segunda-feira, junho 11, 2012

fábula do sabãozinho apaixonado


Quando o sabãozinho apaixonado se deu conta de seu estado, esperou a coisa dissolver. Depois de decidido, foi à sabãozinha ainda meio perdido, mas com o amor crescido não se segurou. Ele acreditava em amor sendo estado físico. Disse, então, de sopetão:
- Eu te omo.
E quando disse, ela nada entendeu. Mas é que o sabãozinho queria mesmo tornar-se sabão em pó, e que a sabãozinha também o fosse. Nesse estado, os dois podiam dissolver na mesma água, misturar-se de verdade, fazer espuma. Em pó eles lavariam muita roupa suja juntos e o sabãozinho torcia para que limpassem principalmente lençóis de casais. Queria ele lavar o amor físico dos homens e concluir assim a função de uma paixão que não tem fim. A sabãozinha, já meio gasta, ao entender o fino propósito de tudo, sorriu em barra. Torciam juntos a roupa dos outros e tiravam as manchas do mundo enquanto faziam a mesma prece.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estimada plumitiva, contemplo suas escritas com deleite e apreço. Cada apreciação uma nova acepção, um novo sentido e a ânsia prazerosa pela espera da nova criação...

Camilla Saloto disse...

Aline, que lindo! Minha mae disse que vc devia era mandar esse texto para comercial de sabao em pó
:)