O óbvio ouvia o rodar do ventilador e o soar do mundo ao seu redor. Encarava a tela de um computador da mesma forma que uma garota apaioxanada enxega o rosto de um amante: havia o resquicio de consciência que dizia que o ventilador (ou o amante) continuaria a rodar (ou existir), mas que o mundo talvez não o fizesse. Ele, o óbcvio, tinha medo de continuar, invariavelmente.
Sua boca fedia a cigarro barato e seu estômago reclamava da cerveja roubada e, mesmo assim, nada fazia sentido. Porque o óbvio continuava bêbado e sóbrio, talvez, fosse apenas aquilo que sempre fora: um homem assustado com tudo aquilo que se tornara e ainda mais assustado com aquilo que poderia ser.
sábado, março 31, 2007
terça-feira, março 27, 2007
quinta-feira, março 15, 2007
Estou cansada.
Poderia fazer-me de pessoa estressada e mau-humorada com tpm à flor da pele. Não quero.
Quero escrever pra me sentir uma borboleta.
Quero ser uma borboleta voando de flor em flor. Estou cansada dessa coisa de pular de galho em galho. O vôo parece mais seguro e bonito.
Quero asas.
Alguém estava falando sobre asas, mais cedo. Algo sobre não poder voar. Eu não lembro bem. certas coisas, é melhor esquecer. Não dá câncer. Sonhar engorda, eu sei, mas continuo gostando e sonhando.
E plagiando, também. Por que toda frase um dia já foi escrita. E as palavras já foram usadas. Quero inventar palavras novas. Mas não quero ter lingua só minha.
Não desgosto das linguas. Não desgosto da poesia e das rimas e do sexo que a linguagem faz com seus interlocutores locutores entremeios e meandros e mentes. Eu gosto da lingua e de linhas de pensamento.
E eu quero todas as metáforas sem vírgulas.
Gosto tanto de vírgulas.
Gosto de pontos finais e exclamações. Estou cansada de interrogações. Gosto de todos os conectivos.
E quero não mais, mas mas. Que não quero soma, quero adversidade.
Quero que todo mundo entenda.
Estou cansada.
E grito aos quatro ventos com essa cara de silêncio explosivo que as minhas olheiras sustentam.
Se peco pela ortografia, perdão.
Não vou consertar, de qualquer forma.
Poderia fazer-me de pessoa estressada e mau-humorada com tpm à flor da pele. Não quero.
Quero escrever pra me sentir uma borboleta.
Quero ser uma borboleta voando de flor em flor. Estou cansada dessa coisa de pular de galho em galho. O vôo parece mais seguro e bonito.
Quero asas.
Alguém estava falando sobre asas, mais cedo. Algo sobre não poder voar. Eu não lembro bem. certas coisas, é melhor esquecer. Não dá câncer. Sonhar engorda, eu sei, mas continuo gostando e sonhando.
E plagiando, também. Por que toda frase um dia já foi escrita. E as palavras já foram usadas. Quero inventar palavras novas. Mas não quero ter lingua só minha.
Não desgosto das linguas. Não desgosto da poesia e das rimas e do sexo que a linguagem faz com seus interlocutores locutores entremeios e meandros e mentes. Eu gosto da lingua e de linhas de pensamento.
E eu quero todas as metáforas sem vírgulas.
Gosto tanto de vírgulas.
Gosto de pontos finais e exclamações. Estou cansada de interrogações. Gosto de todos os conectivos.
E quero não mais, mas mas. Que não quero soma, quero adversidade.
Quero que todo mundo entenda.
Estou cansada.
E grito aos quatro ventos com essa cara de silêncio explosivo que as minhas olheiras sustentam.
Se peco pela ortografia, perdão.
Não vou consertar, de qualquer forma.
quinta-feira, março 08, 2007
Eu tenho um blog.
Esse texto é exclusivo de uma pessoa. Sim, por que eu posso me dar ao luxo de escrever um texto que vou publicar num blog, mas que é pra uma pessoa só. E é só por que a criatura disse que blogueiros são mentirosos e carentes.
E é claro que eu sou carente. Meu bem, expor literatices que não interessam a ninguém deve ser carência. E as mentiras, todas elas eu invento e transformo em personagens ou poesia. Cada mentira é um verso novo. E assim, confesso-me farsa - o que é irônico, por que a farsa é o dono desse texto e eu disse isso numa conversa de MSN.
Por que eu digo besteiras quilométricas a cada instante. E eu acho que posso me dar ao luxo de fazê-lo. Por que se não fizesse de onde viria a culpa que sustenta o dia a dia? Eu acho a felicidade plena uma coisa inatingível e chata. E paz então, nem se fala. Se a gente não tiver uma ponta de culpa não vive. Mesmo que não se arrependa de nada.
Por que, eu não me arrependo de absolutamente nada. Nem das coisas absurdas que eu digo, nem dos meus pés tortos e dos meus chinelos gastos. E não me arrependo de ter cortado o cabelo quase todo. E de ostentar uma espécie de black power - por que se eu não exagerar este texto perde a graça.
E saibam, sou romântica incorrigível e operante. Sou completamente insana e tenho manias que eu mesma não entendo. E hoje eu saí mais cedo do trabalho pra ver “a feia mais bela”. Acontece que no meio do caminho eu decidi comer um big mac e não cheguei a tempo em casa.
