sexta-feira, junho 25, 2010

Das moças da janela

Dizem que as moças ficavam na janela, vendo navios, para esperar os maridos voltarem das guerras, ou das navegações. Para ver se um navio daqueles lhes trazia de volta o homem que nenhuma queria que o mar engolisse.
Depois passaram os navios e inventaram os aviões. As moças começaram a ir também para a guerra. Queimaram até sutiã. Até criaram as próprias brigas e tomaram a tal da pílula.
E depois inventaram o silicone e as plásticas pra ninguém mais reclamar a falta da cara e do corpo da Barbie.
E o Index Librorium Proibitorium parou de valer para quase todo mundo no ocidente. E também mandaram aquela cachorrinha para o espaço e a bandeira americana balançou lá na lua.
Inventaram jeito até de andar no mar e também o GPS pra ninguém ficar perdido.
Eu gosto de bússola. Acho muito bonito que ela sempre aponte para o norte. E gosto das constelações guiando os navios como antes de tudo. Gosto até que o tempo tenha passado.
Mas as moças, com seus machos, mesmo fortes quando sozinhas, continuam a ver os navios da espera que alimentam o desejo constante – apontado pra outro peito como bússola e sem nem precisar olhar estrelas pra saber o caminho.

2 comentários:

Lari Bernardi disse...

Que texto lindo *.*

Laís disse...

Adorei.
Acho que mesmo com nossas mentes pensando sempre no futuro,a gente vai admirar e tentar preservar sempre nossos costumes passados.
sou bem nostálgica,me identifiquei bastante.
beeijo