Jéssica sempre estaria olhando-o enquanto ele partia. Ele era do tipo que não olhava pra trás e por essas ela nunca sabia onde enfiar a cara. No entanto, Jéssica gostava daquela coisa de olhar sozinha e daquela coisa de olhar pra trás. Ela era daquelas garotas que remoíam sempre cada momento. Cada momento era vinte ao mesmo tempo e se repetia depois. Independente do que qualquer um fizesse, sempre duraria mais pra ela. Talvez ela não vivesse o suficiente, talvez sobrasse um pedaço grande de dia que ela gastava pra remoer a parte útil dele.
Jéssica não queria nada diferente daquilo. Por mais que todas as suas histórias fossem banais e os seus acontecimentos remoentes fossem sempre tolos e sem importância pra qualquer pessoa que não fosse ela, ela gostava daquilo tudo. Talvez fosse a paixão pela literatura e a incapacidade de produzir literatura própria. Produzia filmes próprios em mente, com cortes em pontos estratégicos e a trilha sonora que ela mesmo escolhia, de acordo com o humor. E cada cena tinha várias leituras e vários encaixes. A edição mudava dia a dia.
Mas se ele partia sem olhar pra trás, é por que ainda não tinha chegado o final daquele filme e ela ainda não podia ter certeza de onde enfiaria a própria cara.
3 comentários:
me achei parecida com ela. um pouco. ela poderia usar a criatividade pra dar asas à vida, não? tipo amélie poulain.... parecidas as duas.
bjo
Gostei demais!
:)
É aquela coisa de querer viver um drama. A atriz que não atua, a escritora que não escreve. A frustação de alguma coisa.
Acho que todo mundo tem um poquinho de Jéssica.
Lindo!
:D
:**
somos todas parecidas com ela nisso, acho... se algo na vida real passa sem emoção, os sonhos se encarregam de lhe dar uma cor...
Adorei a face Jéssica da Aline.
x)~~
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