-Sou apenas uma psicopata que gostaria de imitar o homem que correu pelado pela Praia da Costa; mas eu não tenho coragem pra correr pelada. Ficar nua é expor as fraquezas, já me escancaro enquanto falo. O meu corpo não. Eu tenho ciúme dele. Ciúme é só vaidade. A paixão é egocêntrica.
-Eu sou vaidosa.Tenho medo que o olhar dele deseje outra...
-Nós somos... Mulheres são vaidosas, querem as atenções voltadas pra elas enquanto passam. É como andar nas calçadas ouvindo pretty woman.
-É como se estivéssemos encenando um filme...Queremos jogo de sedução...Queremos os olhares voltados para a nossa cena.Nos preocupamos com o nosso umbigo.Queremos amores loucos.Mergulhar e de repente,mandar todo mundo se fuder.Somos malvadas, não queremos nos preocupar com o que os outros pensarão da nossa loucura.
-A loucura é minha e eu cuido bem dela. Eu gosto dela e sustento em doses homeopáticas. A paixão é minha e ela me mantém em brasa. Eu cheiro paixão. Eu tenho medo. Não posso ficar nua. Sou avessa a ela.
Paixão não devia ser oposta? Não quero me preocupar...
-Quem quer se preocupar?Queremos nos entregar.Não estamos nos preocupando se usa aliança de ouro ou de prata.Vamos pular de bang jump (não sei se está certo).Comer chocolate a noite inteira sem se preocupar com espinhas.Sentir a adrenalina destruindo nossa supra-renal.Queremos ação,suar um pouco pra deixar de ser boneca...Somos viciadas em romance,uma droga que não se substitui...
-Somos viciadas em paixão mais do que em qualquer outra coisa. No quarto trancado, com luzes fracas, quando sou eu comigo, eu me ponho nua na frente do espelho. Eu digo não. Eu choro e me descabelo pra ser feia. O feio parece bonito. Eu digo que não quero paixão. Não posso com paixão. Não gosto de paixão e não vou me apaixonar. O espelho continua ali. Eu continuo ali e a paixão não sai de forma alguma. E eu gosto. Eu gozo. Dói e fica entalado e eu não quero querer, mas quero.
-Quero vomitar ,mas tenho medo de me engasgar.Quero ser linda,sou linda,mas tento disfarçar.Pareço louca,mas na verdade, só quero seduzir e nunca parar de me apaixonar.Fico a espreitar olhares no ônibus, nos bares.Gosto de flertar, gosto de imaginar que eu sou a protagonista do filme que ganhou o Oscar.
-Gosto de vento nas minhas saias. Eu sou mais que aquela pinta da marilyn... Uma espécie de sopro de leve no ouvido.
A gargalhada que fica e ecoa.VIvo num filme e você vai estar comigo. Se não estiver o romance vira drama e suspense, vira filme policial. Se o ciúme crescer vira terror. Se o ciúme crescer eu não desentalo
-Droga,toma um eno então pra melhorar dessa porcaria.Somos seiva elaborada,xilema e floema meu bem.Portanto, por que eles se fazem de difíceis se tudo é tão simples?Não pratico jet sky nem gosto de brigar de aranha.Dependemos talvez do falo,eu só falo nisso,não que eu seja pornográfica,talvez sim,talvez não.Adoro ser sincera,quero chocar as mulheres conservadoras.Sou líder do time de queimada vou queimar a imagem de todas as mulheres...As falsas que nunca se apaixonam, hipócritas,bobas que gozam sozinhas toda noite ouvindo o rei tocar num microsistem...
-(fora do texto: Flora, vc é foda. o rei tocar foi a melhor de tooodas. quase bateu o odeio que me cutuquem)
Eu vou sabotar. A roupa vai ficar curta e a respiração vai ser tranqüila. Vai ver meus olhos. É tudo vaidade sim e eu tenho medo de ficar nua. Vou pintar de preto. Vou jogar com todas as armas. As mãos nos joelhos. VOU JOGAR COM LIVROS. Essa arma não é de qualquer um. Sofisticada e inteligente. ah! eu vou desentalar a paixão sem eno ou lactopurga.
-Ainda bem que não somos bulimicas.Comemos sem culpa.Adoramos comer chocolate tomando coca-cola...Principalmente acompanhado de pastilha hortelã.Não tenho pudor nenhum.Não vou pro convento, porque se fosse freira eu daria pro padre.Sou o resto do conhaque da manhã seguinte que o alcoólatra tem medo de encarar.Quero desentalar, está pesando, mas não posso vomitar.Tomei 3 banhos hoje e estou com preguiça de me levantar.Sou semi-analfabeta...Eu disse semi ou sêmen?Tudo subjetivo...E eu adoro duplo sentido...
