Olheiras enormes. Maiores do que se espera num rosto de mulher. Havia também alguma coisa no jeito de andar que não parecia simples, nem torto. Ela andava mole e preso ao mesmo tempo, gingado depressivo e lacônico. Olheiras grandes que não faziam o rosto ficar feio de forma alguma. Havia certa beleza nas sardas e na palidez ultrarromântica. E sim, o mal do século era ela que usava saias. Por que qualquer mal do mundo nela era mais intenso e só ela importava.
Gingado mole, olheiras e egoísmo superior a egoísmos leoninos. Ela se via rodar, então. Se via sem lugar e sem drogas que a satisfizessem. O que ela era e o que tinha era o gingado e as olheiras. O que ela tinha era o mistério que as olheiras davam, a curiosidade que o gingado provocava.
Não. Ela não tinha lugar. Continuaria pra sempre a rodar. Peso enorme no peito. Maior do que se espera no peito de qualquer mulher sem filhos.
Um comentário:
Acho que o texto pode ser para várias pessoas, mas o fim dele me deixa com uma única suspeita em mente.
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