quarta-feira, maio 07, 2008

Gota D'água

Não quero beber do seu café pequeno, nem fumar cigarros da sua boca.
Não quero sua saliva e não quero seu abraço.
Quero antes o lirismo dos loucos e dos bêbados
o meu lirismo rasgado, como era quando original.
Eu quero meus sais e suor em versos perdidos por paredes, flores e gotas.
Legal pensar que quero todas as gotas d'água.
quero inclusive Joana pra cozinhar temperos de vento e raiva com sangue e botar no bolo de chocolate das crianças.*
Quero tudo ter estrela, flor e estilo.
É que eu sou muito sentimental.
rock'in roll e bossa.
Sou bossal: Samba dançado na fossa.
Eu nem sei rimar, quero empobrecer os fins de versos com sempre substantivos.
Quero aquilo.
É que eu sou muito sentimental.
Quero à quilo.
É que sou mesmo bem racional.


* referência à peça Gota D'água, de Chico Buarque, uma releitura do clássico Grego Medéia.

6 comentários:

Vinicius Langa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Tudo está na natureza
encadeado e em movimento -
carne, moinho, lamento,
ódio, cebola e coentro,
gordura, sangue, tristeza...

nós é que agradecemos pelo lirismo pungente dos clowns de shakespeare.
=D

Anônimo disse...

"Viva o lirismo do loucos e bêbados..."

Gostei!

Medeia... Ja assitiu A Desmededeia da Denise Stoklos?
Muito bom!

bia de barros disse...

eu não quero ver você fumando ópio para enganar a dor... [sei que não é chico nem medéia, mas deu na telha tanta vontade de falar isso... meio como cigarro após o sexo] - você entende. ^.~

bia de barros disse...

ps: ficou mesmo uma obra-prima de poema, prima que ainda me ensina como se faz poesia.

Anônimo disse...

lindo texto, bem inteligênte e com uma pitada de crítica, bacana mesmo!

parabéns!