segunda-feira, março 24, 2008
Devaneio
Deve ser divertido em algum lugar do planeta.
Eu, no entanto, não me chateio, queria mesmo era estar no cinema.
quinta-feira, março 20, 2008
segunda-feira, março 17, 2008
Feminices
Uma não gostava da outra. Tinham um caso em comum e se suportavam por política e feminismo. Não podiam admitir que homem fosse motivo de discórdia. Ainda mais um homem baixo feito ele, menor que as duas. Elas não sabiam de onde vinha o imã que ele tinha e se viam no espelho quando se encontravam. Ainda assim, não gostavam de se ver e de saber que ele estava com a outra.
E isso durou até elas sentarem uma do lado da outra e começarem a falar quanto prazer tinham sob a pele quente dele. Como ele gemia e como mordia e como gostava. Discutiram tempos sem chegar a qualquer conclusão e o viram passando com uma terceira.
A terceira não tinha nada do físico das duas, nem nada da personalidade. Parecia oca e sem egocentrismo, chata e mole. Parecia flácida e mulher não perdoa flacidez alheia.
A terceira parecia traição e as duas inflaram as narinas pra brincar de raiva. Não sabiam quão grandes eram e nem queriam tomar forma. Uma não gostava da outra, mas engolia por que as duas eram bonitas e instigantes, mesmo uma para a outra. Todos os defeitos que uma via na outra eram inventados e as duas tinham se acostumado a partilhar. Eram iguais.
A terceira não podia, explodia e era mole. Mulher mole nenhuma das duas agüentaria. Politicamente, então, as duas se juntaram e fizeram uma festa em que ele não sabia que ia encontrar nenhuma, mas não poderia perder.
Começo foi simples, ele dançou e bebeu. O fim foi complicado. Ele tinha que se ajoelhar ante o deus de marfim pra vomitar, mas já tinha ingerido mais laxante do que qualquer pessoa normal agüentaria.
domingo, março 16, 2008
Carta ao Blogger
Senhor Blogger, querido, o wordpress tem me feito propostas indecentes e tentadoríssimas. Se eu soubesse como passar esse lindo layout rosa-pink-berrante-céquici para o wordpress, mudava logo. No entanto, o seu provedorzinho tem sido minha casa há mais de ano e eu até aprendi a botar contador em janeiro. Ó que bonitinho ali do lado!
Senhor Blogger, eu fico. Eu fico e eu sei que você não vai fazer nada pra que eu continue e nem faz questão da minha presença! EU SEI DE TODA A FARSA! Eu divulgo seu nome naquela comunidade do orkut. E divulgo em cada comentário. Divulgo no meu MSN! E me diga: PRA QUE? À troco de que?
Senhor Blogger, nenhum raio de imagem eu consigo postar. Só vídeo. Nenhum link eu consigo botar, só vídeo. Não vai ler esse meu apelo, que eu sei. Mas saiba que há mais blogueiros insatisfeitos e nós podemos nos unir, te jogar no expresso do oriente e depois iremos direto para o Wordpress. Muahahahahaha!!
terça-feira, março 11, 2008
Vem!
Depois a gente pode caminhar na praia e dizer coisas idiotas um para o outro. Teríamos um mundo nosso e faríamos séries e séries de besteiras lindas.
Deixa de besteira que a lua está bonita e o céu parece ter sido bordado pra nos emoldurar.
sábado, março 08, 2008
Sobre escrita
Gosto das coisas quando dançam de leve ou pesado.
Gpsto das palavras quando dançam saindo da boca ou da mão.
Gosto de tudo que voa. Palavras que voam.
Gosto de palavras moles e fáceis, ritmos moles e fáceis.
Palavras e ritmos que façam dançar automaticamente, gramaticalmente, infinitamente.
Quero todas as palavras do mundo batidas no liquidificador e formando solos de guitarra.
Gosto quando as palavras me lambem as orelhas e me molham
E quando escorrem
segunda-feira, março 03, 2008
French kiss
Naquela tarde, no entanto, alguma coisa fez a casa dela tomar cores diferentes. O cheiro dele invadia o lugar e todos os seus poros. O cheiro dele a dominava por completo e ela não sabia por que. Então ela tentou ser profissional e botou as mãos dele nos seus seios. Não era o que ele queria.
