quarta-feira, maio 29, 2013

ternurinha

Meu benzinho, se você soubesse a diferença e o tamanho do carinho. Se você soubesse dos meus armários, do volume de doçura, da tendência ao cafuné e do resto, nem ligava pra falta de força no braço. Meu benzinho, se você soubesse a graça desses diminutivos e a suavidade da ternura, se você soubesse que sou suavíssima casca grossa, permitiria a delicadeza. Meu benzinho, eu sei que não te permito a entrada, mas calme-se. Qualquer dia me envolvo e te envolvo num abraço tão doce que a gente fica sendo praticamente um danoninho.

segunda-feira, maio 27, 2013

avesso

Eu avisei mais de cinco vezes. Eu disse repetidamente: seja feliz. Torci convulsivamente pra você arrumar uma moça leve e bonita pra juntar e descolar esses seus traumas dos quais eu não dou conta.
Aí, depois de quatro anos, você resolve obedecer.

Pronto. Agora eu vou doer até amanhã porque você conseguiu amar, e não fui eu. 

terça-feira, maio 07, 2013

Arranquem a pele, e que fique só carne.


Nem piscina, nem gasolina, nem carolina. Saber quero nada. No limite da tampa, sentir ferver e pronto. Nunca mais só o átomo, nem a firmeza crua de um talvez. Nunca mais talvez sendo sim.
Nunca mais nada disso, que meus pratos internos ainda são de vidro, mas não hão de se quebrar por pequenices.
Amor puro fantasma, mas que assombre de verdade. Que seja porrada na cara de primeira, que se cruzem os olhos como se já houvesse enlaçamento prévio. Que nos meus pulos não limite.
Abismo. Pulmões de sufocamento, peso de abuso, rasgamento.
Nunca mais conforto.
Nunca mais fraqueza. E se nada, no nada, existe. Que exista ao menos inteirice, tombamento, ferida aberta lavada com álcool.
Menos não vale nem o grito, nem o abraço.  

domingo, maio 05, 2013

carta praquele cara com mania de príncipe

Estou decidida a arrumar meus armários. Limpar, tirar roupa velha, jogar fora o que for obsoleto. Quando digo armários, digo todos, inclusive os meus, internos, os da cabeça, os que ninguém vê. Você me mora numa dessas gavetas das quais não costumo tirar poeira, mas devia. Os ácaros são um problema sério e a sujeira que isso faz talvez não seja calculável, por não ser vista a olho nu.
Não lido bem com as coisas sem cálculo. Demorei a entender, mas sou calculista e pronto. Não posso apertar o botão do elevador sem calcular a possibilidade de qual dos dois chega mais rápido. Aperto os dois, porque também sou de fogo e acredito em encalço e plano b.
Pode até ser que muitos de meus problemas sejam originados de excesso de precaução e planejamento junto com este excesso absurdo de cálculo, mas é assim que eu sou.
Isso de ser assim torna incompatível comigo uma crença em conto de fadas da qual você tanto me cobra. Não. Eu não sou, nem posso ser, a princesa. Eu não quero ser princesa, meu bem, nem acreditar em príncipe, nem final feliz, nem nenhuma dessas coisas mágicas.
Eu sei, você é de signo de ar, de outubro, de libra, de indecisão, de retorno. Mas é muito injusto que essa sua indecisão e a bem provável boa índole, boa vontade, vontade de me ajudar ou qualquer coisa do tipo fique no meu caminho. Eu não sou uma seta com uma meta de tiro ao alvo e pronto, sou até bem cheia de meandros.