa pequena veio me cutucar e meter o bedelho na minha escrita. Aquela coisa pequena não sabe, mas tem toda moral do mundo pra mexer na minha escrita. Descobri isso agora. Ele nem sabe que pode tanto quanto pode, ele nem sabe que me desperta tanto carinho e tanta ternura. Ele tem sete anos e eu tenho vontade de mordê-lo e que tudo dê certo.
***
No fim eu sou só mais uma pessoa racional demais.
***
Isso tudo é reflexo dessa confusão de pós-modernidade que a modernidade criou dentro dela mesma. E eu reconheço o passado no presente e o presente no passado e por mais estranho que isso pareça: aquele texto de Habermas começa a fazer algum sentido quando lido pela quinta vez.
Exagero sempre.
***
Eu não quero pensar antes de escrever, quero escrita pura pra não parecer escrita falsa. Na máquina de escrever talvez eu aparecesse de verdade, talvez eu não errasse ou não consertasse.
***
Eles falam comigo e eu ouço pela metade, eu sempre ouço pela metade quando não estou inteira.
***
Ela quer ir a uma festa que eu já disse que não vou.
Habermas tem que descer e tem que ser hoje.
***
Eu não queria te dizer, mas aquela dor de cabeça finalmente passou. E pra mim é você o retrato da ternura, mesmo quando avesso a ela.
terça-feira, maio 01, 2007
quinta-feira, abril 26, 2007
Dica
Uma boa dica para o feriado(ou para qualquer dia) é ir ao teatro. Está em cartaz, no Teatro Municipal de Vila Velha, às 20 horas desse domingo, o espetáculo “Sexo Drogas e Rock'n Roll”. A peça tem um texto delicioso e personagens encantadoras. É uma ótima pedida pra quem gosta de um humor leve e contagiante.
Trata-se de um musical ambientado nos anos 50, sendo assim, é claro que não falta rock e coreografias contagiantes. Há versões de músicas do filme Grease e clássicos da Jovem Guarda, como "Splish Splash".
Além da ótima (e nostálgica) trilha sonora, outro bom motivo pra se locomover até o teatro é o conjunto de clichês gostosos que o texto traz. Chega a ser difícil não se identificar com as situações e personagens. A história de doze adolescentes terminando o colegial e vivendo toda aquela ansiedade de véspera de baile, entrega de notas, amores mal resolvidos e todas aquelas coisas de teen movie diverte despretensiosamente.
Trata-se de um musical ambientado nos anos 50, sendo assim, é claro que não falta rock e coreografias contagiantes. Há versões de músicas do filme Grease e clássicos da Jovem Guarda, como "Splish Splash".
Além da ótima (e nostálgica) trilha sonora, outro bom motivo pra se locomover até o teatro é o conjunto de clichês gostosos que o texto traz. Chega a ser difícil não se identificar com as situações e personagens. A história de doze adolescentes terminando o colegial e vivendo toda aquela ansiedade de véspera de baile, entrega de notas, amores mal resolvidos e todas aquelas coisas de teen movie diverte despretensiosamente.
segunda-feira, abril 23, 2007
Jéssica
Jéssica sempre estaria olhando-o enquanto ele partia. Ele era do tipo que não olhava pra trás e por essas ela nunca sabia onde enfiar a cara. No entanto, Jéssica gostava daquela coisa de olhar sozinha e daquela coisa de olhar pra trás. Ela era daquelas garotas que remoíam sempre cada momento. Cada momento era vinte ao mesmo tempo e se repetia depois. Independente do que qualquer um fizesse, sempre duraria mais pra ela. Talvez ela não vivesse o suficiente, talvez sobrasse um pedaço grande de dia que ela gastava pra remoer a parte útil dele.
Jéssica não queria nada diferente daquilo. Por mais que todas as suas histórias fossem banais e os seus acontecimentos remoentes fossem sempre tolos e sem importância pra qualquer pessoa que não fosse ela, ela gostava daquilo tudo. Talvez fosse a paixão pela literatura e a incapacidade de produzir literatura própria. Produzia filmes próprios em mente, com cortes em pontos estratégicos e a trilha sonora que ela mesmo escolhia, de acordo com o humor. E cada cena tinha várias leituras e vários encaixes. A edição mudava dia a dia.
Mas se ele partia sem olhar pra trás, é por que ainda não tinha chegado o final daquele filme e ela ainda não podia ter certeza de onde enfiaria a própria cara.
Jéssica não queria nada diferente daquilo. Por mais que todas as suas histórias fossem banais e os seus acontecimentos remoentes fossem sempre tolos e sem importância pra qualquer pessoa que não fosse ela, ela gostava daquilo tudo. Talvez fosse a paixão pela literatura e a incapacidade de produzir literatura própria. Produzia filmes próprios em mente, com cortes em pontos estratégicos e a trilha sonora que ela mesmo escolhia, de acordo com o humor. E cada cena tinha várias leituras e vários encaixes. A edição mudava dia a dia.
Mas se ele partia sem olhar pra trás, é por que ainda não tinha chegado o final daquele filme e ela ainda não podia ter certeza de onde enfiaria a própria cara.
sexta-feira, abril 20, 2007
Mariana XII
Mariana passou a querer apenas que o óbvio não mudasse
Que ele não deixasse de ser o óbvio.
Ela, no entanto, já não conseguia ser a mesma.
Tinha vontade de boca de leão.
Tinha vontade de não fugir daquilo.
Tinha vontade de ver e de sentir, e gostava de cada pedaço de tudo.
Mariana gostava da expectativa e do ciúme e de como aquela coisa toda não deixava nunca de ser óbvia. Era tudo lógico, era tudo bem bonito e o bom humor dela era peculiar.
