sábado, dezembro 18, 2010

our song

Johann me bate que é uma beleza. São mãos muito calejadas, as dele. Cabo de enxada, cano de ônibus, martelo pra pregar nossos quadros na parede. Johann me bate no intervalo entre uma ou outra música de Bach.

Depois viaja.

Aí eu fico apanhando de saudade.

Quando a mão bate, estala e fica, eu gosto. Meu calor dissolvendo nos restos de calo e a pele avermelhando. Depois ele puxa e segura os braços que dói um monte. Bach tocando dessa vez. Depois é rock.

Johann gosta mesmo de metal enquanto me morde as coxas. Johann me abate. As mãos se moldando direitinho nos meus contornos. Johann me sabe desde antes de inventar fotografia.

Agora quieto, longe, me faz carinho na cabeça. Johann não deve estar bem. Morro de medo de ele me deixando. E quando ele se cala, aí é que eu me ralo.