Porque eu estou cansada como se o tempo inteiro, e o corpo
inteiro, fosse percussão. Apanho, nêgo, e cansaço é mais caro do que o dia de
amanhã. Se me tocasse hoje, mole, se me deixasse o amanhã quieto, e se viesse
como valsa, delicado, nem sei.
A bagunça é inevitável. Mesmo arrumada, alinhada, maquiada,
e tal, me cai no peito o café. Não existe freio agora que é morro abaixo. Mais um
batuque de manhã, outro de tarde. Caixas.
Se você fosse leite eu bebia pra ter cálcio, mas ele sempre
volta e eu não tenho área de escape além da pele densa. Ele não dá mais
ressaca. Desce garganta abaixo e pronto: um alento.
Não quero mais ir embora porque volta e meia tem mão pra
segurar. Estou cansada como se fosse sozinha, e cada dia menos solidão. Há
braços.
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