A tela é branca. Tem que ter maior parte branca pra ter tesão de papel. Escrever em tela não é a mesma coisa por que o pulso não dói e as coisas saem mais rápido e tem correção automática. A poesia, no entanto, não se perde. Há o tempo do raciocínio e tudo o mais.
Falo disso por que quero escrever e não tenho assunto.
Poderia gastar falando sobre como fim de ano me toca e me deixa nostálgica, mas quero falar de paixão.
Ando seca.
A narrativa continua tendo a mesma graça, mas não sei mais inventar histórias e frases.
Poderia então apelar para nudez absoluta e bela.
Descreveria a cena de dois amantes. Ele deitado, olhando pra ela. Ela sentada na beirada da cama. O ventilador que fica na cabeceira venta contra o cabelo dela e a luz que vem da janela incide na pele dela. Ele não consegue se conter em dizer o quanto ela é bela e ela sabe que a cena favorece isso.
A nudez é bela.
O branco da folha é uma coisa muito bela, como a tinta da caneta e toda a narrativa por traz das narrativas de papel. O atrito é mesmo muito belo.
Então escrevo e me dispo. Aí você vê e me diz se é belo.
O quadro todo favorece.
Minha mão pulsa e venta.
3 comentários:
Eu digo: é belo!
vim procurando a estória do cabelo,whisky e champagne, mas não saio decepcionada.
prefiro um teclado a uma folha.
mas só nos dias que o corpo chove.
dá para escrever champagne de uma vez?! ham
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