domingo, outubro 26, 2008

Passado

O vi de longe, tinha quase certeza que ele também tinha me visto. Não me cumprimentou e eu passei direto pensando que ele estava diferente.
Os olhos azuis mantinham-se, mas havia uma barba espessa e uma barriga que não faziam parte daquele corpo quando cada detalhe nele me fazia palpitar.
Saí despreocupada e sentei no ponto de ônibus pensando que voltar para casa tinha essas consequências desagradáveis.
Talvez, tendo me visto, ele tenha ficado tão decepcionado quanto eu. Não havia mais cabelos longos e nem a magreza que me fazia única.
Haviam caixos curtos e maquiagem borrada de uma semana seguida de festas. Era ele quem ia pras festas e a cara estava descansada.
Então ele passou novamente e fez questão de me beijar no rosto.
Não tinha mais nada. Nem calafrios nem gotas de suor.

4 comentários:

Enzo Mayer Tessarolo disse...

você é poeta agora? eheh ;)

Rafael Abreu: disse...

Parece que não foi você quem escreveu esse texto(não no sentido de que seja plágio - mas no sentido de que esse texto, no meio da sua produção, é um texto-raridade, que se afasta do seu estilo mais corrente.
Ficou bom.

Darshany L. disse...

"Saí despreocupada e sentei no ponto de ônibus pensando que voltar para casa tinha essas consequências desagradáveis"

total eu quando vejo o M (meu ex, e não o moura ¬¬)

bia de barros disse...

Desencantar o mundo é tão parecido com o que chamam de 'amadurecer'...
Preciso do seu realismo romântico. Cada dia mais.
*;