segunda-feira, outubro 24, 2011
ré
Eu não sei mais coisa quente. Semana que vem a gente troca de sangue. Eu não sei mais cheiro novo. Esse café é pé ou paladar?
Vixe Maria o que foi isso maquinista?
Fumaça cor de rosa que este mundo noite a dentro fica blue. Letra, depois letra, depois tempo, depois forma, depois letra.
Os braços pesam muito antes de escrever. Os dedos não deslizam mais. O sexo está desaprendido, preso – quase casto.
O ontem sustenta o talvez de amanhã. O ontem eu não sei há quanto tempo passou.
sexta-feira, outubro 14, 2011
depois da páscoa
Um amor grande desses que não cabem. Volta, mas eu não quero. Volta, mas acabou. Um amor desses que queima. Termina hoje. Volta. Termina hoje comigo. Foi ano passado que a gente tentou e ainda dói. Um amor desses que não termina.
Eu quero ontem amor novo. Eu quero amor novo amanhã e hoje.
Eu quero não chorar por amor que não acaba nunca, nunca.
Eu quero nunca mais esperar.
Porque parece que a vida toda, mesmo curta, foi ensaio. Porque parece que o peito todo não cabe a coisa grande que vem quando o nome é citado,
Porque parece que a academia serve pra estudá-lo e parece que eu sirvo só pra isso.
Parece que eu fui feita pra pensar em como seria se fosse alguma coisa.
Parece que eu doía se não fosse alguma coisa.
Eu fico doendo.
Eu fico longe.
Eu tenho, eu juro, outros carnavais.
quinta-feira, outubro 06, 2011
destroço
Tem certeza que não há pontas? Moeda esquecida, roupa perdida, toalha, livro, causa? Nenhum nó na coluna? Um não sem dizer?
Ontem eu não te vi, nem anteontem, nem semana passada. O adeus, dolorido que fosse, ficou facada certa, profunda, infinita. Definitivíssimo como se amanhã fosse coisa sem dúvida. Como se o ontem fosse sem reparos.
Nada, ninguém. Amor puro fantasma que nos passeia de leve.
Eu não sei mais insistir.
sexta-feira, setembro 30, 2011
Prancha
Nem o sarro. Eu não tenho o ritmo, Carlos. Desespero. Se fosse uma cor seria este marrom cor de madeira de violão. Quente. Se fosse cor seria quente, Carlos. Sossegue. Fingir que nada, Carlos. Nada. There is not an us. Can you understand?
Mil vezes seu nome pra ver se mancha. Marcha pra outras freguesias. Longe do meu litoral. Carlos longe, Carlos perto, Carlos arranha. Calos nos pés esperando por massagem. Amor?
Comé que pode jogar palavra assim do nada ao vento. Sem medo de que? De mim tem que ter, Carlos, que eu sou coisa dura de agüentar. Nem o sarro, Carlos. Você que tem as mãos maiores que as minhas costas que nos ombros quase chegam no peito. As mãos, Carlos. Quantos calos têm?
Nem o sarro, Carlos. Nem o beijo.
Amor? Nem no baço.
sábado, setembro 10, 2011
cloro
Vou arrumar mais oito braços pra nadar no mar. O amor antes do grande amor é amor? Há algo mais terrível que o não sei?
O corpo, sim. Prender respiração embaixo d’água e não morrer. Nadar. O corpo, sim, em si, mistério. Arrepios por segundo.
O amor antes do medo é puro?
Amor sem sol. Amor sem morte. Amor sem peso. Paixão? O corpo não diz. Grita. Os cabelos ocultam a verdade.
Can you understand a no?
segunda-feira, agosto 29, 2011
textinho que eu acho que escrevo
Ganhei olhos pesados de saudade, ombros duros de falta. Mãos vazias.
Me ama só um pouquinho, desviei a concordância. Fiquei sendo terceira e segunda pessoa. Você e tu ao mesmo tempo um só ele. Ele vem me confundindo. Mudei de língua. Don’t live me alone.
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quarta-feira, julho 13, 2011
18h
domingo, julho 03, 2011
sexta-feira, junho 24, 2011
"Tereza, você parece uma lagarta listrada"
- Dois instantes de quantos segundos?
- Já foi. Era o tempo de passar um recado.
- Três segundos cada instante.
- Podia cada instante com você ter tempo elástico, sabia? Aqueles tempos de série de ficção científica. Passam 20 anos que cabem em três dias.
- hum...
- Aí depois o mês que eu fico longe fica tendo o tempo que tem mesmo. Nem devagar, nem rápido. E o tempo que a gente tem junto fica sendo maior.
- Massa!