-(flora!!!!!! o padre é no Na cama! ou isso vai fazer parte do na cama???)
eu não sei de nada e eu me perco e não me acho que mudo sempre de endereço. há! sou o foco. quero conhaque. quero me comer que eu sou narcisista. como alguém pode querer não me comer? eu me comeria e eu nem gosto de mulher! chocolate. a culpa é do chocolate. a minha cara está amassada e eu ainda estou suja. paixão não realizada, ciúme, banhos e falta de nudez.
-(ALINE, ACHO QUE DO PADRE PODE ENTRAR AQUI TAMBÉM)
Esta amanhecendo,mas eu não quero dormir.Não posso perder tempo,sou infinito.Sou mais que a normalidade.Odeio normalidade.Escovo os dentes por hábito,senão chuparia tridente o dia todo.Adoro chupar chiclete...Minha boca é inquieta,não pode ficar só.Preciso me enrolar nas outras bocas.Entretenimento sempre é bom pra expulsar o tédio cotidiano.
-mastigar o tédio feito chiclete seria uma boa...
no entanto ele é abstrato. o jeito é mudar a roupa e correr de tênis pra que a bunda não esteja caída no dia em que eu tiver coragem.
Eeeeeeeeeee
FIM
pronto
texto by psicoflora e eu
"Texto de Aline Dias e Flora Viguini"
sexta-feira, setembro 29, 2006
sábado, setembro 23, 2006
All Those Drams
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo. Não sobrei, no entanto, sou sim desesperada. Não estou cansada. Pra sempre vou suportar a rotina de me ser, que eu sou mil ao mesmo tempo. E ser mil não cansa uma. Talvez canse o todo. Talvez falte parte. O todo sem a parte não é todo; a parte, sem o todo, é toda.
Gregório de Mattos embola a cabeça. Elis Regina canta falando de paixão. Isso não é artigo, conto, poema, romance, novela ou drama. Acontece agora. É uma crônica então? Não sei direito as regras desse jogo. Escrevo por escrever, para que me ouçam.
Vou matar o tempo. Ele não passa e eu não morro. Vou matar a morte. Se ela estiver viva me leva. Mas não vou matar a vida. Ela, sim, tem sorte. Pra onde fica o norte? Esqueci a bússola na sopa de letrinhas fria na mesa de jantar.
O meu cachorro mordeu meu pé. Na minha calça tem uma mancha enorme de cloro. Não sai. Um dia eu aprendo a lavar roupa. Vou matar o cachorro. Hum... Hoje eu to tão serial killer.
É praxe.
Ai! Odeio barulho de caminhão. Trânsito é tão poluição, que nunca sei onde é contramão. A minha mão é direita. Eu nasci gauche. Sou tão interessante que num deboche te desmorono.
Me dá um cigarro?
Ai! Eu quero mijar.
Respira! Respira!
Esquento tanto com tão pouco. Ai! Perdi o chão. Um fósforo!
Cair na lama é tão desagradável. Me ensina a dançar tango? Eu nem sei mais fazer versos.
É um jogral sim! Amarelinha. A bola ta na área. Dei uma rasteira. É pênalti! A merda do goleiro defendeu. Sempre defende. Sou ruim de chute!
Vou ler o jornal pra imitar o Alvarito. Se eu fosse careca talvez...
Não me bate! Sou só uma flor. É. Delicada! Não me bate que se bate arde...
Mãe! Me dá dinheiro pra eu comprar um bombom na loja ali do lado?
Édipo não, por favor.
Os cachorros comem as mães e não é feio. A gente também abana o rabo, dá a pata, late e morde.
Pontada no pé. Chutei o cachorro. Não gosto de bicho!
Quero ir na Disney nos meus quinze anos! Oops! Passei sem perceber.
Mãe! Me leva pra Disney! Mãe! Me dá uma mão! Fudeu é pro seu colo que eu corro.
Ainda escrevo. Fudeu de vez. Ô mãe, se eu que sou mocinha, quero morder a boca de outra mocinha é só por que o cabelo dela me incomoda durante a aula? É tão cheiroso!
Saí de casa há mais de dois anos. Quebrei a cara, me fudi. Parte de mim ainda ficou lá. O todo, sem a parte, não é todo. Eu posso falar palavrão?
Tô tão confusa que eu já não quero nem saber se vai dar pé ou vão me censurar. Oops! Sempre fui fã do Paulo Ricardo.
