segunda-feira, abril 01, 2013

mais um de saudade dela


Fiquei procurando em mim aquela ruga que era sua, as bolsas embaixo dos olhos que eram dele, mas estou nova. A genética só me deu a barriga e nem os peitos me salvam a vida. Mas você, mesmo deposta, deu seu jeito de dizer: siga, minha filha, me deixa aqui, eu estou bem.
Ainda procuro em mim as suas bochechas, a sua cor, seus traços. Não sou você nem tenho tanta paciência. O sonho não me disse que ela foi construída, mas você me disse aquele dia perto do espelho:
_ És uma batalhadora, minha filha. Igual à sua avó.
Sou uma batalhadora, vózinha. Não tá sendo fácil, não, mas você me disse pra te deixar quieta e eu vou deixar, vou fazer bolo, vou seguir em frente, vou tentar aplicar aquelas coisas que aprendi com você.
É na frente que a gente anda, né? Quem quiser que venha atrás porque você foi igual uma japonesa ascendendo os caminhos.
Eu vou também. 

Nenhum comentário: