A violência não me assusta mais, como assustava. A solidão,
em si, também não. Sempre foi uma amiga.
O que me assusta são esses medos novos que eu nem conhecia. Medo
de cair, gente, medo de subir, gente. Medo de ser eletrocutada mesmo com
borracha no pé. Medo de poema.
A violência da subtração abrupta não me assusta, mas o
desespero do assaltante me comove. O moço magro e gritalhão não parecia
acostumado a pegar nada de ninguém, parecia precisar daquele telefone mais do
que eu.
Entreguei, quase sem medo, mas atônita, e fui pra longe da solidão. O roubo me assaltou menos que o poema mandado mais cedo. O poema recebido me botava muda, e eu caí de mim no chão, estatelada.
Não sou musa de nada, nem forte, nem bonita assim que nem
poema. O assaltante me levou o celular, o poeta me levou o chão.
Entreguei, quase sem medo, mas atônita, e fui pra longe da solidão. O roubo me assaltou menos que o poema mandado mais cedo. O poema recebido me botava muda, e eu caí de mim no chão, estatelada.
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