domingo, junho 13, 2010

Água com açúcar

Eu sou pequena, branquinha, magra de dar dó e olhos muito vivos. Você é grande, moreno, voz muito grave e perfume escandaloso de tão bom.
Nos encontramos algumas vezes perto do trabalho. Eu, professora, você, contador. Então um dia você chama pra sair e eu nego. Chama de novo e eu nego. Chama a terceira vez e eu fico com medo de ser indelicada, e aceito.
Você todo galante faz questão que eu beba o drink colorido e doce que eu quiser, mesmo sendo o olho da cara. Você pede um chop e me recomenda uma bebida estranha que parece trifásica. Bebemos, rimos, conversamos.
Vou ficando meio alta e trocamos de mesa para uma daquelas com sofá. Sentamos lado a lado. Eu derramo um pouco de bebida no seu ombro e quando estou limpando, você diz:

- Você é muito bonita, Júlia. É pena que você não saiba disso.

Eu penso em todas as vezes que evitei contato e em todo o medo que eu tenho de me rasgar de novo num envolvimento. Mas você é tão delicado que eu não volto a manter a distância. Puxo eu mesma seu queixo e te beijo sem saber o que virá depois.

3 comentários:

kan ghu ru. disse...

que doce
x)

Lívia Corbellari disse...

água com açucar literalmente

pós-modernidade disse...

Sem palavras! Tudo bem, uma: fantástico!