sexta-feira, abril 25, 2008

Isabella é minha vizinha

Eu já sei que a Isabella era linda, uma gracinha, ótima menina, brincalhona e doce. Eu já sei que ela tinha pais que não moravam juntos e uma madrasta passional. Eu já sei que ela tinha alguns irmãos e que gostava deles. Eu já sei de tanta coisa que é como se a conhecesse e ela tivesse vindo algumas vezes à minha casa brincar com os meus irmãos.
A verdade é que todo o dia aparece uma coisa nova, como se a minha vizinha me dissesse da janela o que acontece na casa dela. Eu não quero que o pai e a madrasta da Isabella a tenham matado por que ambos são também meus vizinhos, como ela. Tive mais contato com ela, é verdade. Criança doce que era, vinha volta e meia aqui em casa brincar com meu irmão e comer pipoca. Só me dei conta disso agora. Não me lembrava de tê-la conhecido antes da morte.
Não me lembrava de ter conhecido seus pais, tios, avós e conhecidos. Nunca vi Isabella de uniforme de colégio, mas é como se a tivesse visto e ela fizesse parte da minha vida todos os dias. Por que todos os dias o jornal me mostra uma coisa e eu quero saber de outra. Parece mesmo telefone. Eu fico sabendo mesmo sem querer saber, como se me contassem na cozinha enquanto tomo o café.
A morte da Isabella é como a morte da vizinha. E quem é ela? E por que ela?
Ela era doce e brincalhona como muitas crianças. Ela acabou virando um mártir. Eu não queria que ela morresse, na verdade. Queria mesmo que ela brincasse. E há dois meses atrás nem me importariam os culpados por que eu simplesmente não saberia.
Isabella morou do meu lado a vida inteira, mas só agora eu percebi. Mas não é só a Isabella que morre, nem só o João Hélio. Chorei pelos dois e gosto muito dos dois. Lindos. O João Hélio até fazia Kumon e poderia ter sido meu aluno lá.
Ainda assim, por que Isabella especificamente? Por que a morte dela tem que ser transformada em folhetim?
Alguém disse que a mídia explora isso por conta da cultura de achar que família é sinônimo de segurança e quando a família não trás segurança é notícia.
Mas eu, sem nenhuma base científica a não ser meu achismo, digo que não tenho nada a ver com Isabella. Nunca a vi. Eu não quero saber e nem tenho por que. Nunca nem gostei de páginas policiais.
Só que é tanta gente e tanta mídia e tv e tanta coisa que nem tem como não querer. Me contam da Isabella enquanto eu tomo café. Ela sempre esteve na porta do lado.

14 comentários:

iti disse...

Desculpe, seu blog é legal, mais sobre esse assunto ja ta meio ruin de comentar, acho sim que foram os pais, ñ sei o pq deles estarem soltos.

Daniel Freitas disse...

Aline concordo plenamente com o texto, eu nao quero saber dessa história mas é tanta publicidade em cima do caso que parece que ela éminha vizinha tmbm!!!

leia tmbm:

http://petboys.blogspot.com

e sim, no texto do meu blog a base pode ser antiga, mas eu modifiquei muita coisa e coloquei figuras para a leitura fica mais dinâmica.... obrigado pela passagem la!!

Anônimo disse...

O caso Isabela é um perfeito retrato do nosso país, a mídia explora o caso como um abutre na carniça ganhando ibope graças a um público ignorante ávido por notícias de crimes ,ainda mais quando envolvem gente de classe média alta...todos os dias morrem crianças de forma ainda mais chocante, na Bahia um menino de treze anos jogou um bebê num rio e ficou vendo ela morrer afogada, alguém soube disso ?Acho que não;

Os pais são culpados e até meu sobrinho de um ano sabe mas eles não ficam presos porque tem dinheiro enquanto por muito menos gente que tem até um nome confundido fica anos mofando atrás das grades não conseguindo provar que houve um erro,o governo pouco se importa com isso tudo e está ocupado roubando e amanhã aparece outro caso de garota bonitinha morta ou similar e esse fica esquecido;

A polícia recua a todo momento e mostra o quanto é maleável em determinados casos e ineficiente;

Vândalos se aproveitam da situação, ao invés de mobilização por justiça neste em em todos os caos preferem brincar diante das câmeras e fingir que estão revoltados na casa dos culpados,bem típico do Zé povinho, tudo aqui vira bagunça;

O povo brasileiro se comoveu com este caso mas e todos os outros ? Tanta injustiça, violência, brutalidade contra crianças estupradas, famílias queimadas vivas e como se estivéssemos na Europa o caso Isabella parece até algo atípico...

Lamentável,não assisto TV e tenho ânsias de vômito cada vez que alguém mostra se sensibilizado com o caso até que a mídia encontre outro assunto para vender.


Gostei de seu blog e o texto está ótimo.


Abraços!

LI-VERISSIMO disse...

Bom Dia!
Lindo blog, assuntos diversos, tudo perfeito!
Quanto a Isabella... bom, me pergunto sempre: quem é que não quer a existencia da terceira pessoa?!

Um beijo p vc!

:)

Wander Shirukaya disse...

Pow, leva a mal nao, mas jah tow d saco cheio desse assunto. Sei q a culpa nao eh sua, eh da midia q espreme essas vitimas ateh q nao haja mais nem um fiozinho d vida (ou deveria dizer audiencia?).
Bom, eh isso.

^^

Unknown disse...

Oi?
tudo bem?
olha, só respondendo seu comentário,
o link não está quebrado não.
Acabei de baixar para testar.

Easy-Share é um site onde se hospeda arquivos. As músicas do BLOG, são todas hospedadas nele, se você não souber como baixar, me deixe um e-mail:

daniel200392@hotmail.com

PS: pode apagar esse comentário depois se quiser.

Abraços!

Anônimo disse...

Você escreve legal.
Parabêns!

http://metamorphose.blog.uol.com.br/

Vinícius Araújo disse...

Assunto polêmico, e como você disse é tanta exposição, mesmo querendo estar longe de tamanho sensacionalismo, ninguém consegue, parece que o Brasil parou quando essa menina caiu do apartamento. É um assunto popular, claro, mas não precisa de tanto exagero da mídia!
Até mais...

bia de barros disse...

[silêncio]

a melhor forma de respeitar a paz a dos mortos e a dos vivos

.

•.¸¸.ஐJenny Shecter disse...

Qdo eu chego em casa, todas as tardes,em crianças brincando na rua onde moro.
E todas elas sabem da Isabella. Sentem como se tivessem brincado com ela. Hoje, qdo eu cheguei em casa, fui brincar com minha priminha de 2 anos. A primeira fcoisa q ela me perguntou foi:

"A Isabella morreu, Bu?"

Ela não sabe o q é a morte. Mas sabe q a morte levou sua coleguinha...


Qto ao show da mídia...
Tem momentos q eu me pergunto pq eu fui me meter a fazer jornalismo...

Cláudio Apolinário disse...

o que mais me deixa triste ... é saber que daqui há algum tempo esse caso será só mais uma notícia que vai ficar no passado, assim como tantas outras ...

quando puder, deixa um blá lá:

http://somarassuntos.blogspot.com/

Marra Signoreli disse...

É um belíssimo texto, de fato.
Não posso falar mais que isso.

Anônimo disse...

Oi!
Espero que a justiça de Deus seja feita e não a dos homens, pois esta é falha.
Fica com Deus
Bru

Anônimo disse...

Deus o justiceiro... ou será assassino tbm! rsrsrs