Ai! Eu me divirto.
Tenho um amigo que só come baconzitos com coca-cola. É vício!
Que diferença faria se o Lula tivesse o dedo minguinho?
Minguinho, seu vizinho, pai de todos, fura-bolo e mata-piolho.
Não tenho piolho dês de os dez anos de idade!
Que diferença isso faz? Que diferença eu faço? Entrei em crise de identidade!
É nessa hora que eu choro? Como é que as pessoas fazem para chorar?
Eu tenho cara de bunda. Na rodoviária me pediram dinheiro. Não tenho nem o meu! Como é que eu vou doar? É, vai doer.
Falei isso só por que doer e doar são palavras parecidas. Que merda! To numa seca filha da mãe há cinco meses.
Eu vou subir pela parede!
Alguém viu a novela das sete ontem? Detesto perder os capítulos.
Um dia eu publico todos os livros que eu já pensei em escrever. Ah! Eu penso muito. Dá uma preguiça...
Tô te deixando pagar a cerveja, mas eu não vou dar pra você. Só dou na hora que eu quiser. Vou me vender por um copo sujo de boteco?
Adoro boteco! Desce logo se não a gente vai se atrasar!
Aí ele chegou sem avisar e me lascou um beijo de cinema. Desmanchei depois.
Qual a capital do Acre? Juro que decorei na terceira série. Mas já faz tanto tempo que eu já nem me lembro mais...
Eu era péssima pulando elástico.
Morro de medo de escuro.
Dá pra calar essa boca?
Ta zunindo... Zunindo... Zunindo... eu não gosto de barulho. Tem um pé na minha cabeça.
Um poço, um dente.
Caí.
Mãe! Me salva.
As blusas daquela promoção eram tão feias que eu nem comprei nenhuma. Não quero mais!
Deu uma vontade daquele uísque que eu tomei com você. Deu uma saudade e vontade do que veio depois.
É. Meu amor é grátis. Grátis é diferente de platônico. Não procuro realizar em pensamento. Eu só amo.
Veio na cabeça a musiquinha que toca quando a dona Florinda encontra o professor Girafales.
Duas coca-colas bem geladas, pra viagem.
(Som de despertador)
Gregório de Mattos embola a cabeça. Elis Regina canta falando de paixão. Isso não é artigo, conto, poema, romance, novela ou drama. Acontece agora. É uma crônica então? Não sei direito as regras desse jogo. Escrevo por escrever, para que me ouçam.
Vou matar o tempo. Ele não passa e eu não morro. Vou matar a morte. Se ela estiver viva me leva. Mas não vou matar a vida. Ela, sim, tem sorte. Pra onde fica o norte? Esqueci a bússola na sopa de letrinhas fria na mesa de jantar.
O meu cachorro mordeu meu pé. Na minha calça tem uma mancha enorme de cloro. Não sai. Um dia eu aprendo a lavar roupa. Vou matar o cachorro. Hum... Hoje eu to tão serial killer.
É praxe.
Ai! Odeio barulho de caminhão. Trânsito é tão poluição, que nunca sei onde é contramão. A minha mão é direita. Eu nasci gauche. Sou tão interessante que num deboche te desmorono.
Me dá um cigarro?
Ai! Eu quero mijar.
Respira! Respira!
Esquento tanto com tão pouco. Ai! Perdi o chão. Um fósforo!
Cair na lama é tão desagradável. Me ensina a dançar tango? Eu nem sei mais fazer versos.
É um jogral sim! Amarelinha. A bola ta na área. Dei uma rasteira. É pênalti! A merda do goleiro defendeu. Sempre defende. Sou ruim de chute!
Vou ler o jornal pra imitar o Alvarito. Se eu fosse careca talvez...
Não me bate! Sou só uma flor. É. Delicada! Não me bate que se bate arde...
Mãe! Me dá dinheiro pra eu comprar um bombom na loja ali do lado?
Édipo não, por favor.
Os cachorros comem as mães e não é feio. A gente também abana o rabo, dá a pata, late e morde.
Pontada no pé. Chutei o cachorro. Não gosto de bicho!
Quero ir na Disney nos meus quinze anos! Oops! Passei sem perceber.
Mãe! Me leva pra Disney! Mãe! Me dá uma mão! Fudeu é pro seu colo que eu corro.
Ainda escrevo. Fudeu de vez. Ô mãe, se eu que sou mocinha, quero morder a boca de outra mocinha é só por que o cabelo dela me incomoda durante a aula? É tão cheiroso!
