Tinha cabelos castanho-claros que viviam úmidos de oleosidade natural e raízes com muitas caspas. O cheiro não era dos mais agradáveis mas a tez branca era das mais belas que podiam ser vistas. Tinha feições delicadas e olheiras fundas. Tinha pouco tempo de se cuidar e quadris largos. No fim das contas era tão bonita quanto se permitia mesmo não gostando nem um pouco da própria beleza e das sardas que carregava nas bochechas.
Chegou ao café com pouca fome e muita pressa. Esperava o capuccino e o namorado que não tardaria a chegar. Tinha sono e raiva do mundo.
- Dani? – ela nem viu quando ele se sentou, já pedindo um pedaço de torta de chocolate que ela não comeria pela manhã.
- Bom dia, amor.
- Você precisa dormir...
- Que horas?
- Você precisa dormir.
- Achei que quisesse me ver ao invés de passar sermão.
- Caramba, Dani, eu nem posso mais me preocupar com você?! – e continuou falando coisas que ela não ouvia por não saber bem onde estava nem o que queria além de uma cama quente e músicas de uma rádio de baixa estimulação. Ele tentava agradá-la de todas as formas que não eram funcionais. Ela tinha que ir trabalhar e não dormir, novamente.
Ele não gostava de ela ser tão brilhante e tão esquecida de si. Não conseguia entender por que ela se entregava tanto a tantas coisas que não eram ele, nem tinham carne. Era como se Daniela o traísse com cada papel, cada caneta e cada projeto. Era como se as paixões dela nunca pudessem ser pessoas.
E ele não entendia que a boca dela estava em toda a parte. Que ela comia tudo o que fazia com uma voracidade que nunca teve na cama.
- O corpo é pouco, meu bem. É quase nada. – ela dizia e ele nunca ouviu.
21 comentários:
Me apaixono todos os dias por coisas que jamais vão sair do papel.
interessante
se não fosse mulher e com o lance do quadril..
seria eu..
me preucupo muito estudo essas merdas diárias..
:X
mas sei que darão futuro..
interessante, e o que me chamou atenção foi o tema escolhido.
Boca, gostei..
continue assim, bejocas
e tudo de bom
:)
Aí, curti o blog, o texto apesar de tudo foi engraçado, tbm penso bastante noq faço se saber oq dará np futuro.
Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos e vivem em torres de ametista
Quieres bailar un tango, Aline?
Adorei o blog, também me apaixono por coisas que nem tem carne, nem existem de verdade rsrs
bjoos :*
muito interessante, gostei muito do post.
bjs
paixão eh loucura mesmo...
As vezes damos mais valores as coisas tão furteis que esqueçamos das mais importantes.
Belo texto,gostei muito,de verdade.
grande abraço.
funçando pela net e acabo encontrando essa maravilha
mt bom o seu blog, parabéns
Gostei dessa menina. Atormentada, sonolenta e gulosa... deve ser bonita mesmo. Consigo imaginar...
Dani... Dani... Dani... Bem q poderia ser eu!
beijos
Dani poderia ter sido algumas mulheres que conheci, há anos.
Mas não.
Sai da sua cabeça e ganha a página. É apenas máscara, persona.
Ou estou enganado, Aline?
Teus pesonagens tem um pouco do cansaço do mundo que você carrega em seu peito, e é por isso que neles cabe um pedacinho de mim...
bjus, amore.
*=
como uma pessoa como dani tem namorado e eu não?
AFF
aline, eu to ficando DEPRIMIDA com seus textos.
Poxa darshany, xinga mais não ofende!
Me enxerguei nesse post!
Blog maravilhoso, moça!
Beijo
Muitas vezes nos dedicamos a coisas ou a eventos e, esquecemos das pessoas que estão ao nosso lado. Talvez pelo fato de ter a sensação que essa pessoa nunca saia do nosso lado.
é isso acontece e muito mais do que se imagina. gostei do tema! abraço
Dos seus textos que li de verdade em GOTA D'ÁGUA, "Boca" foi o de que mais gostei, porque é dos que menos parecem um simples diário (não que seja errado colocar páginas diaristas em Blog).
Pena eu não saber onde você (na)mora, bela blogueira. (Oh, se você me mordesse!)
Se nome é mesmo Aline?
Ass. Anônimo
Aconselho:
Já que o seu pequeno conto se chama "Boca", Aline, elimine a primeira linha do mesmo, que traz precisamente a palavra "Boca". Do jeito que está, fica muito redundante.
Transforme, portanto, o segundo parágrafo no primeiro.
Ass. Anônimo
Sou eterno apaixonado, por carne, por materia tangiveis e intangiveis, as vezes confundo realidade com sonhos, algo visceral, profundo e que machuca.
Paixões sempre machucam, sejam elas de carne ou de papel.
parabéns !!!
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