Ocorre que Mariana não podia mentir à respeito de seus ciúmes, também óbvios.
Tudo bem, ela agüentava que enxergassem o óbvio como ela.
Mas ela não agüentaria ver alguém o tocando como ela não tinha coragem de tocar.
Mariana explodia por partes e reclamava pelos cantos.
Mariana reclamava à torto e a direito.
Ela lembrava da vulgaridade peculiar que Nabokov dava às suas ninfetas.
Mas ela achava que ninguém mais tinha que seguir Nabokov
A vulgaridade infantil que ficasse apenas com Mariana.
As outras não podiam brincar com o tempo.
As outras não deviam querer brincar com o óbvio do jeito que só Mariana podia.
Os dois enfim tinham dito sim.
Crises de charme, ciúme, não, todas já não existiam.
Mariana tinha passado de estágio.
E o medo que ficasse perdido no tempo
O ciúme é o sentimento da vez
E dele ela não corre, que gosta de brincar com fogo.
Que ele não deixasse de ser o óbvio.
Ela, no entanto, já não conseguia ser a mesma.
Tinha vontade de boca de leão.
Tinha vontade de não fugir daquilo.
Tinha vontade de ver e de sentir, e gostava de cada pedaço de tudo.
Mariana gostava da expectativa e do ciúme e de como aquela coisa toda não deixava nunca de ser óbvia. Era tudo lógico, era tudo bem bonito e o bom humor dela era peculiar.
Ocorre que Mariana não podia mentir à respeito de seus ciúmes, também óbvios.
Tudo bem, ela agüentava que enxergassem o óbvio como ela.
Mas ela não agüentaria ver alguém o tocando como ela não tinha coragem de tocar.
Mariana explodia por partes e reclamava pelos cantos.
Mariana reclamava à torto e a direito.
Ela lembrava da vulgaridade peculiar que Nabokov dava às suas ninfetas.
Mas ela achava que ninguém mais tinha que seguir Nabokov
A vulgaridade infantil que ficasse apenas com Mariana.
As outras não podiam brincar com o tempo.
As outras não deviam querer brincar com o óbvio do jeito que só Mariana podia.
Os dois enfim tinham dito sim.
Crises de charme, ciúme, não, todas já não existiam.
Mariana tinha passado de estágio.
E o medo que ficasse perdido no tempo
O ciúme é o sentimento da vez
E dele ela não corre, que gosta de brincar com fogo.
sábado, abril 07, 2007
A culpa é do sol, entende?
A culpa é da lua e dessa coisa toda de bucolismo.
Eu só sei que tenho uma vontade de escrever sem freios.
e de escrever sem vírgulas!
Gramática pro saco, enfim.
A metalinguagem é um jeito de escapar das minhas verdades.
eu não quero falar de mim.
eu quero falar da escrita que sou eu e da confusão que é a minha escrita.
Hipérbatos!
Barroco!
Barrocobucolismoarcademeu
A alça da blusa teima em cair.
a alça da blusa teima em cair e a barra do short teima em subir.
eu nunca entendi essa história de pessoas e suas relações com roupas.
eu sei que enjoei desta e que o cheiro desta é mais que meu.
E no fim a escrita e as roupas e o cabelo bagunçado e todo esse bucolismo e Gregório de Matos, é uma batida de mim no caldeirão.
E eu não sei se isso foi uma silepse.
Nem quero saber.
Não quero saber, sabia?
Não quero saber de nada.
A culpa é da lua e dessa coisa toda de bucolismo.
Eu só sei que tenho uma vontade de escrever sem freios.
e de escrever sem vírgulas!
Gramática pro saco, enfim.
A metalinguagem é um jeito de escapar das minhas verdades.
eu não quero falar de mim.
eu quero falar da escrita que sou eu e da confusão que é a minha escrita.
Hipérbatos!
Barroco!
Barrocobucolismoarcademeu
A alça da blusa teima em cair.
a alça da blusa teima em cair e a barra do short teima em subir.
eu nunca entendi essa história de pessoas e suas relações com roupas.
eu sei que enjoei desta e que o cheiro desta é mais que meu.
E no fim a escrita e as roupas e o cabelo bagunçado e todo esse bucolismo e Gregório de Matos, é uma batida de mim no caldeirão.
E eu não sei se isso foi uma silepse.
Nem quero saber.
Não quero saber, sabia?
Não quero saber de nada.
segunda-feira, abril 02, 2007
Mariana XI
Mariana é bem engraçada.
Bees do it, birds do it*,
But Mariana does not.
Mariana e o Óbvio competiram pra ver quem dizia um não mais sonoro.
E no fim, nenhum ganhou,
Que Mariana não daria o braço a torcer.
E não deu.
Mariana nem liga pra Cole Porter e as suas pulgas amestradas e os mosquitos que fazem se divertindo*.
Atualmente, she doesn’t want to fall in love*.
É de Mariana que estamos falando,
E ela ainda morre de medo de estar na boca daquele leão medonho.
Mariana gosta é desse jogo.
E no meio de um bando de músicas de velho, Mariana ouve Night and day, mas ela não tem um one**.
Ela não é a mulher perfeita não, João***.
Mariana é confusa demais pra ser perfeita.
E os nãos sonoros dela, sempre podem virar sins.
Tudo depende da pergunta e do como.
Pra Mariana, não ou sim depende do Lead.
Mariana Lolita atemporal, e sua vontade de perder vícios e emagrecer.
Mariana que não gosta de dizer tchau, como não gosta de ouvir não.
