quarta-feira, maio 19, 2010

Nos embalos dos abraços de seus braços

Sempre gostei muito de abraço. Sempre fui muito de abraço. Mais abraço do que beijo, inclusive. Se fosse pra escolher, era aquele casaco de braços e tórax e peitos que eu queria em volta de mim. Mais nada.
O melhor abraço era sempre o da Fernanda. Nem era muito minha amiga, nem nada, mas tinha uns peitos grandes que confortavam bem qualquer pessoa. Tinha aquele abraço macio e aquele sorriso complemento que fazia de tudo muito mais sincero. Mas nela eu nunca fiquei encolhida por que o conforto era ocasional e pouco íntimo.
Uma vez tinha um menino que eu conheci criança e tinha um cabelo todo feito de cachos. Também tinha pernas grandes, um corpo todo grande, uns braços que pareciam capazes de envolver o mundo inteiro. Talvez muita gente tivesse medo de toda aquela imponência, mas eu abraçava e parecia estar dentro de um daqueles cachos. Segura.
Outro lá, antigo amor morto e enterrado, tinha um timing perfeito. Era pequeno, mãos finas, um corpo sem muitos atrativos e cheiro sempre igual do mesmo desodorante. Não sei se era o cheiro ou os braços, mas ali eu tinha o corpo todo misturado com o meu e parecia inteira. E eu não precisava de mais nada se estivesse triste.
Mais tarde apareceu um outro garoto com cachos muitos que antes de abraço me fez massagem nos ombros. Nele aninhada eu ficava pequena e quase sumia. Parecia que aquele abraço me acompanharia por pelo menos dez anos.
Então veio um outro rapaz que parecia ser todo carne. Vendo-o assim, não podia fazer outra coisa que não comê-lo. E comi. Mas ele, do outro lado,talvez não visse assim tanta carne. Pegou seu grande corpo e seus grandes braços e fez dele próprio o meu lençol. Me abraçou.
Caí inteirinha.
Ninguém precisa de mais nada para matar solidão.
Só ternura.

3 comentários:

Juan Moravagine Carneiro disse...

Mas é sempre bom saber separar solidão de isolamento...

Anônimo disse...

Olá! Obrigada por me convidar a enviar algum de meus textos para a revista que está organizando. Estou curiosa para ter acesso a seu trabalho. Quando estiver no ar, divulgue o link para que eu possa acessar.

Abraço,

Stefani Martins

Lívia Corbellari disse...

me deu ate vontade de abraçar alguem ^^