Ele se aproximava ameaçadoramente da boca dela e ela desviava. Pensava que pra isso devia haver mais. O contato entre bocas é mais íntimo que todos os outros. Se ele encostasse nas suas nádegas ela não se ofenderia nem fugiria.
Ela sabia que havia algo estranho na quantidade exagerada de perfume e sabia que tinha vontade de experimentar um beijo na boca simples e casto. Não era simples. Não era casto. Era vulgar e vil e pesado e ela não queria de forma alguma ter que encarar nenhuma boca que não fosse amor. Não podia ser nem paixão. Tinha que ser bonito e mágico e vir acompanhado de flores, danças e estrelas pintadas no céu pra tornar mais bonita a cena.
Ele continuava insistindo e ela o expulsou. Mais um cliente sem beijo depois.
E ele voltou com mais perfume e mais dinheiro e até perguntou-lhe o nome de verdade. Conversaram tardes inteiras com ele pagando o sexo que não queria e o vinho que gostava.
Talvez ela o amasse, talvez não. Mas no dia em que resolveu beijá-lo não cobrou a hora e cancelou todos os outros clientes. Beijou-o um dia inteiro sem nenhum vinho e quase sem mãos.
sábado, março 01, 2008
Perséfone
Gingado mole, olheiras e egoísmo superior a egoísmos leoninos. Ela se via rodar, então. Se via sem lugar e sem drogas que a satisfizessem. O que ela era e o que tinha era o gingado e as olheiras. O que ela tinha era o mistério que as olheiras davam, a curiosidade que o gingado provocava.
Não. Ela não tinha lugar. Continuaria pra sempre a rodar. Peso enorme no peito. Maior do que se espera no peito de qualquer mulher sem filhos.
terça-feira, fevereiro 26, 2008
Conto de fadas
- Casa comigo?
- Tá com algum problema?
- Não, na verdade eu tenho pensado nisso há muito. Casa comigo e a gente passa a ter dois violões e uma casa e muitas pipocas.
- Não me parece certo.
- Sim, na verdade eu já quero há muito tempo, mas eu sou menina e não devia pedir por que é o homem que tem que ficar de joelhos. Mamãe que ensinou. Mas casa comigo e destrava que nem eu destravei quando senti seu cheiro?
- Pense bem, vamos estragar tudo.
- Não acho. Quero casar fugido e sem chamar ninguém. Vamos? A gente pode ter um sonho romântico de outono e inverno e primavera e verão e pular de problema em problema. A gente pode brigar um monte de vezes e depois dormir na mesma cama abraçado e de pazes feitas.
- Não pode ser simples assim, menina.
- Ah! Vamos! Deixe de ser bobo que casado a gente pode sempre brincar de roda e você pode me trazer flores. E eu nunca mais vou doer por homem nenhum que só você vai valer pra sempre até a morte ou mais.
No rosto dele então fez-se um sorriso por que ele se lembrava que sempre pensou que Romeu e Julieta deviam se encontrar depois em algum lugar. E tudo parecia tão simples quanto a simetria do rosto dela. Tudo parecia tão bonito quanto ela. Ele de sério e frio e travado foi ficando mole. Aí ela percebeu e pulou em cima dele num abraço e beijo de menina que é mulher.
E a fada madrinha providenciou muitas cenas de contos de fadas e brigas de romances adultos. Por que era assim que a mocinha pensava o final feliz.
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Capitu
à Rayane almeida
Foi num dia como hoje que nasceu meu italiano. Um dia em que eu não tinha nada
pra escrever, mas aquela vontade enorme. O italiano não é um personagem meu. Me
encomendaram e ele tomou forma, até se tornar meu. E foi bom, por que ele é
grande e sórdido e nojento. Eu gosto de personagens que as pessoas me mandam
escrever. Por não ter nada que venha de mim, pego então o que vem de fora.
Comecemos:
Se Nabokov a tivesse visto, sua Lolita não seria ruiva nem sardenta. Teria pele branca rosada e lisa, rodeada de cabelos muito pretos e enfeitada por uma boca naturalmente rosada. Seria também magra e pequena, com a voz um pouco arrastada e um sotaque forte de quem se criou na roça. Seria brasileira e teria gingado de funk.
