quarta-feira, abril 21, 2010

Mariana XXXIX

Tinha ficado tanta coisa atravessada
Tanta coisa não dita
Que Mariana quase confessou ao cachorro
que doía cada vez que um Lucas
Era carne
E queria ser posse
em trocas de saliva com ela.
O cachorro soube apenas
que corpo esponjoso e mucosa
eram coisas sérias
demais
para que Mariana os misturasse
sem envolvimento.
E ele sorriu
para depois sumir.
E Mariana abriu sua temporada de caça ao Cachorro
Pensando que talvez houvesse solução
e esperança
Quando abanassem o rabo e se farejassem
Mas ela não sabia
Que o cachorro faria questão de ser tão etéreo quanto ela
E fugia como mulher.
Os dois se encontravam
E ele se enroscava em outras moças
Então aquele ciúme que andava perdido
voltou a embriagá-la
E Mariana teve raiva
do cachorro
E de si.

Então tomou mais um suco de laranja
com o cara de quem ela não gosta.

2 comentários:

Olga Durães disse...

senhorita Aline e seu alter ego Mariana. Muito, muito bom.

Juan Moravagine Carneiro disse...

Belo mosaico, porém confesso que vou ter que retornar mais tarde para poder ler mais uma vez e tentar achar alguma "brecha" que me permita adentrar mais fundo em seu poema!