- Isso até o tempo da gente junto ser o tempo todo. Aí a velocidade que for pra ser, que seja.
- Velocidade quatro.
- Da dança do créu?
- Yep
(sem ponto final)
terça-feira, junho 14, 2011
labuta
quarta-feira, junho 01, 2011
Sessão noturna
- Perde este tempo escrevendo não, moça. Cuide das olheiras e deixe de ser tão monótona. Se meu trabalho respeitasse fuso horário e me desse período sem clientes, aprenderia a tocar violão. Ao menos teria controle dos dedos que é coisa que você devia caçar tempo de ter.
- Monótona, eu?
Lesão por Esforço Repetitivo.
quarta-feira, maio 25, 2011
estoque
Não tenho nenhuma carta de amor para escrever. Em camadas, guardo saudades diárias. Saudade de carinho fica nos pés, saudade de abraço fica no estômago, de massagem, nos ombros, de colo, no peito. As outras saudades vão se espalhando em cantos devidos do corpo e os meus pedaços ficam me cobrando a dívida.
Aí eu acumulo espalhada de saudade que só vaza quando morta.
segunda-feira, maio 09, 2011
poeminha submisso
parece que o mundo acaba.
Eu fico toda entalada.
Pareço até mulherzinha,
c'oas tripa cortada a navalha.
sábado, maio 07, 2011
sábado, abril 23, 2011
Sobre as primaveras
Minha avó disse que meu avô ainda achava os peitos dela bonitos mesmo depois de estarem caídos e envelhecidos de amamentação e tempo. A Nice e o Fróis ainda se chamam de amor e dão abracinhos e beijinhos e, na verdade, juntos parecem dois adolescentes. Ela se enfeita pra ele, ele fica grande perto dela. Os dois tem mais de vinte anos juntos.
Com você, eu não quero nada além disso: tempo pra ver direito todos os defeitos e as qualidades e ainda assim lembrar de volta e meia fazer ternurinhas.
domingo, abril 03, 2011
Junto
E quando eu digo que sinto saudades, é porque ela é grande o suficiente pra ter que saltar da língua.
E se eu disser que te amo, é por que isso não cabe em mim e eu tenho que fazer vazar um pouquinho pra não sufocar.
Era pra você a música, a cara, a ausência de beijo, a vontade de grito. Era pra você entender que o desejo vem da falta e você falta demais aqui.
Eu te assalto quando complico?
quinta-feira, março 17, 2011
inominável
Voltei no tempo.
Expectativas e coração batendo. Quis sabê-lo como há muito tempo não queria nada. Não comê-lo, não, como é de praxe. Sabê-lo cada canto de sobrancelha, descobrir de onde vêm os olhos, entender o ritmo das mãos. Tocar todas as notas do corpo e sugar todas as frases do mundo.
Quis mais ainda que ele me quisesse saber.
Também, se o óbvio passou, qualquer coisa passa. Quero mergulhar de cabeça, agora. Queimar e pronto, inteira, junto. Descobrir a beira das coisas. Vê-lo se sendo e me contando que dor e delícia se faz no meio.
E me doer. E dividir.
quarta-feira, março 02, 2011
um, dois, três
Feijão e sonho. Assim vive o homem.
Como é que a gente compõe mulher? Eu sei que a culpa tem que ser minha. Eu nasci com a rachadura e tudo o que ela implica.
Apesar disso, quero inventar um filme e muito choro, amores. Amor.
Vou dizer eu te amo todos os dias inundada de coisa bonita – sem ser banal.
Você brinca de pique comigo e me põe pra dormir?
sexta-feira, fevereiro 25, 2011
Dueto (de mãos com meias)
Eu não sei explodir. Se fosse outra data quem sabe bolo bastava?
Fumaça pra todos os lados. Chocolate. Cafeína.
Tentar com açúcar refinado preencher os buracos absurdos de solidão. Eu não sei implorar.
Se fosse outra casa quem sabe desprendimento.
Nada.
Consta nos signos, nas bulas, nos dogmas.
Não vai passar.
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
Panfleto do escritório da maior empresa resolvedora de problemas pessoais do mundo.
Fatalistas que somos, ligamos bolo a veneno.
Pequena morte não queremos neste mês.
Trabalhamos de mau-humor. Lindos, penteados e de mau-humor. Ostentamos olheiras laborais e temos lesão por esforço repetitivo.
Final feliz, também fazemos. Tudo muito calculado e racional.
Só não sabemos falar direito. Vendemos texto. Afeto mecânico. O seu trabalho de escola em revisões nada precipitadas.
Tiramos cartas.
Serás amor?
Trabalhamos contra o tombo.