À Amanda Mariano e Mara Coradello
Você é assim, um rapaz bastante bonito com simpatia nos olhos e um sorriso que desmonta pessoas. Eu sou até razoável, não muito alta, cabelos bem cuidados e dotada de quadris que balançam num ritmo unicamente meu.
Nos esbarramos algumas vezes, em algumas ruas e resolvemos conversar.
Você elogia o vestido querendo elogiar o decote e eu elogio o sorriso querendo tirar dele um pedaço. Falamos coisas engraçadas, trocamos telefone, sorrimos e eu digo que é hora de ir embora.
Nos esbarramos outras vezes. Tomo coragem e pego logo a ficha completa. Existe uma série de testes que preciso aplicar em todos os homens.
- Você é arrogante?
- Não sei. Acredito que não. – você responde e perco metade do meu interesse.
- Prepotente?
- Um pouquinho só. Só as vezes... – você vai murchando e eu também.
- Misantropo! Você deve ser misantropo pelo menos!
- Não. Sou sociável e tudo.
Vou embora.
Te encontro outro dia e você vem com voz arrastada fazendo pouco do meu rebolado. Depois me ataca com doses cavalares de sarcasmo.
Volto a te olhar.
Você tenta forçar sorrisos meus e eu não dou a mínima. Então é a hora de me ver com outro homem, rindo bastante e tocando o braço dele constantemente.
Você chega perto e tenta roubar para si a atenção. Depois arruma uma mulher muito mais bonita do que eu e eu nem olho. Sorrio um bocado por dentro.
Conversamos entusiasmadamente no fim da noite. Te acho interessante e você me acha intrigante.
Tenta me tocar e se aproxima. Faço questão de frisar com os olhos que não sou nada sua.
Nos encontramos num desses meios de tarde e você conta vantagem de tudo. Entendo perfeitamente a sua competência profissional mas não me comovo. Começo a ficar irritada e repito o teste.
- É ciumento.
- Não. Nunca precisei disso. – Sei que você mente e começo a me sentir levemente encantada pela sua presença.
Rimos juntos e bastante. Tento passar mentalmente a carta que passaria a todos os homens.
“É preciso que você seja um bêbado, arrogante, prepotente, egoísta e misantropo. Pode até ser um pouco carente, mas se for demais me enche o saco. Não quero saber de crises de ciúme que eu não provoque, e o mais importante: devo ter o que quero na hora que for, mas você não deve evitar dizer não”.
Você me beija. Eu te beijo. Evitamos mãos e nos gostamos por algum tempo.
Eu não me entrego, nem você.
Eu sou uma mulher bonita e você é até razoável. Tem um olhar simpático e sorriso tímido. Não faço testes e nos aproximamos aos poucos.
Caio de amores e nem quero saber.
17 comentários:
Os seus comentários assim como seus textos são lindos!
:)
By the way, você já deu uma olhada nesse post?
http://pateticamentepoetica.blogspot.com/2008/07/defenestrao-e-o-non-sense-em-uma.html
Ele começa com um nome muito interessante.
:D
esse seu texto mostra uma segurança...mui legal...
OI Aline!
com otirar a musica do meu blog?
é so vc clicar no player e pausar ou tirar o volume, simples ne?
Nossa...simplesmente adorei, seu blog é muito bom e vc escreve de um modo tão cativante! Vou te linkar lá no meu!
Beijos
http://www.sonhosamadores.blogspot.com/
Vc escreve muito bem.PArabéns.
Eu não me entrego, nem você.
Meus relacionamentostem sidomais ou menos assim ultimamente. E o pior é que não estou achando ruim =)
Definitivamente..... Eu adoro os testes, e tem q ser bebado, chato, e arrogante, mto arrogante! hahahaha
Tom confessional, querida Aline?
Como sempre, o texto corta, mas há um excesso de "feminismo" nele, não? Esse poder de dizer não sempre me trouxe desconfiança.
Mas nada como um texto seu tendo a bordo uma xícara de café e umas torradas frescas.
Como agora.
Bjo.
Vc escreve cada dia melhor! Beijos
kkkkkkkkkkkkkkkkkk...
dsculpe, mas eu não consigo não achar engraçado. Esse cara me lembra muito o .....
Ms é um belo texto, claro.
Dizer que o texto da Aline é ótimo já virou quase clichê... preciso inventar uma palavra diferente!
beijos
Estava eu a colocar em dia a leitura deste blog e percebi que o nome é mais apropriado do que pensava. Escrita feita assim, com emoção quase transbordando no copo, é perigoso. Alguém pode se apaixonar ou deixar derramar.
:)
Adoroooo!
Quadris que balançam em um singular... ahhhh (suspiro) acho isso e um sorriso bonito algo que anula todo o restante.
Mas sabe o que me lembrou o texto? O jogo de aproximação da raposa e do pequeno princípio no livro do Exupéry. A única coisa que acho difícil é o não se entregar e não querer nem saber. O problema é que nesse jogo de sedução, quando menos esperamos, mudamos de posição e de caça, passamos a caçador.
Aí é que está o problema, o coração se enjaula quando menos esperamos.
Bjs
Marcelo
O Poder de dizer não como falaram nos comentarios... existe isso?
Não tenho acompanhado os seus textos, pois acabei de conhecer o seu blog. Mais pode ter certeza que vou começar a acompanhar agora.
Mais tudo o que voce disse no texto eu vo resumir em misterio e surpresas. Como o Marcelo disse, de uma hora para outra podemos passar de caça para caçador..
E porque acontece isso? Simplesmente não sabemos, e não espere por isso, só acontece quando não esperamos.
Abraços
aline, esse é um dos melhores seus que já li.
ah, como eu adoro esse ritmo unicamente seu! nunca muda pelos passos alheios, é praticamente minha mestra no quesito amor-próprio.
e tudo que eu te desejo é que todos os seus sonhos se realizem, mas que nem por isso deixes de sonhar...
*-*
bjs de luz.*
Totalmente escrito pra vocÊ, dona aline conquistadora.
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