Saí de casa há mais de dois anos. Quebrei a cara, me fudi. Parte de mim ainda ficou lá. O todo, sem a parte, não é todo. Eu posso falar palavrão?
Tô tão confusa que eu já não quero nem saber se vai dar pé ou vão me censurar. Oops! Sempre fui fã do Paulo Ricardo.
Ai! Eu me divirto.
Tenho um amigo que só come baconzitos com coca-cola. É vício!
Que diferença faria se o Lula tivesse o dedo minguinho?
Minguinho, seu vizinho, pai de todos, fura-bolo e mata-piolho.
Não tenho piolho dês de os dez anos de idade!
Que diferença isso faz? Que diferença eu faço? Entrei em crise de identidade!
É nessa hora que eu choro? Como é que as pessoas fazem para chorar?
Eu tenho cara de bunda. Na rodoviária me pediram dinheiro. Não tenho nem o meu! Como é que eu vou doar? É, vai doer.
Falei isso só por que doer e doar são palavras parecidas. Que merda! To numa seca filha da mãe há cinco meses.
Eu vou subir pela parede!
Alguém viu a novela das sete ontem? Detesto perder os capítulos.
Um dia eu publico todos os livros que eu já pensei em escrever. Ah! Eu penso muito. Dá uma preguiça...
Tô te deixando pagar a cerveja, mas eu não vou dar pra você. Só dou na hora que eu quiser. Vou me vender por um copo sujo de boteco?
Adoro boteco! Desce logo se não a gente vai se atrasar!
Aí ele chegou sem avisar e me lascou um beijo de cinema. Desmanchei depois.
Qual a capital do Acre? Juro que decorei na terceira série. Mas já faz tanto tempo que eu já nem me lembro mais...
Eu era péssima pulando elástico.
Morro de medo de escuro.
Dá pra calar essa boca?
Ta zunindo... Zunindo... Zunindo... eu não gosto de barulho. Tem um pé na minha cabeça.
Um poço, um dente.
Caí.
Mãe! Me salva.
As blusas daquela promoção eram tão feias que eu nem comprei nenhuma. Não quero mais!
Deu uma vontade daquele uísque que eu tomei com você. Deu uma saudade e vontade do que veio depois.
É. Meu amor é grátis. Grátis é diferente de platônico. Não procuro realizar em pensamento. Eu só amo.
Veio na cabeça a musiquinha que toca quando a dona Florinda encontra o professor Girafales.
Duas coca-colas bem geladas, pra viagem.
(Som de despertador)
sexta-feira, setembro 22, 2006
Algo distorcido sobre paixão e ritmo
A paixão fica entalada. É uma coisa descostumosa. Ela incomoda. Eu gosto e não gosto dela e ela é intensa e eu quero vomitar a paixão. Gosto dela. Respirar é doído.
A paixão é quase sempre tão boa que dói. A gente tem medo dela não ser boa. Alguém que inspira paixão merece a paixão que a paixão é linda e pura. É mais que sorriso ou olhos ou sexo. É o arder e a cor das árvores. É o céu que muda e o tom das cores que fica intenso. Paixão é alucinante. Quero dissecá-la, quero mata-la, fazer picadinho dela. Comer cada pedacinho dela.quero um ciclo de paixão e restos e fome que eu já tenho.
As paixões se colam uma na outra e são únicas e umas e outras. São pessoas diferentes e situações diferentes. São paixões diferentes. São tempos e ventos e versos e choros e velas e pães e pernas que se misturam e desmisturam e cantam. Cada pedaço de sentimento canta e ele se mistura num fluxo de líquido borbulhante. A paixão é o tal côncavo silêncio que eu li da Viviane Mosé. Refluxos. Eco que não existe, mas deveria. Paixão é egocentrismo e eu sou egocêntrica. Paixão é narcisismo sim. a gente se apaixona pelo espelho ou pelo que completa. A gente se completa. Quer mais um pedaço, um ponto largo, quer um braço. Homem quer mãe, mulher quer filho. Quer e querendo fica. Não fica, pede. Não perde. Se perde e não ganha nada nunca. Essa busca incessante mantém a vida. É a essência da música. Eu quero música mais que paixão. Minha nova paixão que eu não entendo.
É hora de parar de racionalizar. Tempo de morangos sim. Eles com danete ficam bons. A Cecília continua desvairada à Flora Viguini. Paixão é seguir padrões de calçada em conjunto. Aquela dança infantil de “nós andamos iguais”. Tudo é muito infantil que a gente lê Freud sem entender. Tudo é sexo que a gente distorce o mundo pelo prazer. A culpa é toda da música que é minha e sua e dele e dela. Comer música e paixão eu quero. Quero cordas de violino com calda de piano. Quero instrumento de sopro pra desentalar: um choro de flauta. Talvez abrir mão da paixão. Sem música eu fico dura. Eu perco o doce. Eu edifico. Legal é desmoronar. Legal é reconstruir. Paixão é vício de fome que não cessa. Eu não cesso.