E eu que não entendo quase nada de Mariana,
Tenho que me lembrar que Mariana não sou eu.
* Referências à música de Cole Porter: Let’s do it, let’s fall in love.
** Referência a “Night and day”, de Cole Porter (“Night and day, you are the one…”).
*** João é um cara que disse que Mariana é a mulher perfeita. E eu sou a pessoa escrota que desmente.
**** Notas de rodapé feitas especialmente para incomodar Flora.
Bees do it, birds do it*,
But Mariana does not.
Mariana e o Óbvio competiram pra ver quem dizia um não mais sonoro.
E no fim, nenhum ganhou,
Que Mariana não daria o braço a torcer.
E não deu.
Mariana nem liga pra Cole Porter e as suas pulgas amestradas e os mosquitos que fazem se divertindo*.
Atualmente, she doesn’t want to fall in love*.
É de Mariana que estamos falando,
E ela ainda morre de medo de estar na boca daquele leão medonho.
Mariana gosta é desse jogo.
E no meio de um bando de músicas de velho, Mariana ouve Night and day, mas ela não tem um one**.
Ela não é a mulher perfeita não, João***.
Mariana é confusa demais pra ser perfeita.
E os nãos sonoros dela, sempre podem virar sins.
Tudo depende da pergunta e do como.
Pra Mariana, não ou sim depende do Lead.
Mariana Lolita atemporal, e sua vontade de perder vícios e emagrecer.
Mariana que não gosta de dizer tchau, como não gosta de ouvir não.
E eu que não entendo quase nada de Mariana,
Tenho que me lembrar que Mariana não sou eu.
* Referências à música de Cole Porter: Let’s do it, let’s fall in love.
** Referência a “Night and day”, de Cole Porter (“Night and day, you are the one…”).
*** João é um cara que disse que Mariana é a mulher perfeita. E eu sou a pessoa escrota que desmente.
**** Notas de rodapé feitas especialmente para incomodar Flora.
sábado, março 31, 2007
Óbvio I
O óbvio ouvia o rodar do ventilador e o soar do mundo ao seu redor. Encarava a tela de um computador da mesma forma que uma garota apaioxanada enxega o rosto de um amante: havia o resquicio de consciência que dizia que o ventilador (ou o amante) continuaria a rodar (ou existir), mas que o mundo talvez não o fizesse. Ele, o óbcvio, tinha medo de continuar, invariavelmente.
Sua boca fedia a cigarro barato e seu estômago reclamava da cerveja roubada e, mesmo assim, nada fazia sentido. Porque o óbvio continuava bêbado e sóbrio, talvez, fosse apenas aquilo que sempre fora: um homem assustado com tudo aquilo que se tornara e ainda mais assustado com aquilo que poderia ser.
Sua boca fedia a cigarro barato e seu estômago reclamava da cerveja roubada e, mesmo assim, nada fazia sentido. Porque o óbvio continuava bêbado e sóbrio, talvez, fosse apenas aquilo que sempre fora: um homem assustado com tudo aquilo que se tornara e ainda mais assustado com aquilo que poderia ser.
terça-feira, março 27, 2007
quinta-feira, março 15, 2007
Estou cansada.
Poderia fazer-me de pessoa estressada e mau-humorada com tpm à flor da pele. Não quero.
Quero escrever pra me sentir uma borboleta.
Quero ser uma borboleta voando de flor em flor. Estou cansada dessa coisa de pular de galho em galho. O vôo parece mais seguro e bonito.
Quero asas.
Alguém estava falando sobre asas, mais cedo. Algo sobre não poder voar. Eu não lembro bem. certas coisas, é melhor esquecer. Não dá câncer. Sonhar engorda, eu sei, mas continuo gostando e sonhando.
E plagiando, também. Por que toda frase um dia já foi escrita. E as palavras já foram usadas. Quero inventar palavras novas. Mas não quero ter lingua só minha.
Não desgosto das linguas. Não desgosto da poesia e das rimas e do sexo que a linguagem faz com seus interlocutores locutores entremeios e meandros e mentes. Eu gosto da lingua e de linhas de pensamento.
E eu quero todas as metáforas sem vírgulas.
Gosto tanto de vírgulas.
Gosto de pontos finais e exclamações. Estou cansada de interrogações. Gosto de todos os conectivos.
E quero não mais, mas mas. Que não quero soma, quero adversidade.
Quero que todo mundo entenda.
Estou cansada.
E grito aos quatro ventos com essa cara de silêncio explosivo que as minhas olheiras sustentam.
Se peco pela ortografia, perdão.
Não vou consertar, de qualquer forma.
Poderia fazer-me de pessoa estressada e mau-humorada com tpm à flor da pele. Não quero.
Quero escrever pra me sentir uma borboleta.
Quero ser uma borboleta voando de flor em flor. Estou cansada dessa coisa de pular de galho em galho. O vôo parece mais seguro e bonito.
Quero asas.
Alguém estava falando sobre asas, mais cedo. Algo sobre não poder voar. Eu não lembro bem. certas coisas, é melhor esquecer. Não dá câncer. Sonhar engorda, eu sei, mas continuo gostando e sonhando.
E plagiando, também. Por que toda frase um dia já foi escrita. E as palavras já foram usadas. Quero inventar palavras novas. Mas não quero ter lingua só minha.
Não desgosto das linguas. Não desgosto da poesia e das rimas e do sexo que a linguagem faz com seus interlocutores locutores entremeios e meandros e mentes. Eu gosto da lingua e de linhas de pensamento.
E eu quero todas as metáforas sem vírgulas.
Gosto tanto de vírgulas.