É uma pena, mas Nabokov nunca a viu. Morreu antes que ela desabrochasse e nem pode saber que ela desabrocha novamente a cada dia com sorrisos e teorias maléficas sobre conquista e dominação mundial.
Raio de Sol, como a chamam, poderia muito bem ser estrela de seriado adolescente americano e encareceria o orçamento com exigências monstruosas e muito justas. Contaria a história de sua própria vida com trilha sonora interessantíssima de quem tem um bom e eclético gosto musical. Por que Raio é daquelas que anda como se ouvisse Pretty Woman e sorri como se fosse Adriana Calcanhoto cantando. Então haveria Judy Garland over the rainbow, pra poder tornar bem bonita a trilha toda.
É que Raio tem cara de Dorothy, bate os sapatos e precisa achar um lugar. Dorothy e lolita ao mesmo tempo, mas sonhando ser Cinderella.
Fica assim, então, pra dizer que ela já foi inventada e é boa personagem sim. Menina feito Dorothy, atraente e mimada feito Lolita, princesa feito Cinderella e dona dos mesmos olhos de cigana oblíqua e dissimulada de Capitu.
Bento e Capitolina escrito no muro de trás da casa e olhos grandes de ressaca.
quarta-feira, fevereiro 20, 2008
A breguice nossa de cada dia
Agora ouço Paulo Ricardo, por que ele diz que há uma voz que diz pra pular de olhos fechados, que diz pra eu pular de olhos fechados. E não tem coisa mais brega que Paulo Ricardo gemendo sobre fugir e se permitir a ouvir a voz desse desconhecido: o amor. Então é a minha vez de ser brega. É a minha vez de sorrir.
Todos os dias têm sido a minha vez de sorrir. E todos os dias têm sido lindos e coloridos por toda essa breguice que me anima e me faz ouvir Paulo Ricardo, Wando, Celine Dion e Sinatra. ‘Cause i’m your lady and you are my man. E pense em Rosana também, por que como uma deusa você me mantém.
E eu preciso dizer que cada dia tem sido mais doce e mais bonito. Cada sorriso tem sido mais sincero e o Paulo Ricardo continua sendo muito estranho quando geme dando seu olhar quarenta e três, aquele assim meio de lado já saindo indo embora louco por você, princesa. Que desperdício!
Por que por mais brega e pedreiro que qualquer homem seja, sempre há Paulo Ricardo para ser um pouco mais.
E eu gosto de você tanto quanto ou mais do que todas as mocinhas da década de oitenta gostavam do Paulo Ricardo.
E que bom que você me agüenta e eu te agüento. Que nos agüentemos por mais muitos meses!
Por fim, não podia faltar Wando! O que seria de nós sem o Wando?!
segunda-feira, fevereiro 18, 2008
Anúncio de toco
Não me amarro em dinheiro não, beleza pura. Só formozura. Avisa pro filho da dona Maria que teria dado certo se ele tivesse pintado o céu de cores distintas e brilhantes. Avisa pra dona Maria que o bebê dela cresceu sórdido e bonito, mas peça que ela o coloque no colo e acalente, por que ele anda carente e vazio. Avisa pra dona Maria que o filho dela não vai me esquecer, mas eu não sou culpada.
Avisem, por favor, que eu tenho classe. Também avisem ao filho da dona Maria que ele não sabe dançar, por que ele pode tentar e vai ser constrangedor. Avisem-no que ele não sabe abrir os braços e fechar os olhos pra voar. Avisem pra dona Maria que se ele voar pode ser bom. Avisem pra dona Maria que ela tem que cobri-lo à noite e ajudá-lo a enfrentar os medos. O filho da dona Maria anda moleque demais pra quem já cresceu. Avisa pra dona Maria que o abraço do filho dela é gostoso apesar de tudo e que a secura dele é boa pra fazer gente crescer. Mas avisem que ele anda sendo baixo como não precisava. E fala pra dona Maria fazer sopinha e mandá-lo ao médico. Conta pra ela da máscara que ele usa quando sai de casa. Conta que ele é só um menino com frio e assustado com tudo. Manda a dona Maria dar um susto nele pra ver se ele cresce. Manda a dona Maria cuidar dele por que eu não vou mais. Avisa pra dona Maria que o filho dela ainda vai valer à pena pra alguém, mas anda fumando mais de um maço de cigarros por dia.