Vacilo.
A paixão é quase sempre tão boa que dói. A gente tem medo dela não ser boa. Alguém que inspira paixão merece a paixão que a paixão é linda e pura. É mais que sorriso ou olhos ou sexo. É o arder e a cor das árvores. É o céu que muda e o tom das cores que fica intenso. Paixão é alucinante. Quero dissecá-la, quero mata-la, fazer picadinho dela. Comer cada pedacinho dela.quero um ciclo de paixão e restos e fome que eu já tenho.
As paixões se colam uma na outra e são únicas e umas e outras. São pessoas diferentes e situações diferentes. São paixões diferentes. São tempos e ventos e versos e choros e velas e pães e pernas que se misturam e desmisturam e cantam. Cada pedaço de sentimento canta e ele se mistura num fluxo de líquido borbulhante. A paixão é o tal côncavo silêncio que eu li da Viviane Mosé. Refluxos. Eco que não existe, mas deveria. Paixão é egocentrismo e eu sou egocêntrica. Paixão é narcisismo sim. a gente se apaixona pelo espelho ou pelo que completa. A gente se completa. Quer mais um pedaço, um ponto largo, quer um braço. Homem quer mãe, mulher quer filho. Quer e querendo fica. Não fica, pede. Não perde. Se perde e não ganha nada nunca. Essa busca incessante mantém a vida. É a essência da música. Eu quero música mais que paixão. Minha nova paixão que eu não entendo.
É hora de parar de racionalizar. Tempo de morangos sim. Eles com danete ficam bons. A Cecília continua desvairada à Flora Viguini. Paixão é seguir padrões de calçada em conjunto. Aquela dança infantil de “nós andamos iguais”. Tudo é muito infantil que a gente lê Freud sem entender. Tudo é sexo que a gente distorce o mundo pelo prazer. A culpa é toda da música que é minha e sua e dele e dela. Comer música e paixão eu quero. Quero cordas de violino com calda de piano. Quero instrumento de sopro pra desentalar: um choro de flauta. Talvez abrir mão da paixão. Sem música eu fico dura. Eu perco o doce. Eu edifico. Legal é desmoronar. Legal é reconstruir. Paixão é vício de fome que não cessa. Eu não cesso.
Vacilo.
segunda-feira, setembro 18, 2006
Auto-retrato do blog.
Eu, etiqueta.
Em minha calça está grudado um nome,
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meus tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de idade.
Meu lenço,meu relógio,meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo,minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso,meu aquilo,
desde a cabeça até o bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordem de uso,abuso,reincidência,
costume,hábito,premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou,estou namoda.
É doce estar na moda,ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos logotipos de mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante,sentinte,solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar,ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer principalmente).
E nisto me comprazo,tiro glória
de minha anulação.
Não sou- vê lá- anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar,para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo está etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas indiossicrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
a cada gesto,cada olhar
cada vinco de roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado,sou tecido,
sou gravado de forma universal,
asio de estamparia,não de casa,
da vitrine me tiram,me recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo dos outros
objetos estáticos,tarifados.
Por me ostentar assim,tão orgulhoso
de ser não eu,mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem,
meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa,coisamente.
(Carlos Drummond de Andrade)
De:Flora
Para :Aline Dias
Em minha calça está grudado um nome,
que não é meu de batismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei
mas são comunicados a meus pés.
Meus tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de idade.
Meu lenço,meu relógio,meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo,minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso,meu aquilo,
desde a cabeça até o bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordem de uso,abuso,reincidência,
costume,hábito,premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou,estou namoda.
É doce estar na moda,ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas,
todos logotipos de mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
ser pensante,sentinte,solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar,ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer principalmente).
E nisto me comprazo,tiro glória
de minha anulação.
Não sou- vê lá- anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar,para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo está etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas indiossicrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
a cada gesto,cada olhar
cada vinco de roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado,sou tecido,
sou gravado de forma universal,
asio de estamparia,não de casa,
da vitrine me tiram,me recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo dos outros
objetos estáticos,tarifados.
Por me ostentar assim,tão orgulhoso
de ser não eu,mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem,
meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa,coisamente.
(Carlos Drummond de Andrade)
De:Flora
Para :Aline Dias
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