sexta-feira, novembro 19, 2010

se existisse

Ninguém diz o que existe por trás daquela moça. Ela mesma diz demais - o tempo inteiro. Não se diz, nunca, nunca, nunca. Fica em casa ouvindo Fiona Apple e falando com um ou outro nas velhas plataformas novíssimas, digitais.
Sabe de quase tudo, acompanha todos os reality shows. Ri um riso sincero demais. Gargalhadas estridentes, altas, graves. Garagalhadas em notas mil.
Sabe os preços do supermercado, mas não compra nada.
Tem caspas que formariam constelações no cabelo. Cabelo pra fazer mil tranças. Nunca teve coragem de rastafari. Tem doçura, a moça. Doçura que ninguém diz.
Só não tem cara. Ninguém sabe o que ela esconde embaixo do vestido. A moça, fulana, não tem moral de história.

3 comentários:

Fernanda Caetano disse...

nossa muita coisa boa por aqui.. faz tempo que não passo...

gibin, thais disse...

imaginei a moça...toda misteriosa...toda ela...obrigada por me fazer passar por isso :)
é gratificante te visitar!

Estéphanie Mognatto disse...

Eu ri da caspa. Texto ótimo.