Ai coração, hoje não. Eu vi _ eu vi _ que cada canto tem um
nome, que cada esquina uma lembrança, que cada acorde um sopro. Sem acordo,
coração. Hoje não.
Sem paradeiro, sem para-raio, sem compromisso, sem dança,
sem ele também. Entendi, cada esquina um suspiro, cada moço novo um risco, no
olho dele um estribilho e eu aqui depenada.
De nada, coração. Outro moço nunca vem, mas aparece. Tem aquele
que enrola, e aquele que nunca quer, mas quer, coração. Eu que não quero coração.
Só vocativo, coração, me deixe.
Eu vi que na árvore da praça e no banco ele ainda habita, e
eu sobressalto sem tempero pra carne, suada, sem nada, e que o outro balança,
anda reto, nem olha, e que o que diz que não quer fica ali ajuda corre abraça
pega na mão.
Eu não sei, coração. Eu nem quero coração.