Quando vem, a mão é lógica. Óbvia óbvia. Parece talvez algodão. Parece que o lugar é mesmo a pelanca atrás da cintura. Parece que pode. Parece que é de casa. Parece que é mão e que é parte e que é dele e que é mais meu ainda.
Consciência de corpo parece que só existe quando existe aquela mão. Toca, assim, tão natural como se fosse língua.
Então ele inventou meu corpo quando apareceu pela primeira vez. E cada pedacinho de unha só existiu depois de fincar a pele branca e lisa, quase sem pelos. E o sovaco também nem tinha cheiro. E os dentes se fizeram mais fortes.
E eu existi. Existi tão inteira em espasmos. Existente. Desistente.
Quando vem, a mão não erra. Dança, vacila, escorre, encosta, se fixa, passeia, volta, mora.
Ah se morasse mão aqui e a gente misturasse um no outro as peles, as mucosas e todas as gotas de saliva!
Vem a mão e eu fico querendo bater no liquidificador.
Um comentário:
delícia de ler.
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