E ultra fora do meu tempo.
Caríssimos sete (meus únicos) leitores de estimação, bom dia. Boa tarde. Ótimas noites! Ando com muito orgulho de falar português, mesmo não sabendo sambar um átomo sequer. Gostaria de declarar como quem grita que palavra boa em português nasce de Pindorama desde a carta de Caminha.
Quem disse não fui eu, foi o Zuenir Ventura numa palestra que eu tive a sorte de assistir. Pense, leitor número sete, que a carta que olha para as vergonhas descobertas das índias desavergonhadas é samba puro. E o Zuenir disse também que há muito de crônica.
Mas, meu Deus! Tupã! Zeus! Thor! Me digam: que raios é essa coisa de crônica? Zuenir Ventura disse que pode ser tudo, mas não pode ser chato. Disse também que Rubem Braga era o máximo falando de nada. E que delícia ler sobre suas aulas de inglês!
Está tudo lá, em bom português. Rubem falou do que parecia não ser um livro, do que era um cinzeiro, esse samba todo de aprender língua dos outros...
Depois, minha cabeça automática pensa em Drummond falando que “fulana é toda dinâmica, tem um motor na barriga. Suas unhas são elétricas, seus beijos refrigerados, desinfetados, gravados em máquina multilite”. Mas Drummond sequer conhece fulana. E eu? Eu sou brasileira que não sabe nada de samba nem de letra.
Então, eu danço com Ella. Americanizadíssima. Voltei assim do último filme de Hollywood. E Ella? Brasileiríssima cantando um monte de Jobim nessa playlist que é americana até no nome.
Façamos então o seguinte: vamos agora Caetanear! Perguntemos juntos no meio da música dele: o que quer, o que pode essa língua?
Mas se não há resposta para vocês, como não há para mim (e eu espero mesmo que essa resposta nunca venha inteira), vamos dançar, sambando ou não. Dancemos palavras, sons, Ella, eu, vocês e os braços todos dados!
Agora, vamos todos brincar de roda (de samba ou de leitura, ou de qualquer outro sentido)!