E esse texto é seu, por que eu mudo de opinião, mas não mudei quanto a isso. Eu devia temperar isso com um pouco de acidez, mas não ficaria doce como você. E a minha acidez é ácida demais pra um texto seu. Eu não gosto dela.
E você é a pessoa mais parecida com uma torta de limão que eu já conheci.
Mas eu provavelmente devo estar mentindo, exagerando ou soltando mais um desses reflexos de carência.
Por que eu tenho um blog e isso significa carência e mentiras.
E mais uma: eu odeio a pessoa pra quem escrevi este texto estranho.
E reparem como houve mudanças de interlocutor ao longo desta lambança (ai minha santa concordância!).
E é claro que eu sou carente. Meu bem, expor literatices que não interessam a ninguém deve ser carência. E as mentiras, todas elas eu invento e transformo em personagens ou poesia. Cada mentira é um verso novo. E assim, confesso-me farsa - o que é irônico, por que a farsa é o dono desse texto e eu disse isso numa conversa de MSN.
Por que eu digo besteiras quilométricas a cada instante. E eu acho que posso me dar ao luxo de fazê-lo. Por que se não fizesse de onde viria a culpa que sustenta o dia a dia? Eu acho a felicidade plena uma coisa inatingível e chata. E paz então, nem se fala. Se a gente não tiver uma ponta de culpa não vive. Mesmo que não se arrependa de nada.
Por que, eu não me arrependo de absolutamente nada. Nem das coisas absurdas que eu digo, nem dos meus pés tortos e dos meus chinelos gastos. E não me arrependo de ter cortado o cabelo quase todo. E de ostentar uma espécie de black power - por que se eu não exagerar este texto perde a graça.
E saibam, sou romântica incorrigível e operante. Sou completamente insana e tenho manias que eu mesma não entendo. E hoje eu saí mais cedo do trabalho pra ver “a feia mais bela”. Acontece que no meio do caminho eu decidi comer um big mac e não cheguei a tempo em casa.
E esse texto é seu, por que eu mudo de opinião, mas não mudei quanto a isso. Eu devia temperar isso com um pouco de acidez, mas não ficaria doce como você. E a minha acidez é ácida demais pra um texto seu. Eu não gosto dela.
E você é a pessoa mais parecida com uma torta de limão que eu já conheci.
Mas eu provavelmente devo estar mentindo, exagerando ou soltando mais um desses reflexos de carência.
Por que eu tenho um blog e isso significa carência e mentiras.
E mais uma: eu odeio a pessoa pra quem escrevi este texto estranho.
E reparem como houve mudanças de interlocutor ao longo desta lambança (ai minha santa concordância!).
segunda-feira, março 05, 2007
Jaqueline
Depois de muitos e muitos exames ao longo dos muitos anos de espera, Jaqueline finalmente descobriu um cisto no intestino. Depois de tanto tempo tentando, ela finalmente conseguiu um princípio de câncer. A família hipocondríaca dela foi ao delírio. Em pouco tempo, a família próxima contactou todos os parentes distantes e vizinhos. E todos diziam que rezariam por ela, e a visitavam olhando-a como se ela fosse um cachorro premiado.
E Jaqueline vestia bem a carapuça da mulher com câncer. Tinha orgasmos cósmicos por conta daquilo, mas mantinha feições amenas de mulher lúcida.
A decepção veio quando o médico disse que podia tirar aquele cisto sem maiores danos, e que, se ele se desenvolvesse, seria no máximo um tumor benigno.
Em um mês Jaqueline estava saudável e despedaçada. A mãe dela continuava procurando doenças mil e incuráveis. Jaqueline, pálida daquele jeito, não podia ser saudável... Tão magra... Alguma coisa errada ela tinha.
E Jaqueline sofreu um acidente de carro, quebrou a bacia, fez a glória da família e nunca mais pode andar de salto alto.
_Uma pena! _ A mãe de Jaqueline dizia._ A garota sempre foi tão saudável...
E todos aqueles parentes e vizinhos_ e até ex-colegas de faculdade_ visitavam a pobre acidentada que tinha orgasmos cósmicos e silenciosos.
E Jaqueline vestia bem a carapuça da mulher com câncer. Tinha orgasmos cósmicos por conta daquilo, mas mantinha feições amenas de mulher lúcida.
A decepção veio quando o médico disse que podia tirar aquele cisto sem maiores danos, e que, se ele se desenvolvesse, seria no máximo um tumor benigno.
Em um mês Jaqueline estava saudável e despedaçada. A mãe dela continuava procurando doenças mil e incuráveis. Jaqueline, pálida daquele jeito, não podia ser saudável... Tão magra... Alguma coisa errada ela tinha.
E Jaqueline sofreu um acidente de carro, quebrou a bacia, fez a glória da família e nunca mais pode andar de salto alto.
_Uma pena! _ A mãe de Jaqueline dizia._ A garota sempre foi tão saudável...
E todos aqueles parentes e vizinhos_ e até ex-colegas de faculdade_ visitavam a pobre acidentada que tinha orgasmos cósmicos e silenciosos.
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