Avisa pra Maria que o filho dela precisa de pai pra entender que a mãe não é a mulher perfeita não. Por que enquanto a dona Maria for perfeita todas as mulheres do mundo vão ser apenas seres pra quem é imoral dizer não. Avisa pro filho da dona Maria que se for assim ele pode adoecer.
Avisa pro filho da dona Maria que ele vai continuar vazio e o buraco novo fui eu quem cavei. Avisa pra ele que eu fui em outra direção. Dá um abraço nele e faz ele entender.
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
Créu créu créu
A verdade é que todas as músicas que me lembravam as pessoas de antes já não tem o mesmo efeito. O asco da foto e a epilepsia não aparecem quando ouço “All Star”. As músicas não estão mais do mesmo jeito. Me toca ouvir “As time goes by”, por que é tema de Casablanca e nós sempre teremos Paris. De resto, as músicas que me faziam chorar pouco me importam. Ficaram apenas as músicas que dão vontade de tentar valsar e acabar pisando no pé do companheiro. Sempre o mesmo companheiro. Sempre os mesmos dois pés pisoteados por uma dançarina medíocre que só sabe mexer os quadris.Então o funk passa a ter efeito superior ao de fotos e ascos e músicas mais melodiosas. Por que todos os funks do mundo me fazem sorrir, já que me lembram sempre a mesmíssima pessoa (que por si já vale muitos sorrisos).
quinta-feira, fevereiro 14, 2008
Excelentíssimo senhor leitor,
- Eles tem que ler, Aline, se não, não adianta.
E a verdade é que as pessoas acabam mesmo tendo medo de coisas com mais de três parágrafos corridos. É aterrorizante e pode ser chato. Pequenos apenas podem ser chatos, não dão tanto medo assim.
Mamãe me ensinou muitas coisas, como fazer brigadeiro e usar brinco e gostar de dourado e lavar as mãos com todo o cuidado do mundo.
Então eu termino pra você não ter medo de continuar lendo e deixo espaço pra você sentir toda a doçura que tem esse amor de mãe que faz ofício.
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
Trilha
“Pornografia é transgressão, libertação. É o sexo sem
vergonha de si mesmo, que se despe da cínica túnica do erotismo para expor o que
de mais humano existe nas relações amorosas.”Trecho retirado do Blog do Grijó
Então ele ligou o som, se perfumou e esperou que ela viesse acesa e dele. Dizia que ela era um vulcão e devia ser mesmo. Ela parecia gostar de fazer tudo o que fazia com as mãos e a boca. Ela mordia a própria boca e gemia alto, sempre. Por que os dois tinham corpos que combinavam e cheiros que atraiam. Ele a via querendo meter-se e meter-lhe a mão em todos os lugares. Ela o via sem qualquer pudor.
“But that’s why birds do it,Bees do it,
Even educated fleas do it,
Let’s do it, let’s fall in love.”
Ele olhava de canto de olho a saia dela que sempre passava balançando. Ele gostava da saia dela e de mais. Ela nem via, mas ele queria a moça que passava, bem como a saia no chão do quarto.
“You're so lovely, with your smile so warmAnd your cheeks so soft
There is nothing for me but to love you
And the way you look tonight”
Então ela perguntou o que ele achava do vestido e ele engoliu seco. Ela não entendeu absolutamente nada, mas ele não podia escancarar que aquele vestido servia apenas para que ele se interessasse pelo que havia embaixo do vestido.
“Love for saleappetizing young love for sale
love thats fresh and still unspoiled
love thats only slightly soiled
love for sale”
Na verdade, ela era pura. Em todos esses anos de puta ela sempre se assustava com os nomes feios e as taras esquisitas. Queria flores e sapatinho de cristal. Nem sabia de onde eles tiravam aquilo tudo, então ficava quieta. Talvez as esposas fossem mais depravadas.
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
Flor
A flor chorava que dava pena. Mas eu entendia o grito da flor. Entendia que ela era menina e ainda não sabia usar o veneno que tinha no néctar. Aí esguichava meio sem norte e meio sem noção.
