sábado, julho 19, 2008

Encontro I

Texto novo com personagens velhas.
À Simone Azevedo
Mariana é atemporal, Giordano não. Giordano só funciona em tempos de copa do mundo, e na década de 90. Sua história se passa em junho de 1994, entre prazos e atrasos e sempre narrativa. Giordano era incapaz de escrever versos, embora Alice dissesse que ele (sempre caso de pouco tempo) era muito mais verso do que prosa. Alice gostava exatamente da intensidade sem final que Giordano insistia em ter.
Mariana nem sabia que ele existia. Ela – Lolita sem idade e dotada de vários atributos e histórias todas rodrigueanas- encontrou com ele por esses dias. Mariana funciona quando quer, sem tempo e sem me avisar que vai aparecer. Giordano trava.
Os dois juntos – óbvio – não dariam certo. Ela tinha toda a impetuosidade de quem não sabe dizer não e ele tinha medo.
Mariana queria ler o livro que ele tinha deixado pela metade por medo de resolver os próprios problemas. E Mariana se interessou por ele mesmo sem coerência e coesão nenhuma. Ela queria descobrir o que ele guardava atrás da barba mal feita e dos cabelos mal-aparados. Pensou até que ele pudesse ser, noutro corpo, o óbvio. Mas não, Giordano era diferente e cansado. Não tinha os medos do óbvio, mas coisas novas com as quais Mariana não sabia lidar e nem queria. No fim das contas, ela o achava babaca por saber que ele não resolvia nada do que devia.
E Giordano não sabia lidar com Mariana, era confusa demais, idiota demais, sonhadora demais e romântica demais mesmo fingindo não ser.
Os dois tomariam apenas um café e seguiriam seus caminhos, sem os medos dela e os dele, que juntos fariam os dois entrarem em colapso. Com ela ele não conseguiria usar os elogios falsos de sempre pra conseguir o que quisesse. Ela sabia o que era e só faria o que desse na telha. No fim das contas, Mariana gosta mesmo é de pular de galho em galho.
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10 comentários:

Darshany L. disse...

me senti mariana lendo isso

sabe pq né.

bia de barros disse...

e a vida é cheia desses encontros entre água e óleo...
sou fã de carteirinha dessas duas criaturinhas notáveis de tuas mãos e por isso me entristece que não se combinem, embora veja que não dariam certo juntos nunca, deveras.
aí mora meu dilema: na vida real eles nunca ficariam juntos; mas será o benedito, nem na ficção?!
=^)

Anônimo disse...

Sabe... Pessoas que não combinam as vezes podem dar muito certo.

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

não qro me gabar não, mas eu conheço a história inteira!
e recomendo: é o máximo!

sacodefilo disse...

Bem ao estilo Eduardo e Mônica... Ela fazia medicina e falava alemão e ele ainda nas aulinhas de Inglês...

Bom, tenho uma amiga que diz que os opostos se atraem só estivermos falando de sexos opostos e mesmo assim nem sempre.. rs

Jacinta Dantas disse...

É menina,
esses (des)encontros que vão se encontrando no caminhar, também, vão fazendo a história acontecer.
Gostei de vir aqui. Vou ficar mais um pouquinho para conhecer melhor seu espaço.
Um abraço

Unknown disse...

Os seus personagens têm vida própria, o que já é fantástico por si só. Aí você coloca os dois juntos e eles interagem, com lógica, como se fosse um experimento social! Muito bom mesmo.

Unknown disse...

Paradigma e sintágma.
Eu vivo me dizendo que vou ser menos isso e menos aquilo...o que há dentro de nós não se mede. Sempre transborda!
Isso é fato.

Anônimo disse...

Muito bom, lendo um pouco dos textos dá pra notar a intensidade... Também me lembrei de Eduardo e Mônica, mas é isso, sentimento é assim, vamos seguindo sem entender e muito menos sem ter explicação!

Parabéns pelo blog!
:)

Simone Azevedo disse...

Sei não...
A questão do óbvio ainda martela pra mim. Talvez fosse preciso prestar mais atenção ao Giordano. Isso se a Mariana quiser. E ela vai perceber coisas das quais não vai gostar mesmo já gostando delas agora. Só que ela ainda não racioanalizou o motivo de gostar.