Gosto de pontos finais e exclamações. Estou cansada de interrogações. Gosto de todos os conectivos.
E quero não mais, mas mas. Que não quero soma, quero adversidade.
Quero que todo mundo entenda.
Estou cansada.
E grito aos quatro ventos com essa cara de silêncio explosivo que as minhas olheiras sustentam.
Se peco pela ortografia, perdão.
Não vou consertar, de qualquer forma.
quinta-feira, março 08, 2007
Eu tenho um blog.
Esse texto é exclusivo de uma pessoa. Sim, por que eu posso me dar ao luxo de escrever um texto que vou publicar num blog, mas que é pra uma pessoa só. E é só por que a criatura disse que blogueiros são mentirosos e carentes.
E é claro que eu sou carente. Meu bem, expor literatices que não interessam a ninguém deve ser carência. E as mentiras, todas elas eu invento e transformo em personagens ou poesia. Cada mentira é um verso novo. E assim, confesso-me farsa - o que é irônico, por que a farsa é o dono desse texto e eu disse isso numa conversa de MSN.
Por que eu digo besteiras quilométricas a cada instante. E eu acho que posso me dar ao luxo de fazê-lo. Por que se não fizesse de onde viria a culpa que sustenta o dia a dia? Eu acho a felicidade plena uma coisa inatingível e chata. E paz então, nem se fala. Se a gente não tiver uma ponta de culpa não vive. Mesmo que não se arrependa de nada.
Por que, eu não me arrependo de absolutamente nada. Nem das coisas absurdas que eu digo, nem dos meus pés tortos e dos meus chinelos gastos. E não me arrependo de ter cortado o cabelo quase todo. E de ostentar uma espécie de black power - por que se eu não exagerar este texto perde a graça.
E saibam, sou romântica incorrigível e operante. Sou completamente insana e tenho manias que eu mesma não entendo. E hoje eu saí mais cedo do trabalho pra ver “a feia mais bela”. Acontece que no meio do caminho eu decidi comer um big mac e não cheguei a tempo em casa.
E esse texto é seu, por que eu mudo de opinião, mas não mudei quanto a isso. Eu devia temperar isso com um pouco de acidez, mas não ficaria doce como você. E a minha acidez é ácida demais pra um texto seu. Eu não gosto dela.
E você é a pessoa mais parecida com uma torta de limão que eu já conheci.
Mas eu provavelmente devo estar mentindo, exagerando ou soltando mais um desses reflexos de carência.
Por que eu tenho um blog e isso significa carência e mentiras.
E mais uma: eu odeio a pessoa pra quem escrevi este texto estranho.
E reparem como houve mudanças de interlocutor ao longo desta lambança (ai minha santa concordância!).
E é claro que eu sou carente. Meu bem, expor literatices que não interessam a ninguém deve ser carência. E as mentiras, todas elas eu invento e transformo em personagens ou poesia. Cada mentira é um verso novo. E assim, confesso-me farsa - o que é irônico, por que a farsa é o dono desse texto e eu disse isso numa conversa de MSN.
Por que eu digo besteiras quilométricas a cada instante. E eu acho que posso me dar ao luxo de fazê-lo. Por que se não fizesse de onde viria a culpa que sustenta o dia a dia? Eu acho a felicidade plena uma coisa inatingível e chata. E paz então, nem se fala. Se a gente não tiver uma ponta de culpa não vive. Mesmo que não se arrependa de nada.
Por que, eu não me arrependo de absolutamente nada. Nem das coisas absurdas que eu digo, nem dos meus pés tortos e dos meus chinelos gastos. E não me arrependo de ter cortado o cabelo quase todo. E de ostentar uma espécie de black power - por que se eu não exagerar este texto perde a graça.
E saibam, sou romântica incorrigível e operante. Sou completamente insana e tenho manias que eu mesma não entendo. E hoje eu saí mais cedo do trabalho pra ver “a feia mais bela”. Acontece que no meio do caminho eu decidi comer um big mac e não cheguei a tempo em casa.
E esse texto é seu, por que eu mudo de opinião, mas não mudei quanto a isso. Eu devia temperar isso com um pouco de acidez, mas não ficaria doce como você. E a minha acidez é ácida demais pra um texto seu. Eu não gosto dela.
E você é a pessoa mais parecida com uma torta de limão que eu já conheci.
Mas eu provavelmente devo estar mentindo, exagerando ou soltando mais um desses reflexos de carência.
Por que eu tenho um blog e isso significa carência e mentiras.
E mais uma: eu odeio a pessoa pra quem escrevi este texto estranho.
E reparem como houve mudanças de interlocutor ao longo desta lambança (ai minha santa concordância!).
segunda-feira, março 05, 2007
Jaqueline
Depois de muitos e muitos exames ao longo dos muitos anos de espera, Jaqueline finalmente descobriu um cisto no intestino. Depois de tanto tempo tentando, ela finalmente conseguiu um princípio de câncer. A família hipocondríaca dela foi ao delírio. Em pouco tempo, a família próxima contactou todos os parentes distantes e vizinhos. E todos diziam que rezariam por ela, e a visitavam olhando-a como se ela fosse um cachorro premiado.
E Jaqueline vestia bem a carapuça da mulher com câncer. Tinha orgasmos cósmicos por conta daquilo, mas mantinha feições amenas de mulher lúcida.
A decepção veio quando o médico disse que podia tirar aquele cisto sem maiores danos, e que, se ele se desenvolvesse, seria no máximo um tumor benigno.
Em um mês Jaqueline estava saudável e despedaçada. A mãe dela continuava procurando doenças mil e incuráveis. Jaqueline, pálida daquele jeito, não podia ser saudável... Tão magra... Alguma coisa errada ela tinha.
