Pegou as coisas, jogou na mala e foi embora. Uma bolsa de lado leve com caneta e papel e a mala grande que ela mal aguentava carregar.
Anna foi por que não podia ficar e nem sabia como é que as coisas continuariam naquele lugar de banheiros sujos e brigas constantes. A colega de quarto nem tinha acordado. Se bem que, pra ela, pouco importava o que quer que acontecesse com a outra.
O sono já não era companhia constante e talvez não voltasse a ser enquanto a conciência pesasse mais que a mala. Toda a melancolia ela anotava com letras trêmulas no caderno que não saia de perto dela.
Desceu na rua errada e não sabia mais como seguir, nem pra onde. Ia puxar o caderno pra anotar alguma coisa, mas sentiu um cano frio na altura da cintura.
- Passa a bolsa.
- Por favor, não, moço.
- Eu não tô brincando.
A mala ficou, o caderno foi. No fim das contas, Anna só sentou e chorou.
10 comentários:
tadinha
aí a gente vê uma das vantagens de se escrever em blogue: é muito mais difícil de um ladrão te roubar os textos.
Muito tempo que eu fiquei sem vir aqui. Achei o "Velha" (não ovelha. Trocadilho indigesto) deliciosamente inesperado, e "uma inconstância cansativa para manter tudo constante" é o tipo de coisa que não sei de ninguém mais que escreveria com tanta naturalidade quanto você.
Acho que encontrei o Blog de uma futura e talentosa Escritora.
Fiquei com pena da Anna...
coitada da anna...
Alinistico!*
que odio.
Podia ter dado com a malona na cabeça do sacripanta
humpf!!
Não era o dia da Anna.
Mas vão se os anéis de ouro e ficam-se as bijouterias porque ladrão não besta...
Gosto tanto.
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