domingo, agosto 17, 2008

Liquidificador

à Jeanne Bilich (que dificilmente vai ler este texto)
Ela me disse que os conhecimentos todos vão acumular na minha cabeça. Tenho muito medo de esquecer todas as coisas como já me esqueci dos problemas de física que tanto gostava de resolver. Gosto de me meter em tudo que não diga respeito a esportes. Ela disse que, como ela, eu gosto das coisas interdisciplinares.
O que eu queria saber é por que é que o campo de saber tem que estar delimitado e sê-lo apenas por ele mesmo. Biografias, por exemplo, são história, literatura, jornalismo e até psicanálise. Tudo batido no liquidificador com tanta uniformidade que você não sabe qual é o fator principal.
Estou me sentindo muito melancólica nesse texto. Me falta a doçura ou a ironia de outras crônicas. Nem tenho onde pisar agora. Estou com vontade de engolir o mundo e o meu próprio rabo, feito serpente.
Preciso correr atrás de mim.

5 comentários:

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Aline, como não querer interdisciplinaridade se não existe outra pessoa neste mundo que ilustre tão bem o termo multiplicidade.

Rafael Abreu: disse...

Nem achei tão melancólico...
a não ser no último parágrafo.
E é bom, ainda que diferente dos outros que você posta aqui.

Darshany L. disse...

aline
você melhorou da gripe?

sacodefilo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
sacodefilo disse...

Pois é Aline... os campos de conhecimento se interligam sim. Tudo isso ocorre em nível micro e macro. Vivi uma situação inusitada uma vez no mestrado (1997). Apresentei um trabalho/seminário e a professora perguntou: mas isso é semântica ou sintaxe? Ao que perguntei: e são coisa estanques?
Bom, a mulher me deu 8 por causa da ousadia, mas acho que a deixei pensando.
Anos depois (já no final do doutorado), apresentei um trabalho em um congresso em que apresentei uso de interface cognitivas de sintaxe e semântica. O trabalho foi aplaudido e até hoje muitas gente usa como referência... Senti me o astronomo turco da história do Exupery, conhece?
É conhecimento não é um pote onde só cabe uma coisa, mas uma rede que se entrelaça de diversos fios.