Amigo querido, eu sei que disse que era louca a sua moça
porque ela acreditava precisar mudar e não queria te envolver nisso. Mas você
não sabe quanta coisa pode mudar numa vida e numa cabeça de um dia para o
outro. Ontem um amigo antigo me disse que eu coloco pontos demais nos meus
textos.
E me disseram, também, hoje cedo, que eu fui grosseira –
como também já disseram tantas outras vezes em que eu não dei razão. Amigo
querido, eu sei que você confia nas coisas que eu digo, mas eu não confio mais
tanto assim.
Detesto falta de educação, gente grosseira, falta de
gentileza. Detesto. E detesto muito também não conseguir entender as coisas e
por isso pergunto sempre e muito. Então eu sei que eu preciso mudar todos os
dias e não posso ficar estagnada. Também sua moça não pode. Ela entende as
próprias falhas e se enxerga enquanto adulta.
E pode ser que te ame, mas e daí? Esse negócio de ser gente
grande é dolorido e você sabe. É dolorido pra ela também, e pra mim. E
auto-crítica é pior ainda, querido amigo. Sua moça só quer melhorar, botar
menos pontos, ser menos grosseira, se abrir mais pro mundo, entender o próprio
lugar, sei lá.
Não a conheço. Mas em algum momento você também vai perceber
que não está bem como está e precisa melhorar por você mesmo. E pode não ser
tão pesado pra você quanto é pra ela, mas e daí? Pode ser que você nunca passe
por nada parecido.
Mas guarde a moça, querido amigo. Aguarde a moça. Agüente a
moça. Tente entendê-la. Por mais que doa, a carência da gente é mesmo uma coisa
egoísta demais.
Um comentário:
Não é tão obvio como parece, despista as vezes... mas ao mesmo tempo tão explicito, tão claro, tão evidente...
Postar um comentário