E Jaqueline sofreu um acidente de carro, quebrou a bacia, fez a glória da família e nunca mais pode andar de salto alto.
_Uma pena! _ A mãe de Jaqueline dizia._ A garota sempre foi tão saudável...
E todos aqueles parentes e vizinhos_ e até ex-colegas de faculdade_ visitavam a pobre acidentada que tinha orgasmos cósmicos e silenciosos.
E Jaqueline vestia bem a carapuça da mulher com câncer. Tinha orgasmos cósmicos por conta daquilo, mas mantinha feições amenas de mulher lúcida.
A decepção veio quando o médico disse que podia tirar aquele cisto sem maiores danos, e que, se ele se desenvolvesse, seria no máximo um tumor benigno.
Em um mês Jaqueline estava saudável e despedaçada. A mãe dela continuava procurando doenças mil e incuráveis. Jaqueline, pálida daquele jeito, não podia ser saudável... Tão magra... Alguma coisa errada ela tinha.
E Jaqueline sofreu um acidente de carro, quebrou a bacia, fez a glória da família e nunca mais pode andar de salto alto.
_Uma pena! _ A mãe de Jaqueline dizia._ A garota sempre foi tão saudável...
E todos aqueles parentes e vizinhos_ e até ex-colegas de faculdade_ visitavam a pobre acidentada que tinha orgasmos cósmicos e silenciosos.
quarta-feira, fevereiro 28, 2007
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Ela
Os cabelos já não eram anelados por conta da escova definitiva. E as paixões já não eram as mesmas por conta da racionalização constante de qualquer sentimento. Decompunha paixões em suspiros e desejos idiotas. E decompunha ódio em êxtase e idiotice.
Pra ela qualquer sentimento e qualquer arrepio eram absurdamente idiotas e desnecessários. A vida devia ser levada a pulso firme e olhos duros. As relações interpessoais eram mera necessidade capitalista. E ela gostava do mundo virtual por conta dos contatos distantes e frios. Ela não gostava mais de gente.
Se mantinha linda com postura perfeita pra ser inacessível. E chorava todas as noites pra agüentar o tranco de ser uma máscara.
Pra ela qualquer sentimento e qualquer arrepio eram absurdamente idiotas e desnecessários. A vida devia ser levada a pulso firme e olhos duros. As relações interpessoais eram mera necessidade capitalista. E ela gostava do mundo virtual por conta dos contatos distantes e frios. Ela não gostava mais de gente.
Se mantinha linda com postura perfeita pra ser inacessível. E chorava todas as noites pra agüentar o tranco de ser uma máscara.
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Mariana X
E antes que o mundo real voltasse a existir
Mariana precisou me contar dos dias que passou no seu refúgio lá na Bahia.
Ela disse que dançou até não aguentar de dor nos ossos.
E disse que aquele cara a quem ela olhava de longe a tirou do sério no jogo do sério.
Disse que os beijos todos eram esfomeados e ininterruptos.
Disse que ainda sentia falta.
Disse que não queria o mundo real.
Mariana sorria e não se sentia confusa.
De galho em galho, aquele era especial e efêmero.
Um galho de carnaval.
Lolita da cidade foi pr'aqueles cantos.
Mariana não fez nada, mas na despedida foi uma hora sem parar.
e ela não queria se despedir.
Mariana agora sente falta e sorri.
Problema vai ser voltar pro mundo real.
*Nota- Exitem dois textos não publicados que falam sobre Mariana. A situação óbvia se esclarece, mas não é hora de publicar.
Mariana precisou me contar dos dias que passou no seu refúgio lá na Bahia.
Ela disse que dançou até não aguentar de dor nos ossos.
E disse que aquele cara a quem ela olhava de longe a tirou do sério no jogo do sério.
Disse que os beijos todos eram esfomeados e ininterruptos.
Disse que ainda sentia falta.
Disse que não queria o mundo real.
Mariana sorria e não se sentia confusa.
De galho em galho, aquele era especial e efêmero.
Um galho de carnaval.
Lolita da cidade foi pr'aqueles cantos.
Mariana não fez nada, mas na despedida foi uma hora sem parar.
e ela não queria se despedir.
Mariana agora sente falta e sorri.
Problema vai ser voltar pro mundo real.
*Nota- Exitem dois textos não publicados que falam sobre Mariana. A situação óbvia se esclarece, mas não é hora de publicar.
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Eu disse que sou consumista.
Eu disse que sou foliã.
Eu disse que sou fria.
Eu disse que não sinto nada.
E disse que tá tudo bem.
Vai empedrar,
vai passar.
Ou não.
A palavra é uma roupa que a gente veste.
Por hoje ando nua.
Os olhos pretos dizem tudo e nada.
E me solto do chão que me falta sob os pés.
Eu disse que sou consumista.
tenho logo que comprar sapatos, ouchão.
Eu disse que sou foliã.
Eu disse que sou fria.
Eu disse que não sinto nada.
E disse que tá tudo bem.
Vai empedrar,
vai passar.
Ou não.
A palavra é uma roupa que a gente veste.
Por hoje ando nua.
Os olhos pretos dizem tudo e nada.
E me solto do chão que me falta sob os pés.
Eu disse que sou consumista.
tenho logo que comprar sapatos, ouchão.
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Mariana IX
Eu realmente preferia não ter que falar dela hoje.
Eu tinha prometido a mim que a deixaria de lado.
Mas a Mariana adora insistir.
Já disse que não sou boa em falar de raiva, mas ela está com raiva e sou eu quem tenho que falar da raiva dela.
A Mariana hoje viu o cara de quem ela não gosta.
Ele pediu uma caneta emprestada e depois a fez tremer na hora de devolver.
E a caneta, agora, está com o óbvio.
Obviamente Mariana não sabia o que aconteceria depois, ao emprestar a porcaria da caneta.
Ele bem disse que não era assim, tão óbvio.
Ela devia ter levado mais à sério e mantido um pé atrás.
A Mariana anda se sentindo uma idiota,
mas o problema é dela, não meu.
Ela pode ser fria,
mas é problema dela.
Ela pode gritar,
mas é problema dela.
Por mim, que ela sambe.
Por mim, ela devia é ir ver o mar.
Mariana é bonita, quem não vê?
Se pegasse um bronze talvez deixase de ser idiota e esquecesse de todas essas coisas óbvias.
Eu tinha prometido a mim que a deixaria de lado.
Mas a Mariana adora insistir.
Já disse que não sou boa em falar de raiva, mas ela está com raiva e sou eu quem tenho que falar da raiva dela.
A Mariana hoje viu o cara de quem ela não gosta.
Ele pediu uma caneta emprestada e depois a fez tremer na hora de devolver.
E a caneta, agora, está com o óbvio.
Obviamente Mariana não sabia o que aconteceria depois, ao emprestar a porcaria da caneta.
Ele bem disse que não era assim, tão óbvio.
Ela devia ter levado mais à sério e mantido um pé atrás.
A Mariana anda se sentindo uma idiota,
mas o problema é dela, não meu.
Ela pode ser fria,
mas é problema dela.
Ela pode gritar,
mas é problema dela.
Por mim, que ela sambe.
Por mim, ela devia é ir ver o mar.
Mariana é bonita, quem não vê?
Se pegasse um bronze talvez deixase de ser idiota e esquecesse de todas essas coisas óbvias.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Sobre escrever, ou algo do tipo.
Todo mundo sabe que a minha escrita é meu alicerce. Tá na minha cara que a minha vida não seria a metade do que é e eu não seria a metade do que sou sem a escrita. Na verdade, Eu não seria sem escrita. Sei que são três e quarenta e cinco da madrugada e a única justificativa mais ou menos plausível que eu encontrei pra ter acordado foi a escrita.
A escrita é minha porta de entrada e minha porta de saída. E eu não tenho porque esconder escrito algum. Não tenho que esconder nada de ninguém. As personagens já são domínio público. Eu devo um final à todas. Mesmo querendo que elas não tenham fim. E elas continuam jorrando de mim feito pus e pocando feito espinhas. Gosto de todas, é bem verdade, mesmo daquelas que eu crio só pra matar- e assim, sobreviver ao meu próprio mau humor.
Está tarde quase cedo e eu queria ouvir uma história. Contar uma história pra mim mesma não seria o ideal.
Eu sempre fui a Eva Luna e a Sherazade- mesmo nunca tendo lido “As mil e uma noites”. Eu queria uma história pura e natural, feito suor. E provavelmente minhas metáforas não são assim, tão agradáveis.
O que quero dizer é que a escrita faz parte do corpo. A escrita faz parte do corpo feito pus e cravo e suor. A escrita é vômito e secreção, sim. Se fica dentro tempo demais ela faz mal. A escrita tem que ser posta pra fora, se não ela fede, inflama, empedra.
São quase quatro horas da manhã e eu tenho que trabalhar logo que o sol nascer. Estamos em horário de verão e ele custa. O sol não é metáfora minha.
Eu preciso muito de uma rima, já que não posso mais dormir.
A escrita é minha porta de entrada e minha porta de saída. E eu não tenho porque esconder escrito algum. Não tenho que esconder nada de ninguém. As personagens já são domínio público. Eu devo um final à todas. Mesmo querendo que elas não tenham fim. E elas continuam jorrando de mim feito pus e pocando feito espinhas. Gosto de todas, é bem verdade, mesmo daquelas que eu crio só pra matar- e assim, sobreviver ao meu próprio mau humor.
Está tarde quase cedo e eu queria ouvir uma história. Contar uma história pra mim mesma não seria o ideal.
Eu sempre fui a Eva Luna e a Sherazade- mesmo nunca tendo lido “As mil e uma noites”. Eu queria uma história pura e natural, feito suor. E provavelmente minhas metáforas não são assim, tão agradáveis.
O que quero dizer é que a escrita faz parte do corpo. A escrita faz parte do corpo feito pus e cravo e suor. A escrita é vômito e secreção, sim. Se fica dentro tempo demais ela faz mal. A escrita tem que ser posta pra fora, se não ela fede, inflama, empedra.
São quase quatro horas da manhã e eu tenho que trabalhar logo que o sol nascer. Estamos em horário de verão e ele custa. O sol não é metáfora minha.
Eu preciso muito de uma rima, já que não posso mais dormir.
sábado, fevereiro 10, 2007
Mariana VIII
Mariana hoje, se lembrou do Bicho Papão.
O Bicho Papão é um babaca com quem Mariana esteve, mas que nunca esteve de verdade com ela.
Por esses dias ela também esbarrou com o álibi, aquele que não a deixava mentir sobre nada, mas que era álibi por que provava que por um tempo ela teve paixão fixa.
O Bicho Papão tem barba grande e anda assustando Mariana.
Ela não quer esbarrar com ele, flertar com ele, beijá-lo ou simplesmente perceber que ele ainda existe.
Mariana rompeu com o Bicho Papão há tempos atrás.
Ela disse a ele que ele a fazia sentir nojo e ter vontade de vomitar.
Não mentiu.
