quinta-feira, julho 15, 2010

Extrema

Morreu agora, na minha frente. Sem sequer segurar a minha mão, morreu e não deixou nenhum cigarro que me ajudasse a entender.
Morreu morrida, inevitável, tácita - como quem morre mesmo. Como quando não tem jeito. Como até se a morte fosse coisa que fosse certa quando se fala de vida. Nem nunca conheci nada a respeito dela e da família e dos amigos. Não sei se era boa gente ou se fazia diferença no mundo.
Morreu e trataram de por no jornal a foto mais bonita que ela tinha. A boca toda vermelha de batom e uma sensualidade que não vai nunca mais fazer a menor diferença num plano que não seja onírico. Morreu e fica sendo um pedaço ilustrativo de classificados.
Como celebração. Como se fosse bonito morrer. Como se morrer fosse o fim.
Doeu
em mim.

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