segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Sobre escrever, ou algo do tipo.

Todo mundo sabe que a minha escrita é meu alicerce. Tá na minha cara que a minha vida não seria a metade do que é e eu não seria a metade do que sou sem a escrita. Na verdade, Eu não seria sem escrita. Sei que são três e quarenta e cinco da madrugada e a única justificativa mais ou menos plausível que eu encontrei pra ter acordado foi a escrita.
A escrita é minha porta de entrada e minha porta de saída. E eu não tenho porque esconder escrito algum. Não tenho que esconder nada de ninguém. As personagens já são domínio público. Eu devo um final à todas. Mesmo querendo que elas não tenham fim. E elas continuam jorrando de mim feito pus e pocando feito espinhas. Gosto de todas, é bem verdade, mesmo daquelas que eu crio só pra matar- e assim, sobreviver ao meu próprio mau humor.
Está tarde quase cedo e eu queria ouvir uma história. Contar uma história pra mim mesma não seria o ideal.
Eu sempre fui a Eva Luna e a Sherazade- mesmo nunca tendo lido “As mil e uma noites”. Eu queria uma história pura e natural, feito suor. E provavelmente minhas metáforas não são assim, tão agradáveis.
O que quero dizer é que a escrita faz parte do corpo. A escrita faz parte do corpo feito pus e cravo e suor. A escrita é vômito e secreção, sim. Se fica dentro tempo demais ela faz mal. A escrita tem que ser posta pra fora, se não ela fede, inflama, empedra.
São quase quatro horas da manhã e eu tenho que trabalhar logo que o sol nascer. Estamos em horário de verão e ele custa. O sol não é metáfora minha.
Eu preciso muito de uma rima, já que não posso mais dormir.

4 comentários:

Juliana Marchioretto disse...

Adorei, moça!
E minha relação com a escrita é exatamente essa... sem ela, nada.

beijo

Marcela Rangel disse...

"Está tarde quase cedo e eu queria ouvir uma história."

Adorei essa parte.

E as suas metáforas chegam querendo incomodar, fazer sentir...e conseguem!

:)

Beijos beijos

:**

Carol Almeida disse...

gostei das tuas metáforas. eu quase posso senti-las, vivas, feito sangue quente correndo nas veias. feito a própria escrita.
abraço.

L.S. Alves disse...

O negócio é escrever.
A escrita é que nem músculo, tem que exercitar.