O Bicho Papão não é uma boa.
Não vale à pena.
Não cabe nem como rima de um poema.
Mas eu posso falar, que ele é problema só da Mariana.
E ela não quer esse problema.
Mariana anda entretida com pontadas óbvias de nada que parece alguma coisa.
Mariana riu-se do álibi.
Ela já teve paixão, álibi e Bicho Papão.
E do óbvio ela foge, faz parte do show.
O óbvio só traz confusão.
Saudades até do Bicho Papão.
Mariana foge é da contramão.
o óbvio não, tem que ser mão, e eu apóio.
Não adianta nada, Mariana não me ouve.
O Bicho Papão é um babaca com quem Mariana esteve, mas que nunca esteve de verdade com ela.
Por esses dias ela também esbarrou com o álibi, aquele que não a deixava mentir sobre nada, mas que era álibi por que provava que por um tempo ela teve paixão fixa.
O Bicho Papão tem barba grande e anda assustando Mariana.
Ela não quer esbarrar com ele, flertar com ele, beijá-lo ou simplesmente perceber que ele ainda existe.
Mariana rompeu com o Bicho Papão há tempos atrás.
Ela disse a ele que ele a fazia sentir nojo e ter vontade de vomitar.
Não mentiu.
O Bicho Papão não é uma boa.
Não vale à pena.
Não cabe nem como rima de um poema.
Mas eu posso falar, que ele é problema só da Mariana.
E ela não quer esse problema.
Mariana anda entretida com pontadas óbvias de nada que parece alguma coisa.
Mariana riu-se do álibi.
Ela já teve paixão, álibi e Bicho Papão.
E do óbvio ela foge, faz parte do show.
O óbvio só traz confusão.
Saudades até do Bicho Papão.
Mariana foge é da contramão.
o óbvio não, tem que ser mão, e eu apóio.
Não adianta nada, Mariana não me ouve.
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Azia
Eu não sei.
Sinto essa azia de vontade de vomitar alguma coisa em letras que eu não sei de onde vem. Eu me amontôo é que o verso se perde e eu também me perco. São muitos os assuntos que eu quero tratar nesse único texto.
**
A menina do elevador tinha medo da chuva. Ela e sua bolsa rosa tinham que subir e buscar o guarda-chuva. Se não fizesse isso simplesmente não ia sair. A mãe que esperasse tomando na própria testa os pingos grossos.
**
Comprei mais um livro de poemas. O segundo da semana. Eu não sei ao certo por que essa compulsão. Eu não sou intelectual. Assisto novelas e gosto de conversar com pessoas aparentemente burras. Eu bebo.
**
Hoje de manhã eu fui abrir a porta de vidro e ela caiu. Segunda vez que isso acontece. Eu devo ter o corpo fechado. Aos dez anos a porta do box quebrou em cima de mim. Hoje foi a porta de vidro. Não me cortei. Nem um arranhão. Varri o chão e ficou por isso mesmo.
Acho que não vou morrer de vidro em pele.
**
As minhas personagens todas eu levo pra cama. Agora mesmo Mariana dança sem cara do meu lado. Eu não sei se as sou, se elas me são ou se eu as vejo. Preciso falar daquela nordestina se não sufoco.
**
Eu queria um poema de sete faces pra ser importante, que gauche eu já sou. Ser esquerda não é assim tão ruim. Ando de mãos dadas com a poesia toda. Irene preta no céu nem liga pra mim. Acho que não dou Bandeira. Talvez Ana C.
O problema é minha tpm, não dá frutos tão interessantes quanto a de todas aquelas poetas importantes.
Eu queria ser doce feito Florbela.
Eu tenho cheiro de flor, comprei na loja.
**
Iracema é maravilhosa, cuida da minha casa como se fosse dela. A casa é mais dela do que minha. Talvez esse meu lugar não seja tão meu quanto é dela. Acho que Iracema ama esse chão. Iracema não entende de bactérias. Eu também não. Eu fervo a bucha, ela guarda todas. E eu jogo fora por que tenho nojo. A bucha custa um real.
**
Agora eu trabalho. Antes eu era só a filhinha do papai. Acho que não faz meu estilo ser filhinha de papai.
**
Passar maquiagem é mais complicado do que parece, a simetria dos olhos é importantíssima ao charme.
**
Ele me perguntou o porquê dos olhos escuros. Eu respondi que era pra estar bonita e ele pensou que eu estava triste. Ser bela e triste parece poético. Eu não sou bela. Quero Florbela.
**
Vou ter mais um irmão, é o sétimo agora. Os outros 6 são todos lindos e simpáticos. Eu adoro todos os meus irmãos. A gente briga, quase se mata. Já dei na cara da minha irmã algumas vezes. Ela me disse que a culpa de tudo dar errado é toda minha. Eu sei que a culpa não é dela. Não posso ser assim, tão cruel.
Meu irmão mais novo aprendeu a falar meu nome.
**
Eu não ando procurando muito sentido nas coisas. Me disseram que eu reclamo e não busco soluções.
Solução me lembra química e eu sempre disse que não gosto de biomédicas.
Estequiometria parece divertido, é mais matemática que o resto. A tabela me dá a massa.
**
Ele me olha como quem ensaia os passos. Ele ainda não sabe andar sem mão de mãe.
Ele sorri e é lindo.
**
Me ligou bêbado.
Me senti um lixo.
**
Não quero ser resto. Isso me parece sonho. Mais um daqueles textos iguais. Eu devo ter alguma espécie de molde.