Mas a flor vai desabrochar e ganhar forma. A flor vai dominar o veneno pra ser eterna. Vai se despetalar e se recompor muitas vezes.
A flor vai continuar chovendo e eu vou regá-la, que eu agora gosto dela e da sua fúria de flor.
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
Ana C.
Na verdade estou seca por que melosa demais pra escancarar. Na verdade estou seca por que preciso de um abraço.
Do you believe in poetry?
Chicago
Mais um ou dois passos de dança e quem sabe eu me embriague só de suor!
Parece bom pra mim.
Repito sempre a mesma frase pra ser original.
Não é uma gracinha?
All that jazz. All That jazz.
Eu não sabia que era Liza Minelli e nem que ela era filha da Judy Garland.
Tão gracinha ela tomando o palco inteiro!
Talvez me falte palco.
Talvez exceda aplauso.
Quero gozo, meu bem.
Quero ouro, neném.
terça-feira, janeiro 29, 2008
Suspiro

As mãos se encaixam e os carinhos combinam. E sem perceber nós andamos no mesmo ritmo de passos – o que faz pensar que daremos uma boa dupla pra dançar tango.
Precisamos apenas estar abraçados e ele comenta que eu respiro fundo quando durmo no cinema. Eu respiro fundo quando durmo e me encaixo perfeitamente nos seus ombros.
Disseram uma história de a gente se apaixonar e tudo ficar de uma cor diferente. Talvez isso acompanhe o riso bobo e as músicas que começam a ter mais sentido do que antes. Também entendo a graça que tem os mocinhos da novela, quando eu sempre preferi os vilões.
É vez de ser mocinha sem reclamar. Rir e suspirar.
segunda-feira, janeiro 28, 2008
Mariana XXI
Aí eu quis que ela me contasse tudo tim tim por tim tim.
O problema é que ela vomitava acontecimento atrás de acontecimento e eu me senti meio perdida naquela narrativa meio poema que ela disse ter virado comédia romântica americana.
Disse que a confusão teve fim.
Disse que daquela noite de ciúmes ela foi pra Bahia e as coisas foram se ajeitando confortavelmente. Ainda aqui, ela pôs um fim no caso óbvio.
Os dois riram e reconheceram que o lance tinha sido óbvio, mas turbilhão demais que Mariana já não merecia. Então faltavam o sonho e a flor.
Ela disse “que bom”, quando o cara que ela não consegue adjetivar disse que já não havia outra moça.
Ele disse “que bom” quando ela disse que o óbvio já não existia.
Ele disse que ainda tinha que falar “que bom” mais duas vezes - por que Mariana fora honesta desde o princípio e achava que era assim que devia ser.
Ela riu.
Mariana me confessou que gosta muito das risadas e dessa sensação nova de tranqüilidade e carinho que lhe faz bem para a pele.
Mas ainda havia sonho e flor.
Com a flor ela não falaria. As pétalas ficariam ali, cheiravam bem e não incomodavam. Não havia de ser paixão. A flor era só flor.
Aí ela foi pra Bahia e encontrou o sonho.
Ele tinha medo de Mariana querê-lo pra sempre.
Foi aí que ela riu e explicou que seria a última vez.
E foi bonito como tinha que ser. Teve cara de novela e filme, com trilha sonora perfeita e tudo o mais. Mesmo Mariana sabendo que de forma alguma daria seu coração, faria aquilo real, nem esqueceria. Foi Smooth. Por que ela não queria que o sonho lhe desse um amor de cinema em que não lhe faltasse carinho, plano nem assunto ao longo do dia. Nenhum dos dois queria largar nada um pelo outro.
E Mariana me disse que chorou no fim da noite, por que doeu mesmo por fim ao sonho.
Foi então avisar ao cara que ela não adjetiva. E dizer que era ele que ela queria para si.
Aí ele disse dois “que bom”.
Aí o cara que Mariana não adjetiva foi para a Bahia e os dois se encontraram, se abraçaram, riram juntos e foi tranqüilo e agitado como deve ser.
Por que ela me disse que é ele que ela quer pra si.
Ela me disse que ele tem olhos lindos e sinceros, como ela bem gosta de ver.
E eles cuidam um do outro.
E no fim,
It's still the same old story
A fight for love and glory
Acho que Mariana sossegou num galho só.