**
A Cinderela tinha um pé grande e a fada madrinha arrumou um sapato que disfarçava. O problema é que todas as garotas do reino podiam por o pé ali. Cinderela era um monstro rústico. Tão agressiva e piranha que levou aquele príncipe.
**
Eu sou burra feito uma porta.
**
Não quero ter filhos, não sei.
**
Meu pai está demorando no banho. Minha mãe espera pra conversar com ele agora. A minha azia poética não está passando. Acho que de mim não sai mais poesia. Ou sai. Não sei. Gosto da repetição dos fonemas todos. Podia pedir que me dessem versos prontos de vozes veladas veludosas vozes, mas não sei fazer igual.
**
A azia não vai passar e eu não vou tomar bicarbonato. Ana C. do meu lado diz que é Jazz do coração.
Tenho que parar de ler texto de mulherzinha. Elas me tocam muito. Eu sou todas elas. Tenho medo de escrever como todo mundo. Tenho um medo danado de ser igual.
Parir poemas não é como parir crianças.
Tenho medo dos poemas do carnaval, eles nascem antes de novembro.
Sinto essa azia de vontade de vomitar alguma coisa em letras que eu não sei de onde vem. Eu me amontôo é que o verso se perde e eu também me perco. São muitos os assuntos que eu quero tratar nesse único texto.
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A menina do elevador tinha medo da chuva. Ela e sua bolsa rosa tinham que subir e buscar o guarda-chuva. Se não fizesse isso simplesmente não ia sair. A mãe que esperasse tomando na própria testa os pingos grossos.
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Comprei mais um livro de poemas. O segundo da semana. Eu não sei ao certo por que essa compulsão. Eu não sou intelectual. Assisto novelas e gosto de conversar com pessoas aparentemente burras. Eu bebo.
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Hoje de manhã eu fui abrir a porta de vidro e ela caiu. Segunda vez que isso acontece. Eu devo ter o corpo fechado. Aos dez anos a porta do box quebrou em cima de mim. Hoje foi a porta de vidro. Não me cortei. Nem um arranhão. Varri o chão e ficou por isso mesmo.
Acho que não vou morrer de vidro em pele.
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As minhas personagens todas eu levo pra cama. Agora mesmo Mariana dança sem cara do meu lado. Eu não sei se as sou, se elas me são ou se eu as vejo. Preciso falar daquela nordestina se não sufoco.
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Eu queria um poema de sete faces pra ser importante, que gauche eu já sou. Ser esquerda não é assim tão ruim. Ando de mãos dadas com a poesia toda. Irene preta no céu nem liga pra mim. Acho que não dou Bandeira. Talvez Ana C.
O problema é minha tpm, não dá frutos tão interessantes quanto a de todas aquelas poetas importantes.
Eu queria ser doce feito Florbela.
Eu tenho cheiro de flor, comprei na loja.
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Iracema é maravilhosa, cuida da minha casa como se fosse dela. A casa é mais dela do que minha. Talvez esse meu lugar não seja tão meu quanto é dela. Acho que Iracema ama esse chão. Iracema não entende de bactérias. Eu também não. Eu fervo a bucha, ela guarda todas. E eu jogo fora por que tenho nojo. A bucha custa um real.
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Agora eu trabalho. Antes eu era só a filhinha do papai. Acho que não faz meu estilo ser filhinha de papai.
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Passar maquiagem é mais complicado do que parece, a simetria dos olhos é importantíssima ao charme.
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Ele me perguntou o porquê dos olhos escuros. Eu respondi que era pra estar bonita e ele pensou que eu estava triste. Ser bela e triste parece poético. Eu não sou bela. Quero Florbela.
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Vou ter mais um irmão, é o sétimo agora. Os outros 6 são todos lindos e simpáticos. Eu adoro todos os meus irmãos. A gente briga, quase se mata. Já dei na cara da minha irmã algumas vezes. Ela me disse que a culpa de tudo dar errado é toda minha. Eu sei que a culpa não é dela. Não posso ser assim, tão cruel.
Meu irmão mais novo aprendeu a falar meu nome.
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Eu não ando procurando muito sentido nas coisas. Me disseram que eu reclamo e não busco soluções.
Solução me lembra química e eu sempre disse que não gosto de biomédicas.
Estequiometria parece divertido, é mais matemática que o resto. A tabela me dá a massa.
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Ele me olha como quem ensaia os passos. Ele ainda não sabe andar sem mão de mãe.
Ele sorri e é lindo.
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Me ligou bêbado.
Me senti um lixo.
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Não quero ser resto. Isso me parece sonho. Mais um daqueles textos iguais. Eu devo ter alguma espécie de molde.
**
A Cinderela tinha um pé grande e a fada madrinha arrumou um sapato que disfarçava. O problema é que todas as garotas do reino podiam por o pé ali. Cinderela era um monstro rústico. Tão agressiva e piranha que levou aquele príncipe.
**
Eu sou burra feito uma porta.
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Não quero ter filhos, não sei.
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Meu pai está demorando no banho. Minha mãe espera pra conversar com ele agora. A minha azia poética não está passando. Acho que de mim não sai mais poesia. Ou sai. Não sei. Gosto da repetição dos fonemas todos. Podia pedir que me dessem versos prontos de vozes veladas veludosas vozes, mas não sei fazer igual.
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A azia não vai passar e eu não vou tomar bicarbonato. Ana C. do meu lado diz que é Jazz do coração.
Tenho que parar de ler texto de mulherzinha. Elas me tocam muito. Eu sou todas elas. Tenho medo de escrever como todo mundo. Tenho um medo danado de ser igual.
Parir poemas não é como parir crianças.
Tenho medo dos poemas do carnaval, eles nascem antes de novembro.
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